Developer: Loomiarts
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 21 de setembro de 2022

Este era daqueles jogos que andávamos atrás já há um par de anos quando foi anunciado e com uma pequena demo lançado no Steam. Não só pelo facto de ser desenvolvido por um estúdio brasileiro, o Loomiarts, mas também pela decisões estéticas que apresenta, na qual a Fehorama Filmes teve um contributo fulcral.

A razão pela qual o jogo me prendeu quando foi anunciado prende-se com o facto de ser um shoot ‘em up de aviões em formato side scroll 2D, mesmo à antiga, como tantos outros jogos da minha infância, com destaque para Silk Worm, sendo que esse, no Commodore Amiga 500, era com um helicóptero e um jipe. Neste caso estamos a falar de aeronaves de combate perto dos anos 50, década na qual se centra a história do jogo, mas nada a ver com uma Segunda Guerra Mundial, nada disso, aqui a nossa luta será contra os alienígenas que vivem em comunhão com os humanos, mas apenas para os escravizar no futuro.

Basicamente um grupo de extraterrestres chamado Corporação Vega chegou à Terra e ofereceu recursos ilimitados ao planeta para ajudar na evolução da raça humana. No entanto, cedo se começa a perceber que, a pouco e pouco, esta corporação liderada pelo seu implacável líder Zarog, está a escravizar a raça humana para criar um exército em seu nome e dominar o nosso planeta por completo.

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O jogador vai encarnar na pele da Tenente Kaya, uma experiente mulher piloto que faz parte do Esquadrão 51, a força rebelde que tenta deitar abaixo os planos do maléfico Zarog. Juntos vão ter que destruir as estruturas, as máquinas e armas criadas pela Corporação Vega e desvendar os segredos dos seus verdadeiros intuitos. 

O jogo divide-se em onze fases que variam de montanhas nevadas, paisagens urbanas e densas florestas para derrotar ondas de naves alienígenas. Com ataques de naves inimigas a cada esquina, há diferentes níveis de dificuldade para que qualquer piloto, novato ou veterano, possa se aventurar. Podem jogar no Modo Normal, com checkpoints e saves sempre que passarmos uma fase, ou tentar jogar o Modo Destreza, onde vão ter que tentar acabar o jogo com as vidas com que começam, desde a primeira fase. Há a opção de convidar um segundo jogador para nos acompanhar a qualquer momento e nos ajudar na nossa aventura.

Para quem me conhece, já sabe que eu gosto de shoot ‘em up de naves, ainda recentemente tive a oportunidade de analisar outro jogo do estilo, o Remote Life, que também me agradou, mas numa perspectiva diferente. Este, devo dizer que me encheu toda e qualquer medida, já não me lembrava de como era sentir-me um verdadeiro miúdo vidrado em acabar o jogo e a dominar os céus. Parecia sempre que estava com a última moeda no bolso para tentar acabar um jogo na máquina arcade da Feira Popular e só pudesse voltar a jogar aquilo no próximo fim de semana.

O entusiamo acontece pela premissa simples, pela jogabilidade diversa, super fluída, com a variedade de aeronaves apresentada e especialmente pelo grafismo do jogo. Este Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores fez-me lembrar muitas vezes o Trek To Yomi, não obviamente pelo género, mas pela sua apresentação. Um jogo em preto e branco do princípio ao fim, que, apesar de ser um side scroller 2D, tem uma profundidade incrível, em que parece sempre que estamos a jogar em 3 dimensões, devido a tudo o que acontece constantemente no plano de fundo, mas também pelo dinamismo das fases. É que apesar de estarmos a pilotar aeronaves, nem sempre estamos apenas nos céus, vamos entrar por montanhas a dentro, por minas por explorar ou por bases aéreas alienígenas. É impressionante as ideias engenhosas que a malta da Loomiarts teve para dar vida a este estilo e fazer algo que, para mim, nunca tinha pensado ser possível.

Para encaixar perfeitamente na apresentação gráfica da componente jogável, temos as cut scenes que acompanham o jogo realizadas pela Fehorama Filmes, tudo em Full Motion Video, com a participação de João França (Major Ivan), Oscar Simch (Coronel Bob), Kaya Rodrigues (Tenente Kaya), Cristian Verardi (Diretor Zarog), Adriane Azevedo (Marechal Lamarca), Paula Souza (Capitã Zeferina), Rodolfo Ruscheinsky (Tenente Vannucchi), Marcelo Eguchi (Capitão Ishiro), Frederico Vittola (Secretário), Arthur & Gabriel Chilante (Alienígenas).

O jogo tem este ar bastante retro, filme dos anos 50, série B, com aliens à mistura, mas de forma, por um lado credível dada pelos actores envolvidos e, por outro, com o humor, requinte e homage a filmes de culto do género sci-fi.

A sua jogabilidade é simples, como já tinha dito, controlamos um avião e temos que destruir tudo o que nos aparecer à frente. Geralmente temos uma metralhadora à frente da nossa aeronave, se bem que quando pilotarem o bombardeiro vão ter muitas mais e para muitas mais direcções à disposição, e depois podemos ter até duas armas especiais.

Há ainda um sistema de habilidades bastante interessante que, tanto nos permite melhorar os vários aspectos da nossa aeronave, como nos faz querer jogar sempre melhor, isto porque quanto maior for a nossa pontuação, mais rapidamente vamos desbloqueando novas slots para habilidades, assim como novas habilidades para usarmos. Este sistema serve também de auxiliar à dificuldade do jogo que se vai adensando a cada fase que superarem. E se, por vezes, não conseguem passar um checkpoint ou uma fase à primeira, há sempre a hipótese de acumular pontos para desbloquear habilidades, ou mudar o set que estamos a utilizar para nos adaptarmos à fase em questão.

Por fim, a banda sonora, que segue o mesmo caminho do seu aspecto visual trazendo arranjos de músicas antigas que veríamos em filmes da época. De assinalar que muitos dos diálogos acontecem nas secções jogáveis, o que eu acho que dá uma intensidade diferente ao jogo, para além de sentirmos que estamos sempre acompanhados dos nossos companheiros do Esquadrão 51 e, por isso mesmo, sempre metidos dentro do filme, perdão, jogo.

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Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores arrebatou-me por completo e é daqueles jogos em que todas as decisões foram bem feitas no seu desenvolvimento. Não é um jogo com um budget enorme, mas facilmente conseguiram fazer com que pareça. O esforço, a dedicação e um bom trabalho em equipa fez com que seja um grande jogo de 2022.

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-esquadrao-51-contra-os-discos-voadores<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">O conceito do jogo</li> <li style="text-align: justify;">A direcção artística do jogo</li> <li style="text-align: justify;">O humor e as cut scenes</li> <li style="text-align: justify;">Desafiante mas recompensador</li> </ul>