Developer: Square Enix
Plataforma: PlayStation 5
Data de Lançamento: 22 de junho de 2023
A franquia Final Fantasy é adorada por muitos jogadores e, ao longo dos anos, tem passado por diversas evoluções, abrangendo desde os clássicos combates por turnos, mundos abertos e até vimos a chegada do remake de FF VII. O que se destaca no trabalho da Square Enix é a constante melhoria e atualização da jogabilidade, mantendo a franquia actual e impressionante.
Com o lançamento dos primeiros trailers de Final Fantasy XVI, o hype aumentou exponencialmente, revelando um jogo diferenciado que oferece aos jogadores uma história magnífica e uma jogabilidade incrível. O visual do jogo é excepcional, aproveitando o potencial da nova geração, com a PlayStation 5 a mostrar a sua capacidade, que certamente irá impressionar qualquer jogador.
A história do jogo desenrola-se em Valisthea, uma terra que abriga seis regiões distintas: The Grand Duchy of Rosaria, The Holy Empire of Sanbreque, The Kingdom of Waloed, The Dhalmekian Republic, The Iron Kingdom, The Crystalline Dominion. Estes locais desfrutavam de paz enquanto usavam os poderes dos Mothercrystals, cristais mágicos que auxiliavam os habitantes nas suas tarefas diárias e tornavam as suas vidas mais fáceis. No entanto, ao longo do tempo, apareceu uma Praga, que simplesmente fizeram com que diversas zonas ficassem estéreis, não sendo possível usar os cristais nem magias nelas, além das terras, deixarem de dar alimentos.
Essas adversidades desencadearam conflitos entre as nações, e é precisamente num desses conflitos que o jogo tem início, numa grande batalha. O jogador assume o papel de Clive Rosfield, já adulto, nesse início do jogo, que serve para se familiarizarem com os comandos básicos, como movimentação, salto e controlo da câmera. É na missão que Clive e os seus colegas têm em mãos que, logo nos instantes iniciais, é atingido por uma enorme pedra e desmaia, transportando o jogador para suas memórias de quando ainda era adolescente. Será nesse momento que aprendemos as técnicas básicas de combate e descobrimos quem realmente é Clive.
Embora o spoil seja muito leve, e sirva para dar algum contexto, caso não queiram saber nada de nada para não estragar surpresas, podem saltar os próximos 4 parágrafos.
Clive Rosfield é o filho mais velho do arquiduque de Rosaria e ocupa o cargo de Primeiro Escudo de Rosaria. A sua principal responsabilidade é proteger o seu irmão mais novo, Joshua Rosfield, já que este despertou como Dominante da Fénix, logo após o seu nascimento, possuindo o poder de se transformar no Eikon da Fénix.
É importante ressaltar que em Valisthea há três tipos de pessoas. Em primeiro lugar, há os chamados “normais”, que utilizam os Mothercrystals para realizar magia. Em segundo lugar, existem os Portadores, indivíduos capazes de realizar magia sem depender dos Mothercrystals, embora as suas habilidades não sejam devastadoras. Por fim, temos os Dominantes, que não apenas dispensam os Mothercrystals, mas também possuem magia extremamente poderosa, além da capacidade de se transformarem em Eikons, que são criaturas gigantescas e de imenso poder.
Nessa situação, é crucial perceber que devido ao despertar do poder de Dominante de Joshua, ele está destinado a assumir o lugar do seu pai como líder de Rosaria – posição que seria de Clive caso tivesse despertado o poder de Dominante. Clive, no entanto, é apenas um Portador com a habilidade de manipular o fogo. Na noite anterior ao dia em que Joshua participaria num ritual tradicional de Rosaria e ouviria as palavras dos ancestrais do reino, o local onde eles estão – conhecido como Portal da Fénix – é atacado. Aparece um segundo Dominante do fogo e uma batalha entre Eikons desenrola-se, resultando no desaparecimento de Joshua.
Ao mesmo tempo, o império ataca Rosaria notando-se que aquele ataque estava planeado, tomando o controlo do local. Clive é feito prisioneiro e marcado, o que significa que é considerado um ser desprezível e é obrigado a carregar uma marca na sua cara para o resto da vida, assim como tantos cidadãos que vamos encontrar por todos os locais de Valisthea. Apesar disso, Clive jura vingar o desaparecimento do seu irmão e é com esse objetivo em mente que procura o segundo Dominante do fogo que apareceu naquela fatídica noite.
