Developer: Sobaka Studios
Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X|S, PlayStation 4, Xbox One, PC
Data de Lançamento: 30 de Abril de 2025

Como fã declarado de Roguelikes, o entusiasmo que sentia por Kiborg, da Sobaka Studios, crescia de forma “incontrolável” desde o momento em que vi os primeiros trailers. A estética cyberpunk chamou-me imediatamente à atenção, evocando um mundo decadente e tecnológico onde cada canto parece esconder algo perigoso ou potencialmente útil. E felizmente, o jogo não me desiludiu. Muito pelo contrário, entregou uma experiência altamente viciante, com combate sólido e um loop de progressão que me manteve preso durante horas.

Assumimos o papel de Lee Morgan, um prisioneiro condenado a uma pena de 1300 anos na prisão mais temida da galáxia. A história é direta: a nossa única forma de escapar passa por encontrar um shuttle escondido no último nível da prisão. Ao longo da jornada, surgem algumas cutscenes que nos tentam contextualizar ou adicionar camadas à narrativa, mas sinceramente não me cativaram muito. A história não é o foco principal aqui — o gameplay é claramente o centro das atenções, e é aí que Kiborg brilha com mais intensidade.

Mesmo que a narrativa pudesse ser mais profunda ou envolvente, o jogo compensa ao colocar-nos continuamente em movimento, em desafios constantes, a experimentar novas builds, habilidades e estratégias. Cada run conta uma história própria, moldada pelas decisões que tomamos e pelas ferramentas que escolhemos.

O coração de Kiborg está no seu loop roguelike. Entramos numa run, combatemos hordas de inimigos, apanhamos loot, experimentamos upgrades, evoluímos… e inevitavelmente, morremos. Mas morrer faz parte da experiência. Cada falhanço é uma oportunidade de aprendizagem, de otimização. Voltamos à carga com mais conhecimento, talentos desbloqueados e vontade redobrada de chegar mais longe. O jogo recompensa-nos constantemente, mesmo quando falhamos.

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Há uma progressão persistente entre runs que nos permite desbloquear talentos passivos e upgrades cibernéticos. Esta evolução dá-nos aquela sensação de estarmos sempre a avançar, mesmo quando enfrentamos dificuldades. A possibilidade de alterar o nosso estilo de jogo run após run faz com que seja quase impossível cair na monotonia — há sempre algo novo para experimentar, testar, otimizar.

O combate é onde Kiborg mais se destaca. Fluido, responsivo e cheio de possibilidades. À primeira vista, pode parecer um hack and slash convencional, mas rapidamente percebemos que há profundidade suficiente para o tornar verdadeiramente especial.

Temos ataques leves e pesados no corpo a corpo, combos, um ataque em área, lock-on, parry e esquiva. A esquiva, aliás, é essencial: saber o momento exato para evitar um golpe pode ser a diferença entre uma run bem-sucedida ou um recomeço frustrante. A sensação de impacto nos ataques está muito bem conseguida, e há um claro feedback visual e sonoro que nos faz sentir o peso de cada golpe desferido.

As armas são muitas e variadas. Durante as runs podemos apanhar desde facas rápidas, ideais para um estilo de jogo ágil, até maretas lentas mas extremamente poderosas. O mesmo se aplica às armas de fogo — desde pistolas com maior cadência e menos dano, até espingardas e caçadeiras com efeitos devastadores a curta distância. A escolha da arma ideal depende do nosso estilo de jogo e dos inimigos que enfrentamos, o que adiciona uma camada tática importante ao combate.

E falando nos inimigos, a variedade é interessante. Encontramos desde simples rufias corpo a corpo, até inimigos com armas à distância, escudos, e alguns mais resistentes que requerem abordagens diferentes. A inteligência artificial não é revolucionária, mas faz o suficiente para nos obrigar a manter a atenção — especialmente quando surgem vários tipos de inimigos ao mesmo tempo.

O único ponto onde senti alguma repetição foi nos bosses. Apesar da variedade visual e temática, as lutas com bosses tornam-se rapidamente previsíveis. Com uma boa esquiva e paciência, é possível derrotá-los seguindo um padrão simples. Faltou-lhes alguma imprevisibilidade ou mecânicas mais desafiantes que nos obrigassem a pensar de forma diferente.

