Developer: Capcom
Plataforma: PlayStation 5|4, Xbox Series X|S, Xbox One e PC
Data de Lançamento: 14 de Julho 2023

Já tinhamos comentado o jogo aquando a fase de testes Beta, mas agora é a vez de analisar todos os elementos disponíveis e os modos oferecidos. Há algumas coisas que não se modificaram muito, nomeadamente a jogabilidade, mas a oferta é bastante maior, quer em termos de personagens, quer de opções, para além do Roadmap estabelecido para manter vivo o interesse nesta nova proposta da Capcom.

A questão é: será suficiente para manter o jogador ligado a esta mistura de Overwatch com Dino Crisis, Monster Hunter e outros que tais? É isso que vamos tentar responder nesta análise a Exoprimal.

A história do jogo ocorre em 2043, quando o nosso esquadrão cai numa ilha, onde do nada uma inteligência artificial chamada Leviathan, manda-nos para um jogo mortal na mesma ilha através de uma viagem no tempo, 3 anos antes. Quando as lutas acabam, voltamos para 2043. Agora vamos, ao lado da nossa equipa, precisamos descobrir como sair dali. A história vai ficando cada vez mais interessante, porque no fundo temos a componente de  viagem no tempo e todos os seus desdobramentos de futuros alternativos. O menos conseguido é que tudo isto é nos mostrado através do progresso no modo multiplayer, ao jogar partidas e realizando alguns objetivos que vão desbloqueando mais cutscenes sobre a história do jogo e a percepção real de toda a trama.

É claro que a narrativa do jogo não vai ganhar um Óscar, estará mais perto de um Sharknado, versão dinossauros e, apesar da loucura do guião, as coisas até estão bem atadas e com uma boa dose de mistério, sem se levar demasiado a sério, mas que quer tentar contar uma história com princípio, meio e fim. A campanha de Exoprimal acontece no que o jogo chama de War Games.

Publicidade - Continue a ler a seguir

Aí jogamos com Ace, um combatente e membro da equipa chamada Hammerheads: Alder, Sindy, Majesty e Lorenzo, personagens bem elaborados e cheias de personalidade, que estão presos numa ilha e são obrigados a lidar com uma IA (Leviathan) obcecada em completar o objetivo para o qual foi construída e mantém combatentes presos em loops de testes de sobrevivência. Nesses testes os combatentes vão ter que sobreviver a hordas de dinossauros enquanto competem com outras equipas pela própria vida.

Cada ExoSuit tem mecânicas diferentes independentemente da classe. Se quiserem infligir mais dano podem escolher o Dead Eye e disparar que nem loucos ou o Zephyr e dar porrada nos dinossauros como se fosse um jogo de beat’ em up, por exemplo. A mesma analogia pode ser usada para absolutamente qualquer outra classe.

Estas são as diferenças entre as três classes disponíveis: Assault, Tank e Support.

  • Assault: Criados para causar dano aos inimigos com ataques a curta, média ou longa distância.
    Os equipamentos carregados são diferentes, mas cada exosuit de ofensiva está equipado com armas e habilidades específicas para o seu alcance efetivo de combate.
  • Tank: São especializados em proteger os aliados, atraindo os ataques dos inimigos e absorvendo dano.
    Seja resistindo a uma horda imensa ou detendo ataques incansáveis de dinossauros, os exosuits de tanque serão sempre a primeira linha de defesa.
  • Support: Usam uma variedade de habilidades para garantir a sobrevivência da equipa.
    Embora a capacidade de consertar os ExoSuits dos aliados seja a mais comum, os exosuitsde suporte também estão equipados com variadas habilidades que concedem efeitos positivos e negativos.

Exosuits Assault: 

  • Deadeye destaca-se a médio e longo alcance. Dispara um fuzil de assalto que também pode atirar rodadas de granadas que explodem com o impacto. No corpo a corpo, Deadeye usa uma palmada que repele os inimigos. A sua habilidade Overdrive liberta uma torrente de tiros com um poder de fogo esmagador.
  • Zephyr é especialista em combate corpo a corpo. Empunha aqueles bastões apelidados de tonfas que são capazes de cortar inimigos. Embora levemente blindado, este ExoSuit tem grande velocidade e manobrabilidade. O Overdrive do Zephyr reduz tempos de espera para permitir combinações mais rápidas.
  • Barrage dispara uma variedade de granadas e minas para incendiar os inimigos. Este ExoSuit destaca-se também no combate corpo a corpo dando mais dano em inimigos em chamas. O Overdrive de Barrage transforma-o num míssil voador que causa dano massivo no impacto.
  • Vigilant é um especialista de longo alcance com um rifle de precisão que atira em rajadas ou tiros de railgun carregados. Este ExoSuit pode saltar no ar para obter um melhor ponto de vista para usar este seu alcance incomparável. O seu Overdrive dispara poderosos tiros de railgun sem carregar. *Nota: Vigilant pode ser desbloqueado apenas no nível 41.

