Developer: Ubisoft
Plataforma: Xbox One, Xbox Series, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC
Data de Lançamento: 6 de Dezembro de 2022
Se há coisa de que não podemos criticar a Ubisoft, é na adição de conteúdos pós-lançamento para os seus principais jogos. Tem sido assim com a franquia Assassin’s Creed, e também com Far Cry. E no último caso, vamos já com o quarto DLC de Far Cry 6, o que é obra, se considerarmos que foi lançado há apenas um ano. Lost Between Worlds é o nome da mais recente expansão, e distancia-se completamente dos temas dos outros DLC’s, onde fez a repescagem de vilões de títulos anteriores.
Já aconteceu antes com outros jogos da Ubisoft, e aqui é igual. Este DLC é praticamente uma transformação da experiência do jogo base, e na verdade nem parece um Far Cry, pelo menos relativamente naquilo a que estamos habituados a ver num jogo deste franchise. É um pouco como o que aconteceu com Far Cry 3: Blood Dragon, em que fomos transportados para um mundo psicadélico e de configuração quase onírica, e que resultou numa expansão de culto, e provavelmente a mais popular de toda a série, sendo jogada ainda hoje.
Lost Between Worlds vai no mesmo sentido, com um mundo fundamentalmente diferente do que já vimos em Far Cry 6, proporcionando uma viagem surreal e com mecânicas inéditas. Não fosse ter a mesma protagonista do original, e até nos esqueceríamos que estamos a jogar um título Far Cry, cuja ambientação, jogabilidade e o tipo de inimigos são totalmente diferentes do que vimos até aqui. Nem sempre funciona como desejaríamos e não será o melhor DLC nem mesmo deste último título, mas é de elogiar a tentativa de criar algo variado e que possa trazer novas experiências aos jogadores.
Parece que tudo acontece a Dani Rojas, a personagem central de Far Cry 6 ainda está para encontrar o seu maior desafio, mas parece que este finalmente chegou. Enquanto relaxava tranquila em cima do capô do seu carro, do céu rompe um estranho objecto que lhe chama a atenção. Esta espécie de meteorito aterra bem perto de si, deixando-a imediatamente alerta. Quando se aproxima para ver do que se tratava, para seu espanto, depara-se com um fenómeno para além do seu entendimento, e tem o impulso de disparar contra aquela entidade estranha que flutua à sua frente. Como devem calcular, não é a melhor decisão de Dani, já que desencadeia algo que se assemelha a uma fracturação do espaço-tempo deixando a protagonista em maus-lençóis.
Nos momentos seguintes iremos perceber que disparámos contra uma nave extraterrestre, e o que o seu ocupante não está nada satisfeito connosco. Esta pequena forma de vida, que se apresenta como Fai, informa-nos ainda que fomos desfragmentados, mas fez o favor de nos reconstruir, no entanto, com uma condição. Deixa logo bem claro que a partir de agora vamos ter de ajudar na reparação da sua nave, e para isso teremos de visitar diversas dimensões – que basicamente são versões alternativas de Dani Rojas – em busca de cinco shards que serão essenciais para o arranjo.
Uma das grandes novidades deste DLC é que foi pensado com elementos de um roguelike. Existem fragmentos chamados Glint, que vamos poder apanhar nas várias dimensões, e que servem para nos reviver quando morremos, todavia, quando não tivermos os suficientes, teremos de reiniciar tudo desde a primeira rift. São 15 rifts no total, e todas bastante distintas e loucas, com algumas coisas familiares para quem é fã dos jogos da franquia, contudo, com um formato louco e surpreendente.
Claro que iremos encontrar alguma resistência, e traduz-se em inimigos sob a forma de corpos cristalizados. Estão divididos entre azuis e vermelhos, e para os eliminarmos teremos de disparar com as balas da respectiva cor, o que se torna interessante em alguns momentos, mas um pouco enfadonho noutros. Sentimos frequentemente que muitos dos inimigos estão ali simplesmente para termos algum alvo para disparar, e sem um grande significado que o justifique.
Cada vez que terminamos um rift vamos ter de decidir em qual de dois portais entraremos (também um vermelho e um azul), e que nos enviará para o seguinte. No fundo servirá apenas para que possamos ter uma orientação dos caminhos que temos de percorrer novamente caso voltemos ao início, o que se torna fácil de verificar depois pelo mapa. É uma medida inteligente e que alivia a frustração inevitável quando temos de começar de novo, embora tenha de reconhecer que há Glints suficientes para que isso seja raro.
Sempre que apanhamos uma shard, Fai irá oferecer-nos uma peça de equipamento, como um grappling hook para escalar, por exemplo, ou mesmo explosivos que abrem caminhos. Todos eles serão cruciais para o gameplay dos rifts em questão, e essa é a boa notícia. A má notícia é que a cada shard que entregamos perdemos todo o equipamento que tínhamos. A intenção é clara, ou seja, obrigar o jogador a readaptar a jogabilidade ao novo equipamento que recebemos, levando a diferentes experiências e desviando de alguma repetição. Não se preocupem, porém, já que com a variabilidade de dimensões e de upgrades ao gear tudo acaba por encaixar, e nunca parece demasiado forçado.
Graficamente está espetacular. Não quando comparamos a qualidade das texturas com o título original – porque aí o nível é idêntico –, mas no estilo e no design. As atmosferas coloridas e luminosas fazem com que pareça que estamos a jogar um novo jogo, e todos os efeitos ajudam nesse contexto, criando uma experiência quase alucinante. No aspecto sonoro, vai no mesmo sentido, cumprindo com o plano de mostrar ao jogador realidades absurdas e alternativas.
Lost Between Worlds é um DLC que traz novas maneiras de jogar Far Cry 6. Tem os seus altos e baixos, mas é maioritariamente uma boa experiência e propicia uma boa dose de diversão. É mais uma expansão de qualidade fornecida pela Ubisoft, e mais umas horas para desfrutarmos do último jogo da franquia.




