Developer: Flavourworks
Plataforma: Playstation 4
Data de Lançamento: 19 de agosto de 2019

Erica é nada mais nada menos que um filme interativo onde as nossas escolhas vão afetar o rumo dos acontecimentos. É um “jogo” PlayLink que podemos jogar com o nosso telemóvel ou com o touchpad do Dualshock 4. Erica aponta armas a um futuro cinematográfico misturado com quem gosta de explorar narrativas alternativas

Quando joguei veio me à cabeça jogos de escolhas como Heavy Rain, Detroit: Become Human, Until Dawn ou Life Is Strange. Mas também está ali um pouco de Black Mirror: Bandersnatch, o filme interativo que está na Netflix. Erica é a mistura dos dois e embora não seja tão complexo nos comandos como os “jogos”, também não é tão superficial nas escolhas como em Bandersnatch.

A seu favor tem claramente o facto de ter sido o primeiro exclusivo Playstation 4 a fazer algo dentro deste género. Utilizam imagens reais, o chamado full-motion video (FMV) em vez de algo gráfico em 3D. A ação é real e isso coloca-nos mais dentro de tudo o que acontece no filme. A protagonista Holly Earl faz um papel incrível, ela que não foi a primeira escolha para fazer de Erica, mas em boa hora assim aconteceu.

Erica é uma jovem que vive atormentada pelo assassinato do seu pai. Antes também já a sua mãe tinha sido morta, pelo menos é isso que lhe contam no início. Mais não posso dizer para não estragar a festa. Em relação ao assassinato do seu pai começam a surgir novas pistas e através de sonhos e de alguns acontecimentos da sua infância menos boa, vão se desvendando algumas imagens que nos podem fazer chegar ao assassino. Ou será tudo uma farsa? Cabe-nos a nós descobrir a verdade. E que verdade. Vão ter de acreditar em algumas personagens e seguir esses caminhos. Ler as reações dos atores e até ir pelo vosso instinto. Pelo menos foi assim que eu fiz e até acho que criei uma boa história. Sim porque em Erica fazemos um bocado o papel de criador do enredo e podemos decidir o que acontece a alguns personagens. Essas ações claro que têm consequências no resto da história. É isso que nos leva a ter finais diferentes e destinos diferentes para cada pessoa.

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A experiência de Erica é única. Em conversa com um amigo meu percebi que tinha jogado quase um jogo diferente do dele. Personagens que matei ou situações que descobri que na história dele não aconteceram. Bem como o contrário. Vão sentir-se tentados a jogar Erica mais do que uma vez. Também não demora mais do que 120 minutos no máximo, afinal estamos a falar de um filme. Outro ponto a favor é o preço. Por 9,99€ é pelo menos tentador e quase obrigatório experimentar este thriller interativo.

Quanto à jogabilidade, embora seja relativamente simples, os movimentos são muitas vezes idênticos e limitados. Abrir malas, caixas e gavetas, sempre com o mesmo movimento, acender o isqueiro e escolher caminhos ou frases no ecrã são basicamente tudo o que vamos ter de fazer. Podiam ter feito algo mais, pelo menos naquelas alturas em que temos de correr para fugir de alguma coisa ou de alguém. Uma combinação de botões ou de movimentos podia trazer mais alguma coisa a esta experiência. 

Uma produção Hollywoodesca onde não falta uma excelente banda sonora a acompanhar com atores que levaram Erica muito a sério. Cenários bastante convincentes e um trabalho de iluminação e fotografia de fazer inveja a alguns filmes ditos filmes. Se me perguntarem filme ou jogo? Diria que é um jogo, dentro de um filme que nos prende à medida que avançamos na história. Esqueçam as pipocas porque não vão ter tempo para tirar as mãos do comando ou do smartphone devido às ações constantes que nos são pedidas. Mas podem fazer o exercício de jogar com alguém ao lado a ver a história e depois trocar de lugar. Em vez de um, vão ter dois, três, quatro filmes diferentes. Dentro da mesma narrativa, mas onde nada é linear.

Erica deu um passo em frente na indústria. Pela inovação, pelo preço e pela jovem Holly Earl é mais do que merecido ser jogado por quem tem Playstation 4. E se jogarem uma vez, provavelmente vão querer jogar uma segunda. Falha na pouca diversidade de movimentos, mas a diversão está garantida.

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Élio Salsinha
Aprendeu a jogar ao Pedra, Papel, Tesoura com o Alex Kidd e a contar até 100 com o Sonic. Substituiu a Liga da Malásia pela Liga Portuguesa no Fifa 98 e percebeu que havia jogos melhores que filmes com o Metal Gear Solid.
analise-erica<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Um filme interativo</li> <li style="text-align: justify;">Vários finais</li> <li style="text-align: justify;">História misteriosa</li> <li style="text-align: justify;">Preço acessível</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Comandos limitados</li> <li style="text-align: justify;">Repetição de movimentos</li> </ul>