Developer: Nintendo
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 25 de março de 2022
Juntamente com Mario e Link, Kirby é certamente um dos personagens mais impactantes da Nintendo, sendo mesmo impossível não associarmos qualquer um dos três à marca nipónica. O primeiro jogo de Kirby foi lançado em 1992 para o Game Boy, desde então, a ascendência tem sido enorme, com uma quantidade enorme de aparições onde Kirby é protagonista, e noutros casos onde também marca presença, como foi o caso de Super Smash Bros. Ultimate, em que até é o primeiro personagem jogável no modo história.
Sendo este um personagem amado pelos fãs da Nintendo e principalmente pelos mais pequenos, a Nintendo tem tido cautela a cada jogo lançado, promovendo algumas alterações, mas tentando ter um cuidado de nunca alterar em demasiado entre jogos, sendo assim fácil reverter o que não causou grande impacto e continuar a melhorar aquelas alterações que agradaram aos jogadores.
Quando vi os primeiros trailers de Kirby and the Forgotten Land, devo confessar que tive um misto de emoções. Por um lado, ter um Kirby num mundo mais solto parecia bastante aliciante, mas por outro lado questionava-me até que ponto isso funcionaria. A realidade é que as primeiras ideias que tive do jogo estavam completamente erradas, até porque pelos primeiros trailers pensei que estávamos perante uma espécie de Kirby Odyssey, isto é, pensei que a Nintendo trouxesse aos jogadores um jogo com um mundo aberto, como conseguiu fazer com Super Mario Odyssey que tanto sucesso teve.
Na verdade, estava totalmente errado quanto à minha ideia, e embora neste jogo tenhamos mais liberdade de explorar em comparação com outros jogos da franquia Kirby, aqui estamos perante uma espécie de Super Mario 3D World – para terem uma comparação com o género de exploração e de mundo que vamos ter – mas, obviamente, com dinâmicas e elementos bastante diferentes, já que as próprias habilidades de Mario e Kirby são totalmente distintas. Seja como for, é uma enorme evolução para a franquia, e diria que este é o caminho a seguir, fazendo Kirby evoluir quer nas suas capacidades, quer no gameplay e no seu universo.
A história do jogo é simples, sem grande complexidade, e faz sentido assim ser, já que estamos a falar de um jogo que embora seja interessante para qualquer idade devido à sua jogabilidade (eu diverti-me bastante a jogá-lo). Tem igualmente um forte impacto nos mais pequenos, logo, quanto menor a complexidade, mais facilmente é compreendido pelos mais novos. Certo dia, Kirby estava a passear alegremente, quando no céu começa a ficar negro e surge uma espécie de portal, instantaneamente tudo e todos começam a ser sugados, fazendo com que Kirby por muito que lute contra a força de sucussão, seja também ele sugado para outro mundo.
Chegando a esse mundo, percebe que os habitantes daquele local andam a aprisionar todos aqueles que foram sugados. É nesse momento que Kirby mete mãos à obra, começando a ajudar todos os que estão presos, e é nessa ajuda que salva Elfilin, uma nova personagem da franquia, que será uma amiga preciosa nesta nova aventura. Elfilin viu a sua vila ser totalmente destruída, uma vila que e com a ajuda de Kirby irá tentar salvar aquele local de tudo o que está a acontecer. Será ela que nos guiará para vários locais, e, como não podia deixar de ser, o seu amigo Bandana Waddle Dee também foi sugado pelo portal, e será um dos personagens que nos acompanhará durante mais esta aventura, caso o jogador tenha companhia para jogar em co-op.
A maioria dos personagens aprisionados são Waddle Dees. Estão presos em jaulas e podem ser encontrados um pouco por todos os lados, quer durante os vários níveis que vamos percorrer, quer ao derrotar bosses, e até em locais escondidos dos níveis, o que nos leva a explorar muito bem todos os locais por onde andamos, ou mesmo a descodificar alguns quebra-cabeça (simples) para os encontrar. No final de cada nível teremos sempre a quantidade de Waddle Dees que existem para libertar, e a quantidade que libertamos, facilitando assim a nossa procura.
É de extrema importância libertar a maior quantidade de Waddle Dees, já que é a partir desses números que novas zonas serão desbloqueadas, e que também podemos ir reconstruindo a vila de Elfilin, local onde os Waddle Dees passaram a viver. Para perceberem o que quero dizer, o jogo está dividido por várias zonas, e cada uma delas tem vários níveis e um boss final. Se vocês fizerem todos os níveis e o boss final, libertando uma quantidade mínima de Waddle Dees, dificilmente conseguem desbloquear a área seguinte, terão de voltar a repetir os níveis, e libertar mais Waddle Dees, para conseguirem prosseguir a vossa caminhada.
As zonas que encontramos no jogo são bastante variadas, ou seja, a diferença dos níveis em cada uma das zonas oferece uma variedade significativa ao jogo, nunca dando a sensação de repetição. Além disso, tudo muda, quer os cenários, o ambiente, os inimigos, entre outras coisas. Teremos zonas verdejantes e cheias de cor (quem jogou a demo deve ter reparado nisso), uma zona desértica, uma zona de neve e até uma zona marítima, onde o ambiente de praia e sol está incrivelmente bem transportado para o cenário. Para não falar de uma zona que será um enorme parque de diversões, também ela com muita cor e o ambiente característico deste tipo de locais, cheio de carroceis, rodas gigantes, e outras coisas.
