Developer: Blizzard Entertainment
Plataforma: PC, IOS e Android
Data de Lançamento: 25 de Março de 2025
Desde o seu lançamento, em 2014, Hearthstone consolidou-se como uma das maiores referências no mundo dos jogos de cartas digitais, marcando uma geração de jogadores e tornando-se um pilar do cenário competitivo dos esports. Poucos jogos conseguem manter-se relevantes por tanto tempo, enfrentando as inevitáveis mudanças de tendências, o surgimento de novos concorrentes e as constantes transformações na forma como consumimos videojogos. A verdade é que Hearthstone resistiu e continua a resistir, não só pela sua jogabilidade acessível, mas também pela forma consistente com que as expansões renovam o jogo e o mantêm fresco.
As expansões são o coração de Hearthstone. A cada novo conjunto de cartas, surgem novas keywords, mecânicas inovadoras, temáticas interessante, e cartas que reescrevem por completo o meta, abrindo espaço para novas estratégias e formas criativas de jogar. Não se trata apenas de acrescentar mais cartas: cada expansão redefine o ambiente competitivo, altera a dinâmica do gameplay e desafia tanto jogadores casuais como profissionais a adaptarem-se e a encontrarem as combinações mais eficientes ou imprevisíveis.
É precisamente esta renovação cíclica que permite a Hearthstone manter a sua vitalidade, mesmo após mais de uma década no mercado. No contexto competitivo, as expansões não são apenas um evento comemorativo, mas momentos decisivos que podem determinar o sucesso ou o fracasso de jogadores profissionais ao longo do ano. Equipas e jogadores solo mergulham em horas e horas de theorycrafting, análises e treinos, sabendo que a compreensão profunda da expansão pode ser a chave para triunfar nos principais torneios e campeonatos do circuito Hearthstone Masters.
É neste panorama que chega Into the Emerald Dream, a 29ª expansão de Hearthstone, e a primeira de 2025, que traz consigo uma temática mágica e nostálgica para muitos fãs do universo Warcraft. O conflito entre as forças naturais e pacíficas do Sonho e a corrupção ameaçadora do Emerald Nightmare serve de pano de fundo para uma expansão que além de introduzir novas mecânicas — como Imbue e Dark Gift — também reforça a identidade de classe e dá aos jogadores ferramentas inéditas para explorar.
Desde o início, Hearthstone sempre foi uma celebração do mundo de Warcraft, não apenas nas mecânicas e classes inspiradas diretamente nas raças e personagens do universo criado pela Blizzard, mas principalmente na forma como cada expansão transporta os jogadores para cenários marcantes na série. Into the Emerald Dream não é exceção, e, para muitos, é até um dos momentos mais aguardados, já que o Emerald Dream sempre foi um dos locais mais misteriosos e fascinantes do lore de Warcraft.
O Emerald Dream é um conceito antigo dentro da história de Warcraft, existindo como uma espécie de realidade paralela, um plano imaterial que representa a natureza em estado puro. Criado pelos Titãs e sob a vigilância dos Green Dragons liderados por Ysera, o Dream serve como um modelo do mundo natural de Azeroth, funcionando quase como a alma viva do planeta. No entanto, assim como vários elementos do lore de Warcraft, essa utopia também foi ameaçada por forças sinistras, culminando na infame corrupção conhecida como Emerald Nightmare, causada pela influência dos Old Gods.
É precisamente essa dualidade que Into the Emerald Dream procura explorar dentro de Hearthstone. A expansão recria a batalha eterna entre os defensores do Dream — representados por Ysera, os Green Dragons, e os lendários Wild Gods — e as forças corruptoras do Emerald Nightmare, lideradas por criaturas deformadas e enlouquecidas pela energia caótica dos Old Gods. Esta abordagem honra directamente a narrativa clássica dos jogos e romances de Warcraft, mas aprofunda igualmente a relação de Hearthstone com as suas raízes, consolidando o jogo como uma extensão viva e em constante expansão deste universo.
No jogo, essa relação temática reflete-se na divisão das classes: seis alinhadas com o Emerald Dream (Druid, Hunter, Mage, Paladin, Priest e Shaman) e cinco com o Emerald Nightmare (Death Knight, Demon Hunter, Rogue, Warlock e Warrior). A mecânica Imbue, exclusiva das classes do Dream, fortalece os Hero Powers, simbolizando crescimento e renovação. Já Dark Gift, ligada ao Nightmare, concede poderes extras, mas sempre com um toque de corrupção e caos, como na história original.
Outro ponto forte dessa ligação é a inclusão dos Wild Gods, figuras emblemáticas da mitologia de Azeroth. Desde Cenarius, patrono dos Druids e símbolo máximo da harmonia entre natureza e magia, até Ursoc e Ashamane, que, apesar de já conhecidos dos jogadores de World of Warcraft, surgem agora em versões corrompidas e devastadoras, refletindo os perigos do Nightmare. Cada classe recebe o seu próprio Wild God, e essa escolha não foi aleatória, já que cada um deles tem uma forte relação com a identidade e a história da classe que representam, enriquecendo ainda mais a experiência de cada jogador ao usar o seu deck.
