Developer: Ryu Ga Gotoku Studio, SEGA
Plataforma: Xbox Series X|S, PS5, PC, Xbox One, PS4
Data de Lançamento: 21 de Fevereiro de 2025

Já se vai tornando um hábito termos um Like a Dragon todos os anos e o que é certo é que graças ao excelente trabalho que a SEGA tem vindo a fazer, juntamente com o estúdio Ryu Ga Gotoku, as expectativas estão sempre bem altas para o próximo lançamento da franquia. Mais ainda depois do excelente Like a Dragon: Infinite Wealth, um dos melhores jogos de 2024, que nos trouxe uma história arrojada e surpreendeu com uma data de novas mecânicas de jogo. 

Num cenário paradisíaco como é o Havaí, o mais fácil podia ser ficar a dormir na sombra enquanto se apanhava sol tranquilamente, mas esta malta gosta de arriscar nos seus jogos com novas ideias e é impossível ficar indiferente a isso. A nova aventura Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii traz na mesma o Havaí como pano de fundo, mas difere em muitas outras coisas. Abandona o estilo de luta por turnos e aposta num jogo que tem uma história paralela àquela que vivemos em Infinite Wealth, com uma nova personagem principal, num ambiente onde reinam os piratas à procura de tesouros. O chamado spin-off apresenta aqui uma premissa engraçada e que está repleta de humor.

Se nunca jogaram nenhum Like a Dragon, devem saber que são jogos centrados em personagens Yakuza, mas apenas isso, porque não é necessário ter a base dos outros para perceber este enredo. A sua história é muito clara e no máximo tem referências a alguns acontecimentos que se estão a passar com os Yakuzas no Japão, mas é tudo muito bem explicado. Até pode servir para dar a conhecer a franquia a novos jogadores com um argumento mais leve que os seus antecessores, uma história mais curta e sem cutscenes longas, que confesso senti falta de uma ou outra.

Esta aventura começa numa pequena ilha, onde o nosso personagem Goro Majima acorda com falta de memória rodeado de destroços de um aparente naufrágio. Quem o ajuda numa primeira instância é o jovem Noah, que o leva até ao café do seu pai que serve os poucos habitantes que passam pela ilha e tem até alguma desconfiança em ajudar-nos. Noah vive com o pai e uma das irmãs na chamada Rich Island, mas ambiciona descobrir o que há para além disso, fazendo Gojo Majima prometer que o vai levar para o alto-mar quando conseguir. 

Sem querer gastar spoilers, é óbvio que as coisas se encaminham para que essa promessa seja cumprida, acabando até o pai de Noah por embarcar connosco, ele que tinha deixado a vida de pirata dos mares para cuidar da saúde do filho. Com o objetivo de voltar a lembrar-se das coisas, Goro Majima vai reunindo aos poucos uma tripulação e arranja um barco para partir até outras ilhas. Entre algumas descobertas que vai fazendo sobre quem era surgem os rumores da existência um tesouro lendário que os faz desviar um pouco das suas ambições iniciais e os levam para um barril de pólvora em alto mar repleto de outras facções piratas em busca do mesmo objetivo.

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Os combates de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii dividem-se em dois momentos, aqueles que temos em terra e os que temos no nosso navio. Fora do barco, as lutas funcionam num estilo dinâmico beat ‘em up, onde cada abordagem nos permite fazer uma data de combinações para os derrotar. A sensação é mais livre e satisfatória que o combate por turnos de outros jogos. Existem dois estilos de luta que podemos usar, o Mad Dog, que nos leva mais para a luta corpo a corpo, com movimentos rápidos, golpes aéreos e até alguns que me lembram o wrestling. É também possível usar uma espécie de especial e chamar sombras nossas que nos multiplicam e nos ajudam a derrotar quem nos aparece pela frente.

Se à sua maneira estas lutas me lembraram Spider-Man ou Infamous, a segunda abordagem que dá pelo nome de Sea Dog, lembrou-me Prince Of Persia e dá ao nosso personagem duas espadas, um gancho e uma arma de fogo para usar em batalha. Também com golpes rápidos eu achei este estilo bem mais divertido que o outro e se somar o tempo que joguei com um e com outro, este certamente leva uma grande vantagem. Ainda assim, o segredo é ir alterando o estilo dentro do próprio combate. Os combos tornam-se mais eficazes e damos mais imprevisibilidade às lutas, o que acaba por ter um efeito satisfatório para nós. Além destes dois estilos, existem ainda alguns especiais escondidos pelas ilhas e que podemos usar em determinadas alturas. 

O sistema de combate permite ainda levar as lutas para o ar, usar e abusar de truques suspensos por algum tempo e mesmo sem voar, às vezes fica a sensação que era possível Gojo Majima ser um super-herói. Podemos ainda usar alguns objetos que nos rodeiam para atirar aos adversários, desde pinos de trânsito, passando por pranchas de surf ou até cadeiras de uma esplanada que ali estava sem fazer mal a ninguém. A outra vertente de combate é aquela que se tem em alto mar, onde navios disparam sobre outros navios num sistema simples de tiros de canhões laterais usando os gatilhos, disparos centrais, quando o barco está frente-a-frente e até o próprio embate. Passando esta fase devemos encostar a nossa embarcação aos rivais e assaltar o barco criando uma luta de tripulantes, do género das que falei em cima. No final, a nossa vitória é selada com um grito de equipa e muitas vezes com o arrependimento de quem se meteu no nosso caminho.

