Developer: Turborilla, Ultimate Games
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 15 de agosto de 2025
Mad Skills BMX 2 chega à Nintendo Switch como uma adaptação curiosa de um sucesso mobile que, desde 2018, conquistou milhões de jogadores nos dispositivos iOS e Android. Desenvolvido pela Turborilla e publicado pela Ultimate Games, o jogo mantém a sua essência arcade e acessível, mas traz consigo as marcas da sua origem móvel, tanto nas virtudes como nas limitações. O resultado é uma experiência viciante e desafiante, mas que por vezes se revela desigual, especialmente na forma como gere o progresso e a dificuldade.
A proposta é simples: uma corrida lado a lado entre dois ciclistas, onde o objetivo é chegar primeiro à meta. Não há história nem personagens, apenas o prazer (e a tensão) da competição pura. O sistema de jogo baseia-se na gestão de velocidade e no domínio da física, pressionar para baixo permite ganhar impulso nas descidas, enquanto levantar o comando no momento certo lança o ciclista para o ar. Executar saltos, aterrar com precisão e dominar o ritmo do percurso são as chaves para o sucesso. Cada pista funciona como um pequeno quebra-cabeças de sincronização, em que um salto antecipado ou uma aterragem imperfeita podem custar a vitória.
Os controlos na Nintendo Switch foram bem adaptados, substituindo os toques no ecrã por botões físicos que respondem de forma intuitiva. A sensação de velocidade e de fluidez é convincente, com uma física que, embora simplificada, transmite bem o peso e o movimento da bicicleta. A jogabilidade combina o imediatismo de um jogo arcade com uma camada de exigência técnica que recompensa a prática e o conhecimento dos percursos. Dominar a arte de “bombear” o terreno e saber quando saltar faz toda a diferença, sobretudo nas corridas mais avançadas, onde a margem de erro é mínima.
O modo principal é o Career Mode, que serve como o núcleo da experiência. Aqui, progredimos por diferentes zonas — florestas, desertos, áreas urbanas e montanhosas — enfrentando adversários cada vez mais difíceis até chegar aos inevitáveis bosses. Estas corridas mais exigentes funcionam como verdadeiros testes de habilidade, exigindo timing perfeito e domínio das mecânicas. Vencer um chefe desbloqueia novas bicicletas e permite continuar a investir em melhorias de atributos como velocidade, pump e salto. É um ciclo de progressão simples, mas eficaz, que nos incentiva a voltar a competir e a afinar cada detalhe da performance.
No entanto, é também aqui que o jogo revela as suas raízes móveis. Apesar de não incluir micro-transações na Nintendo Switch, o ritmo de progressão foi pouco ajustado. O custo crescente das bicicletas e o aumento abrupto da dificuldade obrigam a repetir pistas antigas para acumular dinheiro, recriando a sensação de grind típica de um jogo gratuito. Este sistema acaba por estragar o fluxo natural da experiência e por gerar frustração, especialmente quando se sente que o avanço depende mais da paciência do que da habilidade.
Outro elemento herdado do design mobile é o sistema de rockets – pequenas propulsões temporárias que funcionam como boosts para ganhar vantagem em momentos críticos. São úteis nas corridas mais renhidas, mas o seu carácter limitado e o facto de dependerem de recargas temporizadas reforça a sensação de estar a jogar uma adaptação que não abandonou totalmente as suas raízes free-to-play. Felizmente, o jogo oferece modos alternativos, como desafios de tempo, competições de backflips e corridas rápidas, que ajudam a quebrar a monotonia e permitem experimentar as mecânicas de forma mais descontraída. O modo local para dois jogadores é outro ponto alto, devolvendo a espontaneidade e a diversão de uma competição direta sem dependência da inteligência artificial.
Visualmente aposta numa estética 2D limpa e funcional. As pistas são simples mas variadas, com uma paleta de cores viva que mantém a ação legível mesmo nas velocidades mais altas. Não impressiona pela originalidade nem pela riqueza de detalhe, mas compensa com fluidez. Corre a 60 frames por segundo de forma estável, algo que beneficia imenso a jogabilidade.
O design sonoro segue a mesma filosofia minimalista. A música é genérica e rapidamente esquecida, mas os efeitos sonoros, como o som das rodas a rasgar a terra ou o impacto das aterragens, ajudam a transmitir uma sensação de contacto e movimento que dá corpo à ação.
Em termos de desempenho, o port para Switch é sólido e tecnicamente competente. A ausência de quebras de fluidez e a boa integração dos controlos físicos mostram que houve cuidado na adaptação. No entanto, a falta de um verdadeiro reajuste ao modelo pago e a manutenção de uma estrutura pensada para sessões curtas e repetitivas impedem o jogo de alcançar o seu pleno potencial nesta plataforma. Ainda assim, há um charme inegável no seu loop de jogo: aprender cada curva, cada salto e cada descida é incrivelmente satisfatório, e a curva de aprendizagem dá-nos um sentido tangível de evolução.
Mad Skills BMX 2 é um jogo paradoxal. Por um lado, é um excelente exemplo de como um conceito simples pode criar uma jogabilidade viciante e desafiante, onde cada vitória é conquistada com esforço e precisão. Por outro, é um título que não conseguiu libertar-se totalmente da sua herança mobile, apresentando uma progressão desequilibrada e uma estética genérica que o impedem de brilhar por completo. Ainda assim, para quem procura corridas rápidas, controlos precisos e um desafio que exige prática e reflexos apurados, esta versão da Nintendo Switch oferece horas de diversão, especialmente quando partilhada com amigos no modo multijogador local.