A variedade é grande, e a Nintendo com isso conseguiu proporcionar grandes novidades, quer por exemplo Kirby ter a possibilidade de nadar, como de comandar um barco, mas também aquela que será a maior novidade na jogabilidade – a possibilidade de Kirby se transformar em alguns objectos, o chamado modo Mouthful. Agora será possível nos transformarmos num Carro, numa máquina de latas de sumo, num pino gigante (daqueles cones que se usam nas obras das estradas), num anel gigante, numa lâmpada, entre outras coisas. Cada um desses objectos em que nos conseguimos transformar tem a sua própria habilidade, por exemplo com o anel é possível mandar rajadas de vento; e com o carro conseguimos atropelar os inimigos e até partir certas paredes. Quando estas transformações acontecem quase sempre existem locais escondidos para explorar e até uma nova jogabilidade para ser explorada pelo jogador.
Algo também interessante são os níveis que não fazem parte da história principal, que vão aparecendo nos cenários. Têm o aspecto de um portal em forma de estrela e são desbloqueados ao acabarmos níveis, ou por vezes estão escondidos e temos de navegar pelo cenários para os encontrarmos. Estes níveis são mais curtos, têm um tempo máximo para serem terminados e são desafios para o jogador superar e adquirir Rare Stones. Conseguem oferecer diversidade ao jogador, pois são totalmente diferentes daquilo que encontramos nos níveis da história.
Não é novidade que muitos dos inimigos que conhecemos da franquia estão de volta, assim como alguns bosses. Mas o jogo ao oferecer-nos esta nova ideia de mais exploração, com muito mais plataformas, com quebra-cabeças à mistura cria um ambiente completamente novo na franquia, e que é muito bem-vindo, dando sempre a sensação de novidade nas primeiras horas de jogo. Kirby terá as habituais habilidades de cópia, desde a espada, o martelo, o tornado, a possibilidade de mandar fogo ou bombas, entre outras. Mas foram adicionadas ainda mais habilidades de cópia, algumas bem divertidas.
Os combates com bosses estão bastante divertidos, aqui é que podemos comparar com Super Mario Odyssey, já que estes acontecem sempre numa espécie de espaços mais fechados, como se de um arena se tratasse, com cada um dos bosses a ter as suas habilidades e movimentos. Compete-nos a nós perceber esses movimentos, e desviarmo-nos no momento certo, para depois os atacarmos. Como não podia deixar de acontecer, vamos encontrar “caras” bem conhecidas da franquia, mas também existem “novas caras” para conhecemos.
Como já referi, a vila de Elfilin, a Waddle Dee Town, irá sendo reconstruída. Isso acontece conforme vamos progredindo no jogo, e conforme vamos resgatando mais Waddle Dees. Esta reconstrução oferece imensos benefícios ao jogador, já que muitas lojas irão abrir, e com elas ainda mais novidades ao jogo serão acrescentadas, assim como mini-jogos.
Uma das grandes novidades é a Weapon Shop. Para quem é fã de Kirby e adora os combates, devo dizer que com esta loja tudo se torna ainda mais divertido, tornando Kirby ainda mais poderoso. Aqui a novidade prende-se com a possibilidade de melhorar as habilidades de cópia, e existem dois tipos de melhoramentos, um é a partir de blueprints, que basicamente desbloqueiam outra habilidade, e passamos a ter uma evolução daquela habilidade, podendo escolher qual queremos usar. Para terem o exemplo, na habilidade do Fire, quando achamos a blueprint para a melhorar, além da habilidade do Fire, passamos a ter a Volcano Fire, que terá mais poder e disparará mais rapidamente, mas o ataque fica diferente.
A segunda maneira de melhorar as habilidades, é melhorar o seu Power Up, e para isso, além das moedas, precisam também de Rare Stones. Isto permite por exemplo vocês melhorarem as habilidades habituais de Kirby, sem terem de usar as evoluções, mas este melhoramento é bastante caro, já que será necessário ter um número de moedas bastante alto.
Se algumas blueprints estão “à mão de semear”, outras nem por isso. Será necessário explorar muito bem os níveis do jogo para as encontrarem, ou então irem falando com o Wise Waddel Dee que encontram na vila. Ele irá especificar-vos muito bem o nível e o local onde esta está, bastando vocês repetirem o nível e tentar encontrá-la. O Wise Waddel Dee também dará outras informações estatísticas, quer do vosso jogo, mas também de diversas informações de como o jogo está a ser jogado pelos restantes jogadores do mundo.