Este início é apenas uma pequena faísca para o verdadeiro ponto de partida da história do jogo, proporcionando uma narrativa envolvente e rica que cativará todos os jogadores, sejam fãs da franquia Final Fantasy ou não. Além disso, o jogo apresenta intrincadas tramas políticas, uma variedade de personagens para conhecer e compreender os seus contextos e motivações. É importante sublinhar que o que mencionei até agora é apenas uma pequena amostra do que podem esperar, pois a história é muito mais complexa e abrangente. Por isso, preparem-se para uma experiência repleta de surpresas e reviravoltas.
É evidente que a história é o ponto mais forte de Final Fantasy XVI, e a Square Enix reconheceu isso ao oferecer dois modos de jogo distintos. Um deles focado na narrativa, facilitando os combates com várias ajudas, enquanto o outro oferece o melhor dos dois mundos, toda a história, mas oferecendo um desafio significativo, especialmente nos confrontos contra bosses.
Um aspecto que costumo deixar para o final das minhas análises é a qualidade gráfica do jogo. São raros os casos em que isso não acontece, mas é sinal de que fiquei extremamente impressionado. Final Fantasy XVI é como um filme transformado em jogo, com gráficos sublimes que apresentam detalhes surpreendentes. As personagens são meticulosamente elaboradas, deixando os jogadores boquiabertos. Seja durante a exploração de Valisthea, nos combates intensos ou nas expressões das personagens, tudo é visualmente impressionante, principalmente se falarmos dos protagonistas e antagonistas. Já os NPCs mais banais, embora continuem com bom aspecto, nota-se que o trabalho não foi tão meticuloso. As criaturas mais básicas que vamos encontrar nas batalhas estão também elas muito bem detalhadas, e os cenários são belos, mesmo aqueles que estão em ruínas e conseguem transmitir uma beleza singular.
Uma característica que certamente irão adorar em Final Fantasy XVI é a maneira como as cutscenes são intercaladas no jogo. É uma experiência na qual estamos a jogar e, de repente, uma cutscene é inserida no meio de uma batalha, para esta ficar ainda mais épica, e posteriormente voltarmos à ação. Ou então chegamos a um determinado local e somos presenteados com uma cutscene que nos atualiza sobre a história e os eventos em curso. A sensação que tive ao jogar foi a de estar envolvido num filme interativo, que oferece momentos de jogabilidade intensa e batalhas empolgantes.
Falando em batalhas, sendo um jogo tão imersivo, houve uma mudança significativa na mecânica de combate. Agora, o jogo adota um estilo muito mais focado na ação, lembrando mais o hack and slash de jogos como Devil May Cry do que os títulos anteriores da franquia Final Fantasy. A razão para essa mudança é bastante simples de explicar: o diretor de combate do jogo é Ryota Suzuki, que trabalhou em Devil May Cry 5, Dragon’s Dogma e Marvel vs. Capcom 2. No entanto, discutiremos posteriormente o combate do jogo.
Final Fantasy XVI não se trata de um jogo de mundo aberto, pelo contrário, é bastante linear em relação à sua história, com a progressão a acontecer em diferentes áreas no mapa à medida que avançamos nas missões. Essa abordagem linear realmente ajuda os jogadores a terem uma compreensão clara de Valisthea, sem perder muito tempo em viagens, como aconteceu em Final Fantasy XV. A ideia de oferecer apenas pedaços do mundo também resultou num cuidado maior com os detalhes do ambiente ao nosso redor. Embora uma floresta possa não ser muito diferente de outros jogos, pode notar-se um cuidado meticuloso nos detalhes das cidades, castelos, palácios e esconderijos, o que certamente agradará aos jogadores.
Relativamente ao conteúdo do jogo, temos a história principal, desenvolvida através das missões principais, além de missões secundárias, caçadas e outros desafios, como o Modo Arcade e o Modo Replay. Enquanto as missões da história principal são incríveis, com exceção de alguns combates repetitivos, as missões secundárias deixam um pouco a desejar. A maioria delas resume-se a recados, matar criaturas ou encontrar pessoas. São poucas as missões secundárias que realmente acrescentam algo à história, mas quando essas oportunidades surgem, a sensação de completá-las é bastante satisfatória. Seria bom se essas missões estivessem marcadas de forma mais distinta para facilitar a sua identificação.
Uma vantagem é que os diversos locais que visitamos ao longo do jogo ficam acessíveis posteriormente através das viagens rápidas disponíveis no mapa. Isso é especialmente útil para os jogadores que preferem não completar todas as missões secundárias de uma só vez. Com essa opção, é possível regressar a esses locais mais tarde para concluí-las. O jogo até marca no mapa os lugares onde ainda há missões pendentes, facilitando a vida do jogador nesse aspecto. Essa abordagem permite uma maior flexibilidade e liberdade para explorar o mundo de Final Fantasy XVI de acordo com as preferências individuais do jogador.
