Developer: Square Enix
Plataforma: PlayStation 4 e PC
Data de Lançamento: 05 de março de 2019

Left Alive tem, à primeira vista, todos os condimentos necessários para ser um bom cozinhado. Além de ser um spin-off do carismático Front Mission, de 1995, o conceito de sobreviver com três personagens durante uma invasão em Novo Slava, no ano de 2127, é aliciante. Andar no meio de uma guerra no modo furtivo, a evitar tropas, drones e até robôs gigantes a que chamam Wanzers é mais do que suficiente para agarrar os adeptos deste tipo de jogos que teve o expoente máximo em Metal Gear Solid. Para o bem e para o mal, o padrão de jogos como este está bastante elevado, o que leva Left Alive a ficar bem atrás nesta luta, pelo menos no que toca à jogabilidade.

E é mesmo por aí que vamos começar. Assim que agarramos no comando, parece que estamos perante algo antigo. Não que o old school fosse mau, até tem a sua graça, mas deixa de ter quando os movimentos nos atrofiam o que queremos fazer ou nos limitam para onde queremos ir. Os personagens são estáticos e falta-lhes vida. Até parece que não estão no meio de uma guerra. A IA tem tanto de idiota como de implacavel. É capaz de não ouvir o nosso personagem a correr mesmo ao lado deles, mas depois no tiro, é raro não nos acertar, mesmo quando estamos a uns bons metros de distância e até mesmo na dificuldade mais fácil.

Outro aspeto negativo é o sistema de gravação. Em cada mapa existem pontos onde podemos salvar o jogo e se não o fizermos, assim que morremos, todo o progresso que até ao último ponto de gravação vai por água abaixo. Isto faz com que passem horas e horas a repetir a mesma coisa. Se no início até nos parece um bom método, com o andar da carruagem torna-se repetitivo e algo frustrante. A juntar a isto tudo, temos ainda a configuração dos botões que requer algum tempo de habituação até controlarmos, pelo menos parte deles.

A parte boa de Left Alive é mesmo o estilo à Metal Gear Solid. Embora não possa ser comparado no que toca à jogabilidade, dá um certo gozo jogar algo que nos lembra tanto a obra prima de Hideo Kojima. As parecenças não são um acaso, até porque um dos criativos de deste jogo foi Yoji Shinkawa, que trabalhou anteriormente para o jogo da Konami. A narrativa está bem feita, com excepção dos diálogos no meio do jogo, onde, às vezes, nem sabemos quem está a falar. Mas tirando isso, as cutscenes estão bem feitas e a grande banda sonora que as acompanha é espetacular. Graficamente, Left Alive merecia mais, mas não é por aí que o jogo é pior.

Durante os 14 capítulos são várias as tarefas que vamos ter de fazer. O ponto chave é andar escondido e passar despercebidos até conseguirmos os objetivos que nos vão aparecendo para fazer. Além disto existem missões secundárias que vamos poder optar por fazer ou saltar consoante o nosso estado de espírito. Os mapas até são bastante grandes e com alguns desafios. Vamos poder fugir aos Drones, tentar salvar civis, digo tentar porque somos nós que os vamos acompanhar até um local seguro sem estarmos livres de haver um ataque pelo meio e vamos ainda poder controlar Wanzers. É verdade, os robôs gigantes que por ali andam e que qualquer semelhança com um Metal Gear é pura coincidência, vão poder ser controlados por nós em alguns momentos do jogo para destruir tudo e todos à nossa volta ou até mesmo ter uma guerra de wanzers, que nos vai fazer lembrar as lutas dos Transformers. Esta variedade de tarefas, aliado ao facto de em cada capítulo jogarmos com diferentes personagens sobreviventes, Mikhail, Olga e Leonid, são o melhor que Left Alive tem para oferecer.

Publicidade - Continue a ler a seguir

As armas que temos ao nosso dispor também são variadíssimas. Desde a simples pistola quase sem tiros a um ferro que vai ser crucial para derrubar os inimigos, é fundamental colecionar materiais para depois fazer uma combinação que nos dará kits de primeiros socorros, granadas de fumo, minas, cocktail molotov, entre muitas outras coisas que vamos poder fazer com tudo o que encontramos.

Com as devidas diferenças, além da evidente parecença com MGS, Left Alive lembrou-me Syphon Filter e Tom Clancy’s Splinter Cell. Fosse este jogo feito na PS2 e estaríamos aqui a falar de um jogo de culto muito provavelmente. Sendo um jogo de geração PS4, quando já se fala numa possível PS5 nos próximos anos, pedia-se algo mais a este título da Square Enix. Ainda assim está lá o prazer de jogar em modo furtivo, escondido de tudo e todos e a ouvir centenas de vezes “o inimigo está perto”. Recomenda-se alguma paciência e persistência para chegar vivo ao fim deste Left Alive.

REVER GERAL
Geral
Artigo anteriorHunt: Showdown em breve na Xbox One
Próximo artigoPlayStation Now já está disponível em Portugal
Aprendeu a jogar ao Pedra, Papel, Tesoura com o Alex Kidd e a contar até 100 com o Sonic. Substituiu a Liga da Malásia pela Liga Portuguesa no Fifa 98 e percebeu que havia jogos melhores que filmes com o Metal Gear Solid.
analise-left-alive<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Bom conceito</li> <li style="text-align: justify;">Banda sonora</li> <li style="text-align: justify;">Nostalgia de Metal Gear Solid</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Limitação de movimentos</li> <li style="text-align: justify;">Sistema de gravação</li> <li style="text-align: justify;">Não parece um jogo desta geração</li> </ul>