Ainda na vila, vamos ter um cinema onde podemos ver as cutscenes do jogo as vezes que pretendermos, como a casa de Kirby, algumas lojas como o Item Shop, Café, Game-Shop e a Dee-liveries. Por último, o Colosseum, um coliseu onde irão decorrer alguns torneios de luta. Mas vamos por partes:
Na Item Shop será possível comprar melhoramentos para Kirby, como por exemplo aumentar a vida, aumentar a velocidade, ou aumentar a velocidade. Obviamente que será necessário terem moedas para adquirir estes itens, e o tempo de uso é limitado.
Já no Café, podemos comprar comida para recuperar a nossa vida, mas também podemos tornar-nos empregados do café, entrando assim num mini-jogo – Waddle Dee Café: Help Wanted! – de distribuir os pratos pedidos pelos Waddel Dees de maneira correcta e o mais rapidamente possível.
Os mini-jogos não se ficam pelo Waddle Dee Café: Help Wanted!, já que a Game-Shop também será um local onde terão mais um dos mini-jogos em que podem usufruir em Kirby and the Forgotten Land. Aqui terão a um mini-jogo onde vão usar os controlos de movimento dos joy-cons, é um daqueles jogos em que temos de levar uma bola de um ponto inicial a um ponto final, com diversos obstáculos e buracos para a bola cair. O movimento da bola faz-se a partir do movimento da “caixa do jogo”, que é movimentado pelo movimento do joy-con.
A Dee-liveries serve unicamente para usarmos códigos, e será o local onde devem colocar o código que vos é mostrado na final da Demo do jogo.
Algo divertido para passar o tempo é a possibilidade de pescar, que é uma espécie de mini-jogo – Flash Fishing – que onde se situa o um pequeno lago na vila. Aqui podemos colocar o Kirby a pescar, e quanto mais pescamos, melhores e maiores peixes vamos apanhando, e com isso ganhando moedas.
Ainda na vila como referi existe o Colosseum, será um local onde podem ir desbloqueando torneios para combater contra bosses, sendo que alguns são os que encontramos durante o jogo, outros são variações desses, e ainda existem algumas surpresas. É um daqueles locais que provavelmente muitos jogadores vão passar bastante tempo, até porque a dificuldade vai aumentando conforme vamos progredindo e também de torneio para torneio. Durante o torneio temos à disposição alguns itens para recuperar a vida, e algumas habilidades que podemos trocar. Isto acontece porque a vida com que ficaram quando acabaram uma luta será aquela que com que começam na próxima luta, a não ser que usem alguns desses itens.
O jogo também traz coleccionáveis (e não são poucos). São figuras do género dos amiibos da Nintendo que Kirby pode coleccionar, e alguns podem ser apanhados nos níveis, mas na própria vila podem gastar moedas nas máquinas para testarem a vossa sorte. Falo de sorte porque as figuras que saem são aleatórias, o que significa que pode calhar-vos figuras que já têm na vossa posse, ficando com elas repetidas. Essas figuras além de servirem como coleccionáveis, podem até ser colocadas na casa do Kirby para a decorar.
A jogabilidade está incrível. A Nintendo conseguiu trazer a jogabilidade que tanto estávamos habituados para este mundo 3D de uma maneira única. As habilidades, quer as antigas como as novas, estão divertidas, e dá vontade de as experimentar a todas. É um daqueles jogos que nos diverte bastante, e se consegue divertir um adulto, nas crianças causa um impacto impressionante, com os mais pequenos a ficarem com os olhinhos a brilhar e a gritar de alegria a cada novidade. Foi um daqueles jogos que cá em casa causou um impacto enorme nos mais pequenos. E como é habitual nos jogos de Kirby existem dois modos de dificuldade, o Spring-Breeze Mode mais virado para os mais pequenos, e o Wild Mode para jogadores que gostam de um desafio maior.
Além de tudo isso, a possibilidade de jogar em co-op ainda oferece uma maior diversão aos jogadores, já que todos os níveis da história principal podem ser jogados na companhia de uma amigo ou familiar localmente. Até para jogar com os mais pequenos é uma excelente opção, já que os podemos ir auxiliando a superar as suas dificuldades, além disso o 2º jogador poderá entrar a qualquer altura, mesmo a meio de um nível sem qualquer problema. Outro local interessante para jogar em co-op são os torneios do Colosseum e também o mini-jogo – Waddle Dee Café: Help Wanted!. Já os Treasure Roads apenas podem ser jogados pelo jogador que comandar Kirby, já que a maioria das vezes é necessário usar certas habilidades como por exemplo o modo Mouthful para os conseguirmos superar.
Graficamente está excelente, e como já referi, não vai faltar muita cor, alegria, cenários super bem-criados e com detalhes muito interessantes. Para os olhos, é um regalo, e para os fãs da franquia Kirby será certamente uma enorme alegria ver todo este mundo em 3D. A banda sonora não foge ao habitual, com músicas alegres e de acção a maioria do tempo, assim como os efeitos a estarem ao nível do jogo.
Kirby and the Forgotten Land é a evolução merecida da franquia, sem dúvida um dos grandes jogos a chegar este ano à Nintendo Switch. Poderá não ser do agrado de todos por ter aquele jeito mais infantil, mas a verdade é que é um jogo com muito conteúdo, oferecendo diversão que nunca mais acaba, cheio de novidades e com várias horas de jogo.