Developer: Triheart Studio, Yogscast Games
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 26 de Maio de 2022

É através do experimental que normalmente furamos as barreiras daquilo que está padronizado e a inovação acontece. E nos videojogos, é algo que sucede com frequência, graças aos estúdios independentes que têm de recorrer constantemente a ideias originais para se conseguirem destacar da enorme concorrência que enfrentam.

Por vezes, essa inovação é atingida por meio de simples misturas de estilos, com alguns resultados a serem verdadeiramente inesperados. Algumas ideias, quando as vemos em acção, percebemos imediatamente que fazem todo o sentido, e em particular pela combinação de conceitos, que parecem feitos uns para os outros. É o caso de Golfie, que se inspira em géneros como o mini golfe, o deckbuilding e os roguelikes, para oferecer uma experiência bastante original.

Encontra-se actualmente em Early Acess no Steam e é o primeiro jogo do Triheart Studio que, curiosamente, é um estúdio em Copenhaga composto por marido e mulher. A publicação ficou ao encargo da Yogscast Games, e pretende propiciar um jogabilidade intuitiva, relaxante e de superação. E embora vários concepções sejam familiares e já as tenhamos visto em vários jogos, esta conjugação específica é completamente inédita, sendo precisamente aí que Golfie se diferencia de títulos similares.

O mini golfe sempre foi um tema bastante explorado para criar videojogos divertidos. A possibilidade de criar pequenos mapas que obrigam os jogadores a usar da lógica e calcular como colocar a bola no buraco no menor número de jogadas criam sempre uma sessão divertida, e quando damos por isso, horas se passaram desde que começámos a jogar. Aqui passa-se o mesmo, no entanto, com a adição de algumas mecânicas que tornam a experiência ainda mais interessante.

Talvez a grande diferença de Golfie para os demais é que tem a estrutura de um roguelike. Ao contrário de outros jogos de golfe que têm uma progressão simplesmente separada por níveis, neste caso, jogamos por runs. Temos uma quantidade de pontos de energia que irão definir quão longe podemos chegar, ou seja, cada vez que cometemos uma falta (quando a bola cai na água, por exemplo) perdemos um ponto, além de que nos são subtraídos pontos por cada jogada acima do recomendado para aquele mapa. Tudo isto funciona para o nosso recorde em cada run, como para a comparação de classificações com outros jogadores através do leaderboard.

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Em parte, é igualmente um jogo turn-based, com a particularidade de no início de cada turno nos serem dadas algumas cartas. Serão depois essas cartas que usaremos como power ups de maneira a conseguirmos chegar ao hole. As habilidades proporcionadas por estas cartas são as mais variadas, como dar curva à bola, altura à tacada, ou até planar por alguma distância. Podemos inclusivamente combinar estas cartas e conseguir ainda resultados mais diversificados.

Tal como em jogos baseados em deckbuilding, cada carta tem um certo custo, o que nos forçará a algum planeamento para que não fiquemos impossibilitados de usar habilidades demasiado cedo. Porém, podemos sempre aumentar esse limite, acertando em certos itens com a bola e ganhando assim uma margem adicional. A ideia está boa, mas a execução deixa algo a desejar, uma vez que muitas vezes quebra o ritmo de um jogo que já não é de si muito fluído.

Por outro lado, pode parecer fácil inicialmente, mas não se enganem, porque em pouco tempo a dificuldade sobe e os buracos parecem cada vez mais distantes. Temos ainda o factor sorte que acaba por ter alguma importância, já que ficamos dependentes das cartas que nos são dadas. Todavia, é uma dificuldade que se justifica, dado que é um jogo que apela ao nosso sentido estratégico na forma como encaramos cada run, seja no principio, meio ou fim. Neste aspecto, funciona surpreendentemente bem, e foi, sem dúvida, uma aposta ganha.

Graficamente, há que dizer que está muito agradável. O estilo colorido e animado encaixa perfeitamente nesta proposta de mini golfe, e os mapas estão bem pensados e desenhados. A física da bola está bastante razoável e oferece uma agradável sensação de tacada, incluindo na diversidade de power ups. A vertente sonora também faz sentido quanto ao jogo em questão, tanto nos efeitos de som como na música, proporcionando sempre um tom alegre e relaxante.

Golfie foi uma boa surpresa, entregando uma mistura de boas ideias e uma jogabilidade divertida. Como primeiro jogo do estúdio há que elogiar o resultado, não só pela coragem da proposta, mas igualmente pela sua execução, que está muito bem conseguida. Não é um hole-in-one, mas está certamente dentro do par.

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Nuno Mendes
Completamente obcecado por tudo o que tenha a ver com futebol, é daqueles indesejados que passa mais tempo a editar as tácticas do PES do que a jogar propriamente. Pensa que é artista, mas não conhece as cores primárias, e para piorar, é ligeiramente daltónico. Recusa-se a acreditar que o homem foi à Lua.
analise-golfie<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Mapas bem concebidos</li> <li style="text-align: justify;">Uma jogabilidade divertida</li> <li style="text-align: justify;">Bastante original</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Os elementos de deckbuilding podiam estar melhores</li> </ul>