Developer: Ice Code Games
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 12 de Agosto de 2022

Devo começar esta análise dizendo que o ano de 2022 é o ano dos West´s. De Horizon Forbidden West passando por Weird West e agora este Hard West II. E tal como os outros dois, este é mais um dos jogos do ano, pelo menos, para mim.

Pode ter passado despercebido para muitos, mas o jogo da Ice Code Games não brinca em serviço. Começando pelo peso no vosso computador, estamos a falar de quase 34 gigas de espaço em disco, mas valem muito a pena. Se calhar, até pelo jogo não ser tão publicitado por essa internet fora, poderiam esperar algo mais “leve” de um estúdio independente, mas a verdade é que a qualidade gráfica e, de todo o jogo no seu compto geral, é de facto a razão desse peso.

Comecemos por explicar o ambiente e a história do jogo. Como já devem ter percebido pelo título, estamos de volta ao cenário do velho Faroeste onde um grupo de foras-da-lei tenta roubar um comboio para pilhar todo o ouro que tem lá dentro, mas as coisas acabam por descarrilar. E descarrilar é mesmo o termo certo, porque, de repente, o comboio torna-se um ser demoníaco com patas, em vez de rodas, conduzido por um ser do além chamado Mammon, que, quando encurralado pelo gangue liderado por Gin Carter, desafia-o para um jogo de póquer. Se Mammon ganhar, fica com as suas almas, e se eles ganharem, eles ficam com o comboio. No entanto, este pequeno diabo passa a perna ao gangue, fica com as suas almas e o gangue vai ter que tentar recuperar as suas almas.

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O ambiente fantástico misturado com a visão do Oeste americano já não é uma novidade nos dias de hoje, muito por culpa de Weird West que consegue ser muito mais bizarro que este Hard West II, mas não deixa de ser interessante. Existe aqui uma boa dose de misticismo, de cultos, de espíritos e feitiçaria que se prolonga também pelas personagens que controlamos. Vamos lá conhecer este gangue:

  • Gin Carter – Jogador de póquer, fora-da-lei e tem o “poder” de atrair toda a escória que puderem imaginar. Não quer saber de nada nem de ninguém a não ser dele mesmo. A sua skill, Shadow Barrage, faz com que possa disparar balas que atravessam objectos e as almas dos adversários.
  • Clive“Kestrel”Colt – Dizem que é mais rápido do que a própria sombra a disparar e raramente falha.
  • Flynn – Uma orfã, uma ladra e uma feiticeira, tudo na mesma pessoa. Tem como skill a Shadow Trap, onde consegue trocar de lugar com um adversário, ficando numa posição priveligiada ou então colocando o adversário a jeito para o restante gangue tratar da sua saúde.
  • Laughing Deer – Um indío que foi escomungado da sua tribo, a Shadow Dance e, como tal, juntou-se ao gangue para sacear a sua sede de matança. A sua skill Wild Run faz com que a distância que percorre é igual ao dano desenfreado que desfere.
  • Old Man Bill – Já foi um pouco de tudo. De xerife a caçador de recompensas passando por exorcista e fora-da-lei. Estava morto e assim queria continuar mas não o deixaram estar quieto. A sua skill Deadmans Revenge faz com que o seu corpo dispare balas em todas as direcções.
  • Cla’Lish – Uma sobrevivente do apelidado Massacre de Elk Rut onde ficou sem família e sem tribo, mas carrega as almas de todos na sua pessoa. Como tal a sua skill Deceptive Spirit, invoca um espírito para distrair ou atacar os adversários.
  • Lazarus – É um homem de fé e um curador. Junta-se ao gangue na tentativa de afastar todo o mal do mundo. A sua skill Transfusion permite-lhe partilhar os seus pontos de vida e de status com o gangue.

O jogo divide-se em dois planos de jogabilidade. Uma através de uma perspectiva de cima para baixo, onde lideramos o nosso gangue pelo mapa, explorando pontos de interesse, interagindo em acampamentos para entrar em missões secundárias, visitar cidades para fazer algumas compras e outros locais para iniciar as sequências de combate. Quando entramos em combate, a jogabilidade muda para uma perspectiva isométrica e num jogo de estratégia baseada em turnos, o que significa que vamos comandar cada personagem e usar os seus pontos de ação para nos movermos, atacarmos e defendermos em cada turno. Depois de terminarmos o nosso turno é a vez dos inimigos e assim sucessivamente.

