Developer: SNK, Koch Media
Plataforma: PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series S|X e PC
Data de Lançamento: 17 de Fevereiro de 2022

Se calhar para alguns de vocês não será assim tão literal, mas para mim, falar de King of Fighters é rapidamente ser transportado para os anos 90, para as máquinas arcade da Feira Popular de Lisboa e tardes a tentar chegar ao fim do jogo com uma míseras moedas.

Mais tarde, com uma vaga de emuladores que surgiram para o PC, entre os quais de jogos arcade, nomeadamente da Neo Geo e da SNK, foram longas e várias tardes em que me barricava com o meu amigo Rui Gonçalves a jogar King of Fighters e os seus derivados.

Portanto quando vi o regresso da série, depois de um hiato de quase 6 anos, o entusiasmo era enorme, especialmente, para ver como o jogo se iria adaptar à nova geração e à nova exigência dos tempos modernos, a competição online.

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King of Fighters XV e o seu Modo de História segue a fórmula de um Modo Arcade tradicional, para varrermos com um dos trios oficiais. Há, ainda, cenas intermediárias que dão contexto ao enredo principal, mas sem um grande aprofundamento em termos de narrativa.

A premissa, essa também não mudou e segue os eventos de King of Fighters XIV, onde Antonov anunciou o seu afastamento da organização do torneio e uma nova e misteriosa patrocinadora, chamada Anastásia, assumiu a competição. Dois dos trios de lutadores estão no centro dos acontecimentos desta nova edição, por um lado a Equipa dos Heróis, composto pelos protagonistas Shun’Ei, Meitenkun e Benimaru; e a Equipa dos Rivais, que traz o veterano Heidern e as estreantes Isla e Dolores.

A história não tem nada de complexa nem elaborada como vimos em outros jogos de luta, que aprofundaram a sua componente de narrativa e cinemáticas. A SNK apontou baterias para os fãs mais nostálgicos e que apenas e só, querem passar horas a zerar este modo, isto é, a descobrir os 13 finais, dos 13 trios disponíveis.

Infelizmente os 13 finais não são animados, isto é, a SNK preferiu fechar os capítulos dos 13 trios com imagens paradas com o contexto a ser dado através de legendagem e voz, perdendo a oportunidade de se modernizar, de, por exemplo, expandir o trabalho de Masamo Obari, o artista gráfico que ficou conhecido pelo seu envolvimento nas animações de Fatal Fury nos anos 90 e que até criou a excelente abertura em anime de altíssima qualidade para este jogo. É uma pena que a SNK não o tenha utilizado para os finais do Modo História.

Passemos então para a jogabilidade deste King of Fighters XV que traz algumas novidades, desde logo um novo sistema apelidado de Shatter Strike. É um sistema que defende e contra ataca quando temos uma ou mais barras de poder.

Temos o tradicional Max Mode, que com duas ou mais barras de poder podemos ativar este modo que nos permite dar mais dano e defender melhor durante um período de tempo. 

O tradicional Rush está de volta, basicamente são combos que podemos executar apenas com o premir da mesma tecla, sendo que se tivermos duas ou mais barras de poder, o premir do quarto botão define o ataque final desse mesmo combo.

Temos ainda os EX Special Moves, que como podemos ver podem ser executados no Max Mode ou se meia barra de poder.

Os Super Special Moves que exigem combinações específicas para cada uma das personagens para executar e consomem uma barra de energia.

E os Max Super Special Moves e os Climax Super Special Moves que, também utilizando combinações específicas para cada personagem, exigem ter duas ou três barras de poder, respectivamente.

As animações destes Climax Super Special Moves têm animações próprias como é habitual na série e também neste tipo de jogos.

Não há dúvidas de que o jogo traz uma jogabilidade mais divertida e interessante da série. Tem a estrutura do seu antecessor, mas agora temos uma maior liberdade para usar e fazer a gestão das barras de poder e de utilizar as versões Ex dos especiais das persoangens. Isto acaba por dar uma maior margem de manobra para a criação de combos.