Exosuits Tank:  

  • Roadblock é um ExoSuit pesado que carrega um grande escudo que pode proteger aliados e repelir inimigos. O seu Overdrive cria um tornado que suga os inimigos antes de explodi-los. Esta plataforma de artilharia ambulante empunha uma minigun e mísseis para parar os inimigos.
  • Krieger também possui um escudo de cúpula que repele pequenos dinossauros e atordoa os maiores. Em Overdrive, Krieger pinta um alvo com um laser antes de bombardeá-lo com explosivos.
  • Murasame pode usar a sua espada para proteger todos os ataques e, em seguida, libertar a energia num poderoso contra-ataque. O Overdrive de Murasame é um ataque de força com a sua espada que trespassa os inimigos. *Nota: Murasame é desbloqueado no nível31.

Exosuits Support: 

  • Witchdoctor é um especialista em cura. Também pode fornecem buffs de movimento para acelerar aliados e debuffs para impedir os inimigos. Em combate, este ExoSuit empunha um cajado elétrico que podem paralisar os dinossauros próximos. O Overdrive do Witchdoctor restaura totalmente os aliados saúde, aumenta a defesa e retarda os inimigos.
  • A Skywave pode voar e semear o caos em linhas inimigas de cima com habilidades que coloca os inimigos cegos e puxa-os para poços de gravidade. A lança deste ExoSuit dispara projéteis que curam aliados e causam dano aos inimigos. O seu Overdrive desacelera o espaço-tempo até parar e congelar completamente todos os inimigos próximos.
  • Nimbus é um médico de combate altamente móvel. Empunha armas que podem alternar entre modos de dano e cura. Este ExoSuit também usa um holograma desviar as atenções e curar aliados próximos. O seu Overdrive dispara uma onda de choque que cura aliados e repele inimigos. *Nota: Nimbus é desbloqueado no nível 21.

O facto de podermos trocar de ExoSuit durante a partida foi algo que me deixou verdadeiramente surpreendido, pois neste género de third person shooter cooperativo, tal nunca acontece, ou ficamos agarrados à classe e especialidade do início ao fim ou temos que chegar a uma espécie de checkpoint. Portanto logo aí, Exoprimal ganha pontos, pois basta com dois botões sair desse ExoSuit e com um pequeno cooldown escolher outro rapidamente. Isso faz com que a acção seja mais intensa, mais diversa, dando uma componente de estratégia e aumentando a vida do jogo, pois assim teremos gosto em desbravar cada um dos 10 ExoSuits disponíveis, para nos adaptar à situação de jogo.

Há ainda os módulos, que são equipamentos que permitem adaptar o desempenho dos Exosuits em batalha, potencializando as suas habilidades. Podem equipar até três Módulos em cada ExoSuit. Estes podem aumentar uma variedade de estatísticas, como durabilidade, recarga, velocidade e muito mais. Os módulos são desbloqueados perante determinados requisitos, como atingir determinados Níveis de Jogador ou Níveis de Classe. Durante as partidas, os Exofighters podem coletar Craft Chips que permitem que coloquem ativos fabricáveis ​​no campo de batalha para ganhar uma vantagem tática na competição.

Olhemos então para como os níveis se desenvolvem em Exoprimal. Vamo-nos mover ao longo das várias fases do mapa, juntamente com mais 4 pessoas na nossa equipa, disparando contra hordas de dinossauros que vêem de todas as direções possíveis, tentando lidar com os cooldown’s das nossas habilidades, por entre o ataque normal, o secundário e que inflige mais dano ou efeito e o especial, enquanto nos tentamos desviar de alguns ataques mais perigosos e de inimigos mais volumosos, ou criando defesas para conseguir respirar um pouco. O jogo é frenético e, como tal, por vezes pode ser um pouco confuso e trapalhão, mas nada que tire a diversão.

Temos em cada nível 4 fases de PVE e depois um final de PVE e PVP. Após a conclusão de cada fase o Leviathan vai-nos dizendo se estamos a fazer um melhor ou pior tempo do que a equipa adversária, o que fará a diferença na fase final. Se estivermos atrás, nessa fase, o Leviathan vai-nos dar um “Dominator“, um cápsula que pode invocar um T-Rex para tentar atrasar a equipa adversária. Se estivermos à frente, vai ser bastante mais fácil de chegarmos primeiro às tais “Lost Data” e montar a defesa perante a equipa adversária. É tudo uma questão de estratégia.

Nessas primeiras fases os objectivos podem ser:

  • DINOSAUR CULL – Derrotar dinossauros específicos.
  • ESCORT – Defender Exofighters NPC indefesos enquanto conduzem investigações.
  • AREA DEFENSE – Ficar Numa área designada e proteger um dispositivo contra danos.
  • VTOL DEFENSE  – Defender uma aeronave aterrada dos dinossauros.
  • VORTEX SABOTAGE – Desligar um dispositivo enquanto este convoca dinossauros continuamente.

