Developer: Ember Lab
Plataforma: Xbox Series X|S
Data de Lançamento: 15 de agosto de 2024
Depois do sucesso de Kena: Bridge of Spirits no seu lançamento em 2021 para PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, a Ember Lab decidiu agora lançar o jogo para a Xbox Series X|S. Para quem não está por dentro do estúdio, este tem uma grande experiência no que toca a animação gráfica, e isso nota-se claramente durante todo o jogo, que apresenta uma estética cativante para qualquer jogador.
A história de Kena: Bridge of Spirits transporta-nos para um mundo encantado e ao mesmo tempo atormentado por forças malignas. O enredo coloca os jogadores na pele de Kena, uma Guia Espiritual, cujo propósito é ajudar espíritos presos a encontrar a paz e completar a sua jornada para o além. O jogo passa-se numa vila abandonada e nas suas redondezas, um local que, apesar da sua beleza natural, está assolado por uma corrupção que afeta tanto o ambiente quanto os espíritos que nele residem.
Kena é guiada pela missão de restaurar a ordem e curar a corrupção que afeta a terra. Para isso, teremos de interagir com os espíritos, resolver quebra-cabeças e combater inimigos. Os espíritos, cada um com uma história e uma missão própria, são fundamentais para avançarmos na narrativa. Através das memórias desses seres, Kena irá desvendar os trágicos eventos que os mantêm presos e procurar resolver os mistérios por trás da maldita corrupção.
A narrativa é muito bem apresentada, e revelada de forma fragmentada, com os detalhes a serem divulgados lentamente de maneira a irmos compreendendo todo o passado da vila e os traumas dos espíritos através das cutscenes e diálogos. O jogo utiliza uma combinação de elementos visuais e sonoros para construir um ambiente imersivo e emocional. No entanto, o desenvolvimento das personagens. por vezes, é pouco aprofundado, e aqui reside a maior falha do jogo que se foca mais na resolução dos enigmas, quebra-cabeças e na exploração, do que em oferecer aos jogadores algo rico no aspecto narrativo.
Se nos focarmos na jogabilidade, esta é extremamente fluida e acessível, combinando elementos de ação, exploração e resolução de quebra-cabeças. O jogo oferece uma experiência de combate interessante, onde Kena utiliza um bastão para realizar ataques leves e pesados, além de um arco que é desbloqueado com o avançar da história, acrescentando novas possibilidades aos jogadores.
A mecânica central do jogo anda à volta dos Rot, pequenas criaturas espirituais que acompanham Kena na aventura. Eles desempenham papéis cruciais tanto no combate, mas principalmente na resolução dos quebra-cabeças. Durante as batalhas, os Rot podem ser usados para distrair inimigos ou realizar ataques especiais, dependendo da barra de coragem que é preenchida com o decorrer dos combates. Fora do combate, os Rot ajudam-nos a mover objetos, ativar mecanismos e purificar áreas corrompidas, sendo por isso fundamentais para o nosso progresso.
A estrutura do jogo é semi-linear, com a vila central que serve como um hub para explorar as diferentes áreas. Embora o mundo não seja aberto, há um grau significativo de exploração, onde o jogador pode regressar a áreas previamente visitadas para descobrir segredos e colecionáveis com novas habilidades adquiridas ao longo da aventura. Algo que se nota durante todo o jogo – que também não é muito longo –, é o balanceamento durante toda a progressão, deixando sempre o jogador satisfeito, quer no combate, como na exploração e na resolução dos quebra-cabeças.
Sabendo que o jogo foi lançado primeiramente como um exclusivo PlayStation e PC, é difícil não fazer algumas comparações com outros jogos. Por exemplo, no aspecto do combate, a utilização do arco e flecha foi claramente inspirado em Horizon Zero Dawn, e se quisermos ir um pouco mais longe, podemos também dizer que God of War serviu de inspiração no posicionamento da câmara , tanto na exploração como no combate, já que uma câmara fica posicionada sobre o ombro de Kena. Já a parte dos quebra-cabeças, a inspiração em The Legend of Zelda é bastante fácil de perceber, embora não tão criativos como o exclusivo da Nintendo.
Um dos aspectos que é impossível não destacar Kena: Bridge of Spirits é a parte gráfica, já que é uma verdadeira obra de arte visual. Desde o primeiro momento que iniciamos o jogo ficamos encantados com o mundo vibrante e detalhado que o jogo apresenta. Cada cenário é meticulosamente construído, com paisagens que variam de florestas exuberantes a cavernas misteriosas, criando uma atmosfera encantadora e mágica. A atenção aos detalhes é evidente em cada canto do jogo, desde a vegetação que balança com o vento até aos pequenos Rot que seguem Kena e interagem com a personagem e com o ambiente que os rodeia.
A estética leva-nos para muito próximo dos filmes animados da Pixar, as cutscenes bem elaboradas e a riqueza dos visuais tornam a experiência de jogo ainda mais vibrante visualmente. Os modelos das personagens são igualmente impressionantes, com expressões faciais e animações fluidas que dão vida à narrativa e às interações das personagens.
Já o aspecto sonoro é outro dos pontos fundamentais para conseguirmos obter uma excelente experiência de jogo. A música acompanha perfeitamente as várias nuances da história, desde momentos calmos a batalhas mais intensas contra bosses. Os efeitos sonoros estão muito bem trabalhados, com cada ataque, movimento e interação no ambiente emitindo um som claro e apropriado. Os sons da natureza, como o vento, ou o barulho da água a correr criam uma atmosfera vida no jogo.
Kena: Bridge of Spirits é sem dúvida um jogo a ter em conta pelos jogadores da Xbox, tal como foi para os jogadores da PlayStation e PC em 2021. Diria que é um dos melhores lançamentos deste mês para a consola da Microsoft, oferecendo aos jogadores um jogo visualmente deslumbrante e que certamente ficará na memória de muitos jogadores.