Developer: Morning Shift Studios, Ultimate Games
Data de Lançamento: 17 de março de 2023
Plataforma: Nintendo Switch, PC

A palavra ou pergunta que se impõe antes de falarmos sobre Lost Dream Darkness é “porquê?”. Por que motivo algum jogador, no seu perfeito juízo, pode querer perder tempo a jogar um walking simulator? Pode ser que eu não compreenda o conceito, e aceito essa crítica, mas a verdade é que um jogo praticamente sem objetivos, onde o que se pode fazer é andar num mundo praticamente vazio, não me atrai.

Dito isto, em Lost Dream Darkness, seremos uma raposa ao estilo cyberpunk, já que o seu corpo está cheio de barras que emitem luz azul. No jogo, vamos andar por alguns locais abertos, cheios de árvores, lagos ou rios, onde começamos num lugar escuro e chuvoso, sendo que à medida que avançamos no nosso caminho, chegamos a lugares com mais luz, até chegar a um local verdejante e com bastante sol. Todo esse caminho que temos de fazer, onde apenas temos de andar sem mais nenhum objetivo, é bastante monótono e, sinceramente, entediante. Para alguns poderá até ser doloroso só de tentar, e não pela dificuldade do jogo.

E passo a explicar: a jogabilidade não é cativante, principalmente porque a câmera está muito mal ajustada. Além disso, temos a possibilidade de saltar e atacar, sendo que a parte do ataque não faz sentido, já que o jogo não nos oferece nada para atacarmos; e é algo que parece estar ali sem qualquer razão. Quanto ao salto, ainda se usa de vez em quando, já que por vezes temos de saltar entre alguns locais para avançar no jogo. No entanto, estas mecânicas de jogo não são suficientes para tornar a experiência envolvente ou emocionante, muito pelo contrário.

É estranho demais um jogo onde apenas temos de andar para avançar, sem qualquer objetivo, e sem que o jogo ofereça qualquer interação com o jogador ou dê uma razão para estarmos ali. Mesmo se o jogo apresentasse cenários grandiosos e bonitos, eu poderia entender que fosse uma jornada para apreciar tudo o que está à nossa volta, mas não é o caso. Graficamente, o jogo não é relevante; pelo contrário, falta-lhe polimento e detalhes que cativem.

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Devo confessar que o que vi no jogo faz-me lembrar aqueles testes que são feitos para testar novos motores gráficos ou quando se está a aprender uma nova tecnologia e se quer testar diversos componentes, criando algo simples para experimentar as novas técnicas aprendidas. No entanto, trazer isso para o público é algo que me faz bastante confusão.

A câmera apresenta problemas, desde entrarmos dentro dos objetos do mundo até ser complicada de controlar. E, infelizmente, nas opções do jogo, nem temos a possibilidade de diminuir a sua velocidade para tentar melhorar um pouco as coisas.

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Diria que a parte mais interessante do jogo é mesmo a parte sonora, com efeitos de passarinhos, da água, da chuva, da raposa a correr e até dos seus saltos. Isto leva-nos a uma experiência auditiva relaxante, como os sons que muitas pessoas gostam de ouvir para relaxar. No entanto, isso não é suficiente para compensar as falhas e falta de interação que o jogo apresenta.

Provavelmente, a ideia do jogo é mesmo oferecer uma experiência onde os jogadores andem e relaxem. No entanto, para que isso aconteça com algum sucesso, seria necessário um jogo com uma jogabilidade mais apurada, uma câmera que funcionasse de maneira decente, um mundo com mais conteúdo e ter gráficos mais apelativos.

Para tentar perceber exactamente a ideia do estúdio, decidi fazer uma pequena pesquisa, algo que o jogador não é obrigado a fazer, nem deve, já que o próprio jogo deve apresentar a história e o conteúdo ao jogador. Então segundo o estúdio de desenvolvimento, estamos a falar de “um jogo que supostamente conta uma história silenciosa sobre um mundo consumido por uma escuridão repentina, onde o jogador deve embarcar numa jornada em direção à luz”. O problema é que isso nunca é descrito em qualquer lugar do jogo, e o jogador não é obrigado a adivinhar ou a fazer uma pesquisa para saber o que o jogo lhe vai oferecer ou apresentar. É suposto isto ser-lhe oferecido quer por texto, ou que na jogabilidade consiga ser percetível, algo que não acontece. Além disso, o estúdio ainda diz que o jogador deve ter 2 horas livres para jogar o jogo na sua totalidade, já que não existe sistema de save. E, por último, afirmam que o jogo apresenta uma banda sonora de alta qualidade, no entanto, eu das várias vezes que testei o jogo – e foram algumas –, nunca tive a oportunidade de ouvir qualquer música, porque simplesmente não tocou nenhuma.

Lost Dream Darkness junta-se ao saco de jogos que prefiro nem me lembrar que existem, já que é uma desgraça completa. É lamentável que um jogo com uma proposta potencialmente interessante tenha falhado em tantos aspetos importantes, tornando-se uma experiência insatisfatória para quem o joga.

REVER GERAL
Geral
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Rui Gonçalves
Desde o tempo do seu Spectrum+2 128k que adora informática. Programador de profissão nunca deixou de lado os jogos, louco por RPGs e jogos de futebol. Adora filmes de acção e de ficção científica, mas depois de ver o Matrix nunca mais foi o mesmo.
analise-lost-dream-darkness<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Efeitos sonoros</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Câmera não ajuda na jogabilidade</li> <li style="text-align: justify;">Jogo não oferece nenhuma história ou interação com o jogador</li> <li style="text-align: justify;">Graficamente deixa muito a desejar</li> </ul>