Into the Emerald Dream também traz um reforço narrativo importante para a cronologia interna de Hearthstone. Apesar de o jogo ter sempre optado por uma linha mais descontraída e até humorística, várias das suas expansões mais recentes têm mantido uma consistência narrativa que espelha as grandes histórias de Warcraft. Esta expansão segue essa tendência ao revisitar um dos arcos mais importantes e emocionalmente carregados de World of Warcraft, ao mesmo tempo que oferece liberdade criativa para reinterpretá-lo no estilo característico de Hearthstone.
Com a chegada de Into the Emerald Dream, Hearthstone recebe uma série de novas mecânicas e conceitos que não só diversificam as estratégias dentro do jogo, como também reforçam a temática da expansão. Desde um novo Keyword que transforma Hero Powers, e um sistema inovador que adiciona efeitos especiais às cartas descobertas, esta expansão traz mudanças importantes para os jogadores. Além disso, a introdução de novas cartas lendárias e sinergias de classe promete alterar profundamente o meta e abrir espaço para estratégias até então inéditas.
A mecânica de Imbue, introduz uma nova forma de evoluir o Hero Power ao longo do jogo. Cada vez que uma carta com este Keyword é jogada, o Hero Power do jogador vai melhorando, tornando-se mais poderoso e acumulando efeitos adicionais a cada nova activação do Imbue. Isso incentiva um estilo de jogo progressivo, em que os jogadores precisam planear a melhor forma de usar as várias opções que o seu baralho proporciona ao longo da partida.
Além de modificar diretamente as Hero Powers, algumas cartas interagem com essa mecânica e oferecem vantagens para quem investir nesse estilo de jogo. Um óptimo exemplo é o de Malorne the Waywatcher, uma lendária neutra que reduz permanentemente o custo do Hero Power para “1”, caso o jogador tenha usado Imbue pelo menos quatro vezes na partida. Isso cria uma dinâmica interessante em que os jogadores precisam equilibrar a optimização do deck com a necessidade de pressionar o adversário.
A mecânica Dark Gift vem introduzir uma nova variante de estratégica ao jogo, especialmente para as classes alinhadas com o Emerald Nightmare — Death Knight, Demon Hunter, Rogue, Warlock e Warrior. É uma nova funcionalidade ligada ao efeito Discover, e ao contrário do tradicional sistema de escolha entre três opções, as cartas que utilizam Dark Gift concedem minions com habilidades extras que alteram o seu impacto no jogo. Como resultado, as cartas que fazem uso dessa mecânica ampliam a variedade de opções disponíveis para os jogadores, e também acrescentam uma enorme imprevisibilidade ao jogo, exigindo um pensamento tático mais complexo.
Cada classe recebe um Wild God lendário, e são muito mais do que apenas tematicamente relevantes dentro da lore do jogo, já que também desempenham papéis cruciais no campo de batalha. Classes como Druid e Hunter, que historicamente favorecem estratégias focadas em Beasts e Summoning Effects, agora contam com Cenarius e Goldrinn, que potencializam esses estilos de jogo. Já classes como Warlock e Warrior, que receberam versões corrompidas dos Wild Gods, ganham ferramentas agressivas ou de controlo baseadas na devastação do Nightmare.
Foram adicionadas um total de 145 novas cartas com esta expansão, distribuídas entre as 11 classes jogáveis e as cartas neutras. Determinar quais cartas que terão um impacto real no meta competitivo exige uma análise cuidadosa das suas sinergias e do seu potencial para definir novas estratégias. Algumas já se destacam como possíveis peças-chave, tanto para estilos já consolidados quanto para novas abordagens que podem surgir nesta fase inicial da expansão.
Todas as classes passaram igualmente a ter acesso à mecânica Choose One, anteriormente exclusiva dos Druids, aumentando as opções táticas disponíveis para os jogadores. Esta novidade exemplifica como a intenção de Into the Emerald Dream é de proporcionar formas criativas de relacionar elementos de formas que antes não era possível. E é algo que enriquece a experiência estratégica do jogo, oferecendo novas possibilidades de tomada de decisão e de personalização das jogadas.
Entre as cartas que se destacam nesta nova abordagem, Spark of Life (Mage) permite ao jogador escolher entre causar dano direto ao oponente ou restaurar pontos de vida, adaptando-se conforme a necessidade de agressão ou sobrevivência. Já Grace of the Greatwolf (Hunter) oferece a opção de fortalecer um lacaio aliado ou invocar uma fera adicional, proporcionando versatilidade entre aumentar a presença no tabuleiro ou reforçar unidades existentes. Por sua vez, Lightmender (Paladin) possibilita curar minions aliados ou conceder-lhes um aumento de ataque, permitindo ao jogador decidir entre sustentar as suas tropas ou aumentar a pressão ofensiva.
Assim, fica claro que Into the Emerald Dream reafirma a capacidade de Hearthstone de se reinventar a cada nova expansão, trazendo novas mecânicas, sinergias criativas e uma forte ligação ao lore de Warcraft. Este novo conteúdo promete deixar uma marca profunda na história do jogo, garantindo que este continue relevante e empolgante tanto para veteranos quanto para novos jogadores.