Em relação ao gameplay, mantém seu estilo de RPG de ação, onde nos deparamos com várias criaturas e inimigos conforme nos deslocamos pelo mundo do jogo. Podemos optar por evitar batalhas ao nos afastarmos desses encontros, ou decidir enfrentá-los e, se os derrotarmos, receber experiência e itens que possam ser deixados por eles. Ainda existem elementos de exploração, como a coleta de itens e poções, mas em menor quantidade do que em outros jogos da franquia.
Um dos motivos que contribuíram para a abordagem mais linear do jogo é a mudança no sistema de combate. Como mencionei anteriormente, Final Fantasy XVI adotou um estilo mais hack and slash, eliminando os menus para lançar magias, usar poções e outras ações presentes nos jogos anteriores. Agora, todas essas ações estão acessíveis através de um único botão, proporcionando uma experiência de jogo contínua e sem interrupções. Ao longo do jogo, teremos acesso a várias habilidades, algumas desbloqueadas à medida que avançamos na história, enquanto outras podem ser adquiridas com os pontos que ganhamos nas batalhas. Também é possível melhorar algumas dessas habilidades utilizando esses pontos.
É importante reconhecer que essa abordagem mais orientada para o hack and slash pode agradar a muitos jogadores, mas também pode desagradar a outros. Essa mudança no sistema de combate é um ponto que pode ser considerado negativo por alguns jogadores, embora eu pessoalmente tenha achado uma evolução significativa para o jogo.
Além das batalhas normais, o jogo apresenta batalhas emocionantes entre os Eikons. Esses momentos combinam time events e hack and slash puro, resultando em momentos verdadeiramente épicos que ficam marcados na memória do jogador. Final Fantasy XVI está repleto de momentos impactantes que provavelmente lembraremos por muitos anos, assim como aconteceu com o icónico Final Fantasy VII, que ainda é recordado com grande carinho pelos jogadores.
Sendo um RPG, Clive ganhará experiência em combate para subir de nível. Ele também poderá adquirir itens que podem ser usados para criar novos itens e obter dinheiro para comprar poções e outros recursos. Em relação aos equipamentos, o jogo adota uma abordagem simples, com uma espada, um cinto e uma bracelete. Esses itens podem ser melhorados, substituídos por versões melhores ou criados por crafting.
A banda sonora de Final Fantasy XVI é de alta qualidade, apresentando músicas distintas para cada situação. As batalhas contra inimigos relevantes são acompanhadas por músicas épicas, enquanto as cutscenes tornam-se ainda mais empolgantes com o auxílio da banda sonora. A música muitas vezes procura trazer ao de cima as emoções dos jogadores, e o excelente trabalho de voice acting dos atores também contribui para elevar todos os momentos do jogo. Durante os momentos que caminhamos até certos locais, as conversas entre os personagens revelam novos pontos de vista e pensamentos, enriquecendo a experiência.
Antes de concluir nossa análise, é importante abordar um problema que muitos jogadores mencionaram na versão demonstrativa do jogo: as quedas de frame rate. Embora essas quedas ainda ocorram na versão final, é em menor quantidade. É importante observar que a ocorrência dessas quedas é mais provável no modo de qualidade gráfica, enquanto no modo de desempenho há uma diminuição muito significativa desses problemas. Confesso que, embora tenha notado essas quedas em alguns momentos, elas não afetaram minha jogabilidade nem me deram a sensação de que o jogo estava mal otimizado. Além disso, é importante considerar que a temperatura da consola pode influenciar nessas quedas de desempenho, e quanto mais tempo a consola permanecer ligada, maior será sua temperatura. No entanto, nos últimos dias, minha PlayStation 5 esteve praticamente sempre ligada e não enfrentei problemas significativos nesse aspecto.
Um ponto que certamente agradará a vários jogadores é o de Final Fantasy XVI oferecer a opção de colocar o texto em Português do Brasil, permitindo que um maior número de jogadores desfrute do jogo, mesmo que não tenham fluência na língua inglesa. Essa inclusão linguística é um aspecto positivo que amplia a acessibilidade e a experiência dos jogadores.
Final Fantasy XVI é um jogo maioritariamente focado na história, apresentando protagonistas carismáticos como Clive, Cid, Joshua e Jill. Além disso, os antagonistas também são notáveis, com personagens incríveis como Hugo e Benedikta, entre outros. Final Fantasy XVI certamente marcará a história da franquia e oferece um sistema de combate excelente, proporcionando muitas e muitas horas de jogo. Apenas para a história principal, os jogadores podem esperar aproximadamente 40 horas de jogo, e se quiserem completar tudo o que o jogo oferece, podem esperar entre 70 a 80 horas de jogo.