Developer: Superstatic,Ultimate Games
Data de Lançamento: 23 de maio de 2023
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 15 de novembro de 2024
Plataforma: Xbox Series X|S
Data de Lançamento: 29 de novembro de 2024
Plataforma: PlayStation 4, PlayStation 5
Os roguelikes e roguelites já provaram inúmeras vezes a sua capacidade de conquistar o nosso coração. Hades I e II ou Sworn são alguns dos títulos ao qual fiquei absolutamente rendido.
Liberté, um roguelike deck builder desenvolvido pelo estúdio polaco Superstatic, chegou à PS5 a 29 de novembro 2024, estando disponível na sua versão Early Access quer na Xbox, quer no PC.
O jogo transporta-nos para uma versão fictícia e sombria da revolução Francesa de 1789, combinando ação e terror numa perspetiva Top-Down com um sistema de Deck duilder. Iremos embarcar numa jornada cheia de loops tão habituais dos roguelike, com combates frenéticos.
A história de Liberté inicia-se com a fictícia coroação do Príncipe Phillip, um evento marcado por uma tragédia, uma vez que o bispo responsável pela cerimónia é brutalmente assassinado por um ser de origem sobrenatural. Tornando Paris, já em crise, num autêntico caos.
O protagonista é René, que fazia parte da revolução, no entanto, devido ao facto de sofrer de amnésia pouco sabemos sobre ele. Embora perdidos e sem saber realmente quem somos, percebemos que conseguimos comunicar com Lady Bliss, a misteriosa entidade com a capacidade sobrenatural de nos reviver sempre que morremos. E assim se inicia o ciclo de morte e renascimento que dá início ao loop roguelike, levando-nos a explorar a cidade na procura de respostas e aliados.
Estas constatações acontecem no início do jogo, onde ainda temos o tutorial a guiar-nos quer no sistema de combate, como no sistema de cartas. René nesse momento morre e é renascido pela primeira vez pela Lady Bliss. Acordamos então na masmorra de Lady Bliss, e nesse local ganhamos acesso ao sistema de craft de cartas e construção de decks. Além disso, podemos ainda personalizar o visual de René.
O jogo também apresenta um sistema de facções, existindo quatro distintas: The Rebels, The Crown, The Church e The Tribe. A escolha da facção influencia as missões e recompensas disponíveis, mas também determina os inimigos que teremos de enfrentar ao longo da nossa campanha. Cada facção oferece diferentes comportamentos, caso prefiram uma abordagem política, The Rebels e The Crown são as melhores opções, no entanto The Church e The Tribe trazem elementos mais sobrenaturais à narrativa. A importância destas escolhas irá altera o desenrolar da história e afetar os desafios que nos esperam no final de cada run.
Dentro destas facões existe também um sistema de recompensas, onde ganhamos experiencia avançando na historia, mas também fazendo missões e daily favors. As recompensas vão desde skins até materiais essenciais para a construção do nosso deck.
Se entrarmos no sistema de deck building, verificamos que este adiciona uma camada estratégica interessante ao gameplay. Cada deck pode ter até 40 cartas, estas oferecem bónus ativos e passivos, permitindo personalizar o estilo de jogo. Algumas melhoram as habilidades ofensivas, outras reforçam a defesa ou concedem vantagens táticas. Existem várias maneiras de adquirir as cartas, seja ao subirmos de nível, explorar o mapa ou derrotar inimigos. Existe também um sistema de mana, que é obtida ao descartar as cartas que não se encaixam na nossa estratégia.
Sendo um RogueLike com vertente de deck building, o que realmente senti foi uma jogabilidade que se assemelha mais a um action RPG no estilo Diablo. Com cartas que nos dão bónus ativos e passivos, que vão mudando o nosso estilo de jogo conforme vamos ultrapassando desafios, desde os simples soldados franceses aos mais poderosos Bosses. O combate decorre em tempo real, com René a utilizar ataques corpo a corpo, disparos de pistola e habilidades especiais para enfrentar os inimigos.
O HUD do jogo apresenta-nos quatro slots para habilidades: dois ofensivos e dois de suporte, além de contarmos ainda com um espaço para consumíveis. Essas habilidades vão desde golpes especiais em Close-Quarters, a tiros de pistola dando assim uma opção para uma melhor abordagem ao inimigo. Contamos ainda com um sistema de talents (passivos) que nos permite desbloquear melhorias permanentes, como bónus de dano ou resistência adicional.
Nem tudo é perfeito no jogo, e um dos problemas está no combate que poderia ser mais polido. A mecânica de dodge é funcional, mas sente-se a falta de fluidez, e a sensação de impacto nos ataques poderia ser melhor trabalhada. Embora o deck building adicione variedade às runs, a jogabilidade em si não se destaca tanto quanto poderia dentro do género.
No aspecto gráfico, Liberté apresenta um nível de qualidade inconsistente, o que me deixou decepcionado. Por um lado, os cenários pecam por uma resolução baixa e texturas pouco detalhadas, fazendo com que o jogo pareça, por vezes, pertencente a uma geração anterior, tirando um pouco de imersão na história e narrativa.
Por outro lado, a direção artística compensa algumas dessas falhas. Os retratos dos personagens durante os diálogos são visualmente fantásticos, com um estilo estático, mas belíssimo. Além disso, a iluminação e atmosfera de determinadas áreas, como os mapas noturnos, conseguem transmitir uma sensação de tensão e imersão.
Para compensar a inconsistência gráfica, o áudio é um dos seus pontos altos. Cada golpe de espada e disparo de pistola tem um impacto sonoro satisfatório, e o som do dodge está incrivelmente bem trabalhado.
Os sons emitidos pelos inimigos quando entramos em combate também está muito bom, algo que se torna mais perceptível a cada runs que fazemos. Mas o verdadeiro destaque vai para o voice acting, que surpreende pela qualidade. As interações entre personagens são bem interpretadas e dão mais peso à narrativa, tornando a história mais envolvente. No aspecto de Sound Design e da sua apresentação, a Superstatic deve ser reconhecida pelo seu esforço.
Liberté apresenta várias qualidades, desde o conceito interessante, uma narrativa intrigante e um excelente design sonoro. Infelizmente sofre com um sistema de combate que, embora funcional, carece de melhoramentos. Além disso, graficamente é inconsistente o que prejudica bastante a sua capacidade de se destacar num mercado tão saturado de roguelikes.