A maior parte destas batalhas acontecem no mar, mas existe uma arena especial, onde também vamos combater bastantes vezes contra outros foras da lei. Estes duelos realizam-se em Madlantis, no chamado “Coliseu dos Piratas”, criado para divertir a sua Rainha Michelle. Aí os combates tendem a ser mais violentos e quanto mais vezes lutamos, mais difícil as coisas vão ficando. É necessário ir evoluindo a nossa embarcação com novos tipos de canhões, melhorar os materiais e claro rodear-nos de uma tripulação cada vez maior e mais evoluída em combate. 

Recrutar tripulantes pode ser feito em diversas ilhas e embora alguns sejam automáticos com o avançar da história, outros pedem-nos favores especiais e algo específico que teremos de cumprir se queremos ter a sua companhia. A gestão do navio faz-se em diversas áreas, desde ser treinador e espalhar os tripulantes pelas posições certas, mantê-los satisfeitos, através de palavras de incentivo, alguns presentes ou até dar festas privadas no barco com comida, bebida e karaoke à mistura. Tudo é necessário ter em conta para que a sua motivação não vá abaixo na altura do combate sério.

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Existem várias ilhas principais espalhadas pelo mapa de Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii. Além da já falada Rich Island do início, há a tão aclamada Madlantis, a ilha Nele, que ao início parece de passagem, mas depois se descobre que pode esconder algo precioso e depois a Honolulu que nos leva até uma área bem mais abrangente e à chamada “cidade”. Além destas, a vida em alto mar faz-se de descoberta de tesouros noutras ilhas que vamos encontrando. O mapa ajuda-nos a perceber onde está o quê e se quisermos ganhar mais respeito, reputação e dinheiro, o melhor é dar uma de navegadores e descobrir novas ilhas. Normalmente elas estão ocupadas com outras facções, mas cabe-nos dominar o local e conquistar aquele terreno. Gostei da forma como tudo é feito, até mesmo a própria navegação que nos permite atracar em faróis luminosos e dali decidir para onde ir, quase como funcionasse como viagens rápidas, para não termos de andar a fazer o mapa todo repetidas vezes. 

Cada uma das principais ilhas também estão repletas de atividades para fazer. À cabeça Honolulu leva-nos para tudo o que conhecemos do jogo anterior e ainda mais. Fazemos amizades na rede social Aloha Links, podemos marcar encontros mais ousados no E-Romance, sempre com a sua dose de humor que a franquia já nos habituou, onde nada é o que parece. Podem ainda fazer partidas de dardos, jogar em máquinas arcade uns bons clássicos da SEGA como Virtua Fighter 3 ou SEGA Racing Classic 2, andar de Segway, fazer corridas de Karts, entre muitas outras coisas. 

Em Madlantis, o tal Coliseu dos Piratas é a atração principal, mas existem também outros espaços para fazer um Karaoke ou dar umas tacadas de basebol. Até a pequena Rich Island nos permite ter um abrigo para animais que vamos gerindo. Se encontrarmos animais abandonados na rua podemos enviá-los para lá e depois cuidar deles com comida, dar-lhes condições e até levá-los connosco para as navegações. Devo confessar que perdi uma boa hora nesta Rich Island a jogar Alex Kidd in Miracle World numa Master System que lá havia, fazendo-me navegar até uma das minhas primeiras memórias que tenho sobre videojogos. 

Já perceberam que coisas não faltam para fazer e entre missões principais e secundárias, contem com longas horas de jogo, mas menos que Infinite Wealth, que era grande demais para alguns. Outra das coisas fascinantes deste Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii é que não precisou de ir até à época dos piratas para fazer um jogo sobre isso. Estes são os chamados piratas da Era Moderna em que têm telemóvel e podem tirar fotos para uma rede social qualquer. Enquanto existem batalhas em alto mar e tesouros por descobrir há pessoas nas suas vidas normais ou só a passar férias no Havaí. Não havendo grandes propostas de jogos sobre este tema, talvez a exceção seja Assassin ‘s Creed IV: Black Flag, mas que já tem 12 anos ou mesmo Sea Of Thieves, numa ótica diferente, este talvez seja o jogo de piratas mais divertido que me lembro.

Like a Dragon: Pirate Yakuza in Hawaii consegue ser mais uma aventura divertida, bem humorada e repleta de conteúdo para descobrir. Regressa ao combate beat ‘em up e coloca Piratas a viver nos dias de hoje onde existem redes sociais. A simplicidade dos combates navais atrai qualquer um para ação e consegue renovar mais um personagem que se tornará icónico na franquia. Esta combinação de elementos hilariantes pode parecer estranha, mas dá aos jogos sempre um ar novo, refrescante e louco. E eu gosto disso.

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Élio Salsinha
Aprendeu a jogar ao Pedra, Papel, Tesoura com o Alex Kidd e a contar até 100 com o Sonic. Substituiu a Liga da Malásia pela Liga Portuguesa no Fifa 98 e percebeu que havia jogos melhores que filmes com o Metal Gear Solid.
analise-like-a-dragon-pirate-yakuza-in-hawaii<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Combates muito divertidos, seja em terra ou em alto mar</li> <li style="text-align: justify;">Atividades extra hilariantes</li> <li style="text-align: justify;">Customização da embarcação</li> <li style="text-align: justify;">Tantos tesouros para explorar</li> <li style="text-align: justify;">Personagens carismáticas</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Falta alguma profundidade na história em relação aos anteriores jogos da franquia</li> <li style="text-align: justify;">O estilo de combate Sea Dog é substancialmente mais divertido que o Mad Dog. Podia haver mais equilibrio</li> </ul>