No total há 39 lutadores disponíveis em KoF XV, e mais lutadores serão adicionados via DLC ao longo do tempo. O número é menor do que em KoF XIV, quando tínhamos 50, mas os princiapais ícones da franquia, como Andy Bogard, Terry Bogard, Joe Higashi, Robert Garcia, Ryo Sakazaki e Mai Shiranui estão presentes. Aqui fica a lista completa:

  • Team Hero: Shun’Ei, Meitenkun e Benimaru;
  • Team Rival: Isla, Dolores e Heidern;
  • Team Sacred Treasures: Kyo, Iori e Chizuru;
  • Team Fatal Fury: Terry, Andy e Joe Higashi;
  • Team Art of Fighting: Ryo, Robert e King;
  • Team Orochi: Yashiro, Shermie e Chris;
  • Team Super Heroine: Athena, Mai Shiranui e Yuri;
  • Team Ikari: Leona, Ralf e Clark;
  • Team G.A.W.: Antonov, Ramon e King of Dinosaurs;
  • Team Secret Agent: Blue Mary, Vanessa e Luong;
  • Team K’: K’, Maxima e Whip;
  • Team Ash: Ash Crimson, Elizabeth e Kukri;
  • Team Krohnen: Krohnen, Kula Diamond e Angél.

No entanto nem tudo são rosas, a SNK vai contra a corrente de jogos como Guilty Gear Strive, que incorporam comandos mais acessíveis com combinações de dois botões para executar especiais e contra ataques, por exemplo. É verdade que temos combinações clássicas de meia lua e um botão de ação, mas há outros que exigem um timing e execução perfeita, sem qualquer “tolerância” para executar o movimento. Como ritmo do jogo é bastante elevado é normal que os inputs não saiam da forma mais limpa possível e portanto não conseguimos executar o ataque.

Já em termos gráficos temos uma melhoria substancial, algo que a SNK já tinha provado conseguir fazer com Samurai Showdown. Todos os modelos foram atualizados para dar uma maior fidelidade visual a cada uma das personagens, mas ainda há espaço para melhorias. Isto porque é notável em alguns lutadores um melhor acabamento do que em outros. Isso acontece com a estreia de personagens como Isla ou Dolores e outras que fazem a sua estreia no formato 3D, como é o caso de Ash Crimson, Elizabeth, Chizuru e o Equipa Orochi. O mesmo acontece com as animações, com todos os movimentos reciclados de KoF XIV incluindo os movimentos especiais mais poderosos, os tais Clímax.

Em termos sonoros aí existe uma melhoria notável, com a compilação de maisde 300 músicas de toda a história da franquia e que podem ser configuradas em listas de reprodução personalizadas para tocar durante as partidas.

Antigamente bastava que os jogos de luta fossem bons “em casa”, isto é, a jogar contra os amigos na mesma consola, agora a história é outra e uma boa componente online é fundamental nos dias de hoje para que as competições online sejam justas. Para isso este KoF Xv traz um netcode de rollback para garantir que as partidas sejam responsivas, dispensando o atraso nos botões que é comum em netcode de delay.

Isto dá-nos a possibilidade de ter um maior número de adversários para as partidas ranqueadas, casuais ou até nas salas dedicadas. Possivelmente os dois períodos de Beta vieram ajudar a recolher feedback e as coisas correm tranquilamente sem qualquer tipo de dificuldade em encontrar adversários e ainda mais na resposta dos comandos nas partidas online.

Este facto é ainda mais visível no novo modo de jogo online onde até seis jogadores podem jogar juntos, cada um a controlar uma personagem do trio de cada vez. Há ainda o chamado Modo Recruta, em que os jogadores selecionam um lutador de cada vez, alternando entre si e sem poder fazer escolhas repetidas.

Só é uma pena que o crossplay ainda não seja uma realidade. A comunidade será dividida mais uma vez entre plataformas, com exceção do PlayStation 4 e PlayStation 5 que compartilham os mesmos sistemas.

King of Fighters XV melhorou em quase todos os aspectos. Recupera os traços dos jogos de arcada da SNK, tem um lado saudosista com as músicas das 15 edições do jogo e traz um sistema de combate adaptado às necessidades de uma nova geração. Os combates online funcionam às mil maravilhas, mesmo em formato 3vs3 e os gráficos foram aprimorados. Tenho pena que o Modo História não tenha mais cutscenes e animações como a da entrada do jogo, tinha muito a ganhar com isso, porque a qualidade está lá.

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Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
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