Kiborg apresenta dois sistemas de progressão fundamentais: os talentos passivos e os upgrades cibernéticos.

Os talentos passivos são desbloqueados com a moeda que ganhamos durante as runs e permitem-nos moldar o nosso personagem à medida dos nossos gostos. Podemos começar com mais vida, com uma arma específica, com mais energia ou com outros benefícios que se tornam valiosos nas dificuldades mais altas. São melhorias que, apesar de discretas individualmente, acumulam-se e fazem a diferença.

Já os upgrades cibernéticos são o verdadeiro destaque. Estes upgrades não só alteram o gameplay, mas também a aparência do personagem, o que acrescenta um toque estético bastante agradável. Um dos meus favoritos foi o braço cibernético que invocava quatro braços adicionais ao final de um combo, causando dano massivo. Outro upgrade fazia com que a minha pistola disparasse balas incendiárias — uma verdadeira arma de destruição quando usada com sabedoria.

A personalização que estes upgrades permitem é imensa. Podemos tornar-nos num tanque de combate, num ninja ágil ou num especialista em armas de fogo — tudo depende das escolhas que fazemos. Este sistema de progressão cria um vício positivo: queremos experimentar tudo, testar novas combinações, maximizar o potencial do personagem.

As diferentes dificuldades que vamos desbloqueando encaixam na perfeição neste sistema. À medida que vamos ficando mais fortes e confiantes, o jogo desafia-nos a subir a fasquia. E esse desafio é genuíno — não se trata apenas de inimigos com mais vida, mas sim de situações mais intensas, mais inimigos ao mesmo tempo e menos margem para erro.

No campo do áudio, Kiborg surpreende. Cada golpe tem peso, cada disparo tem impacto. A música acompanha o ritmo frenético das runs, com variações entre eletrónica e rock que funcionam bem em diferentes momentos. Quando enfrentamos um boss, o ambiente sonoro muda, ficando mais tenso e sombrio — uma transição simples, mas eficaz, que contribui para a atmosfera do jogo. O voice acting não é particularmente extenso, mas nas poucas personagens que têm falas, o trabalho está bem feito e nunca distrai da ação. Tudo está afinado para criar uma imersão contínua e agradável.

Graficamente, Kiborg não tenta ser um portento técnico — e não precisa de ser. Os modelos dos personagens, inimigos e bosses têm boa definição, os cenários, apesar de não muito variados, são funcionais e consistentes com o tom do jogo. O destaque vai para os efeitos visuais associados aos upgrades cibernéticos, que não só são úteis como visualmente apelativos. Durante as minhas horas de jogo, não encontrei glitches relevantes nem problemas técnicos de maior. A performance foi estável, e a apresentação geral é mais do que suficiente para nos manter envolvidos.

Kiborg é um daqueles jogos que nos apanha de surpresa. Não promete revolucionar o género, mas executa com excelência aquilo a que se propõe. O combate é divertido e desafiante, a progressão é viciante, e a estética cyberpunk dá-lhe uma identidade muito própria. Se és fã de Roguelikes, este é daqueles títulos obrigatórios. Se gostas de combates na terceira pessoa com influência de clássicos beat’em up, vais sentir-te em casa. Para veteranos, Kiborg é um regresso aos bons velhos tempos. Para novatos, é uma porta de entrada perfeita.

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Rui Jorge
Desde miúdo conhecido como Ni, nasceu rodeado pela indústria dos vídeojogos em grande parte devido ao irmão, desde o Spectrum ZX ao Amiga 600, que jornada bonita tem sido. É fanático por padel, gosta de uma boa sessão a ouvir musica e não perde um bom jogo de NBA.
analise-kiborg<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Combate satisfatório</li> <li style="text-align: justify;">Mecânicas Roguelike muito bem conseguidas</li> <li style="text-align: justify;">Áudio bem otimizado </li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Historia não é o foco</li> <li style="text-align: justify;">Bosses muito previsíveis</li> </ul>