É nas sequências de combate que Hard West II mais impressiona, tanto pelo design que apresenta de cada personagem e local, assim como de todos os efeitos, reflexos, efeitos de luz e detalhe das texturas apresentadas. Com um HUD com uma leitura super simples e intuitiva tal como acontece com o inventário e os menús a recuperar muito a vibe do “O Bom, o Mau e o Vilão“. Essa simplicidade e beleza permite-nos focar no principal, o combate por turnos. E o jogo é bastante difícil, mesmo na dificuldade mínima. Isto porque não só vamos ter que planear toda a estratégia nas sequências de combate, como vamos ter de gerir a vida do nosso gangue que fica no máximo após cada batalha. Para isso temos que ir a um médico ou ter suprimentos suficientes para curar os nossos elementos num acampamento e, garanto-vos que mesmo assim vão fracassar umas quantas vezes nessa gestão.

O que vale é que o combate por turnos é uma delícia, e por isso, não vai fazer grande mossa. Para além de nos movermos, com os nossos pontos de acção, procurando o melhor caminho ou um ponto de vantagem perante o inimigo, também podemos jogar com as estruturas para ficarmos mais protegidos dos adversários, seja atrás de paredes, caixas, etc; assim como usar os mesmos pontos para uma posição de defesa e abrigo. Depois temos as acções de ataque propriamente ditas: o ataque “regular” de cada uma das personagens, que pode passar por disparar uma arma, uma flecha ou ataque corpo a corpo e o ataque especial de cada uma das personagens em si. Mais uma vez é uma questão de gestão, mas com alguns “tweaks”, pois podemos disparar num objecto para fazer ricochete e apanhar o inimigo desprevenido ou usar o sistema de cartas para nos dar alguma vantagem perante o adversário.

Este sistema de cartas, em clara ligação com a história do jogo, faz com que possamos combinar cartas para cada personagem ter algumas vantagens, desbloquear habilidades para a personagem ou para ajudar o grupo no seu todo. Este sistema chama-se The Deck of Haunts e funciona da seguinte maneira: cada personagem pode usar até 5 cartas que vamos desbloqueando e encontrando ao longo do jogo. Os buffs podem ser de vida, rapidez, sorte ou bullseye, sendo que multiplicam-se pelas regras do póquer e das combinações, a mais elevada um Royal Flush, por exemplo e a mais baixa apenas um par de cartas igual.

Há ainda uma mecânica que dá ainda um maior sentido de estratégia ao jogo que é o Bravado. Basicamente se matarmos um adversário na ronda dessa personagem, os pontos de acção podem ser restituídos até ao seu máximo para voltar a atacar, defender ou apenas mover. Isto vai fazer com que pensemos muito bem em como e quando atacar para tentar manter a streak de forma a estarmos sempre a aviar cartuchos.

Cada jogador tem o seu loadout que pode ser mudado antes de cada sequência de combate, onde podemos escolher as armas que vamos utilizar, desde uma pistola a uma caçadeira passando por um rifle ou um machado, os consumíveis e as armas de arremesso e os amuletos que também dão pequenos buffs a personagens específicas.

O jogo é muito completo em todos os seus parâmetros e mecânicas e jogadores de um XCOM ou de um Gear Tactics não vão ficar defraudados. Assim como os jogadores de um bom RPG também vão ficar entusiasmados com o sistema de Lealdade incorporado, onde, perante decisões que tomamos nos diálogos ou nas decisões que tomamos em determinados locais, vamos aumentando a relação entre os membros do gangue e criando laços e também buffs. Existe assim uma boa dose de causa e efeito, que torna o jogo mais aliciante.

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Hard West II é um excelente jogo de combate por turnos, dos melhores que já joguei até hoje. Nem sempre é fácil manter a fluidez e dinâmica neste género para não se tornar aborrecido e monótono, mas a Ice Code Games conseguiu, através de um forte componente de RPG, criar um ritmo interessante e desafiante. Com uma direcção artística acima da média e com mecânicas apuradas, é, sem dúvida alguma, um dos belos jogos deste ano.

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-hard-west-ii<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Mecânicas simples e dinâmicas num jogo de combate por turnos</li> <li style="text-align: justify;">Direcção artística e gráficos acima da média</li> <li style="text-align: justify;">Uma boa variedade de desafios e muita estratégia</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">É bastante difícil mesma na dificuldade menor o que pode levar a alguma frustração</li> </ul>