Depois na fase final temos outro tipo de objectivos:

  • DATA KEY SECURITY –  Escoltar um ativo até ao local definido enquanto o protegem dos inimigos. Se destruído, a chave de dados deve ser restaurada antes de prosseguir.
  • UPLINK CONTROL: Defender os uplinks e permitir a transferência de dados. Se os inimigos tomarem conta dessa área, a transferência de dados  é interrompida e exigirá a recaptura.
  • OMEGA CHARGE – Derrotar dinossauros para carregar o Omega Hammer e, em seguida, usá-lo para destruir os alvos e remover barreiras para avançar.
  • ENERGY TAKER – Coletar a energia encontrada em todo o mapa enquanto lutam contra a equipa inimiga tirando energia de Exofighters hostis que derrotemos.

As missões, essas vão evoluindo conforme a história progride, indo de uma pequena missão de extermínio a boss fights onde 10 players jogam juntos sem possibilidade de respawn. E isso é um dos pontos a favor do jogo, dando-lhe um sentimento de  epopeia nesses momentos especiais.

Os jogadores são recompensados por cumprirem a sua tarefa durante a batalha. Um jogador tanque pode ser MVP simplesmente por ficar parado defendendo a sua equipa dos ataques inimigos sem precisar matar um único oponente, seja ele um player adversário ou um dinossauro. É maravilhoso ver a interação dos players em boss fights com respawn limitado, ou sem a possibilidade de respawn. Em outros jogos, ninguém quer saber de quem morreu a não ser que lhe lixe o seu próprio jogo, mas aqui é muito interessante ver a reação dos restantes jogadores quando morremos, com um healer a tentar ressuscitar-nos enquanto um tank defende o healer. Uma perfeita interação cooperativa pelo bem maior da equipa que acontece mais frequentemente do que se imagina. Talvez essa seja um dos pontos fortes de Exoprimal: trabalhar em cooperação e competição ao mesmo tempo.

A questão de ser free-to-play é algo que provavelmente vai ter uma enorme preponderância na popularidade do jogo. Eu diria que o facto de estar no Game Pass ajudou muito para o matchmaking ser rápido e eficaz, e para muita gente experimentar e dedicar umas boas horas de jogo. No entanto, é a única plataforma e subscrição que oferece essa oportunidade. Outro elemento que está ligado a este é o facto de Exoprimal ser bastante repetitivo. Embora tenha alguns elementos, como a narrativa para desbravar e as personagens para desbloquear, a verdade é que chega a um ponto é estamos sempre a fazer a mesma coisa e sem grande motivação. Neste tipo de jogos é extremamente importante o Roadmap e essa introdução de novos modos e elementos ao jogo.

A Primeira Temporada introduz, já no próximo dia 28 de Julho um novo modo de jogo para todos os que já terminaram a narrativa de Exoprimal e sobreviveram às longas horas de Dino Survival. Savage Gauntlet é um modo PvE puro no qual vamos ter missões semanais onde a nossa equipa luta contra hordas de dinossauros para conseguir a melhor pontuação possível. Estes desafios foram pensados para quem já domina o jogo e, de alguma forma, já está a fazer mini-bulas com os módulos para dominar a acção.

Depois da introdução deste modo, estão já planeados mais alguns e colaborações com títulos da Capcom, como Street Fighter 6 ou  Monster Hunter, sendo que ainda não há grandes pormenores. A grande questão será se isso será suficiente para agarrar os jogadores.

Paga-nos o café hoje!

Exoprimal é muito melhor do que quando foi apresentada a sua premissa. É competente nas mecânicas, tem uma boa variedade de personagens e classes e é desafiante. A narrativa que poderia ser o seu ponto fraco, até se desenvolve de forma bastante interessante, conseguindo que um modo multiplayer até se coadune com um modo história. Graficamente o RE Engine demonstra mais uma vez a sua eficácia, levando-o ao limite quando a acção é over the top, e o grande pecado do jogo é mesmo a sua repetição nos objectivos, mapas e áreas, para além do desenvolvimento do jogo se basear apenas nisso. Exoprimal tem algo de especial, é bem conseguido, mas não tenho a certeza que seja memorável.

REVER GERAL
Geral
Artigo anteriorSistemas Táticos do Football Manager 2023: O Sporting de Ruben Amorim
Próximo artigoAntevisão: The Crew Motorfest
Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-exoprimal<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">O risco de cruzar tantos géneros num só</li> <li style="text-align: justify;">Boas mecânicas, boa variedade de classes e personagens</li> <li style="text-align: justify;">O conseguir amarrar uma narrativa a um modo multiplayer</li> <li style="text-align: justify;">Um bom desafio</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Algo repetitivo</li> <li style="text-align: justify;">A relativa falta de recompensa para continuar a jogar</li> <li style="text-align: justify;">Níveis e mapas algo redundantes e repetitivos</li> </ul>