Developer: Insomniac Games / Nixxes Software
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 12 de Agosto de 2022
“Com um grande poder vem uma grande responsabilidade“. Todos nós reconhecemos esta frase do universo do Spider-Man, mais precisamente do Tio Ben, dizer isso mesmo a Peter Parker, pouco tempo antes de morrer. Como todos nós sabemos a morte do Tio Ben sempre foi um fardo que o Peter carregou consigo, por ter permitido aquele assaltante fugir, o mesmo que viria a matar o seu Tio. Pois bem, a Insomniac Games tinha essa grande responsabilidade em mãos e conseguiu a executar na perfeição, primeiro na PlayStation 4, depois na sua passagem para a PlayStation 5 e agora foi a vez do PC.
Se quando o jogo saiu, a 7 de setembro de 2018, aquilo que era o core, o fundamental desta personagem icónica, isto é, a magnífica jogabilidade de andar a baloiçar de teia em teia pela cidade de Nova Iorque, de fazer mortais, piruetas, quedas livres, flips, enquanto varremos o crime das ruas mais perigosas da cidade se manteve, a qualidade gráfica, essa já subiu umas quantas fasquias. Afinal o jogo já tem 4 anos e, se na PS5 já tínhamos denotado um salto qualitativo, agora isso é ainda mais vísivel no PC.
No entanto é preciso ter uma boa máquina para aproveitar todos os recursos aplicados no jogo nesta versão PC. As opções são muitas e variadas e vão levar algum tempo até encontrar a melhor performance para a vossa máquina. Nós por aqui, até porque não temos um máquina de topo, apostámos mais no frame rate sem descurar a qualidade gráfica das sombras, dos efeitos de luz e dos reflexos, mas dando primazia ao desempenho. Num jogo frenético como este pareceu-nos a melhor opção e a verdade é que, mesmo num computador com uns bons 5 aninhos de vida, existem mais do que opções para rodar o jogo com uma qualidade acima da média e muito perto do que vi na PS5 e, às vezes, até melhor.
A cidade de Nova Iorque recebe assim uma reformulação visual, com modelos e texturas atualizadas que dão uma nova vida à cidade, mesmo para quem, como eu, já o jogo na versão PS5. A questão do famigerado ray-tracing também se faz notar, e de que maneira, com as sombras ambientais que dão uma nova profundidade a toda a acção da cidade, mas lá está roubando no frame rate. Frame rate esse que está desbloqueado permitindo ultrapassar a barreira dos 60 frames por segundo, estabelecida até agora na PS5, e isso é ótimo para quem tiver máquina para isso, sendo que ainda há algumas afinações que estão a ser implementadas para surgirem, precisamente no lançamento do jogo.
O jogo suporta toda a panóplia de tecnologias da NVIDIA, incluindo NVIDIA DLSS e NVIDIA DLAA, para além de uma variedade de monitores ultra-wide, incluindo as proporções 16:9, 21:9, 31:9 e 48:9.
A verdade é que Marvel’s Spider-Man foi feito para explorar o máximo de computadores, e para rodar a 4K 60 FPS com ray-tracing ligado, exige uma RTX 3080 e um processador de 12ª geração, ou equivalente. Se não tiverem um SSD porreiro, também vão esperar bastante mais do que na PS5 em termos de loadings. Não me julguem mal, o jogo corre bem em máquinas mais modestas, mas é daqueles jogos que queríamos mesmo ter uma maquinão e um monitor ultra-wide para desfrutar ao máximo.
A liberdade que o jogo proporciona continua a ser, para mim, um factor de enorme contentamento. É notável a facilidade com que me perco a percorrer as ruas de Manhathan, especialmente a absorver a recriação de todos os marcos da cidade.
Para quem não sabe, uma das tarefas que o Spider-Man vai ter é fotografar esses mesmos marcos, e como eu nunca estive em Nova Iorque mais do que 3 horas, foi incrível estar a ver todos esses monumentos pela lente da máquina fotográfica do nosso “friendly neighbour“.
No entanto essa não foi a única razão pela qual perdi horas e horas a andar de teia em teia pela cidade, temos praticamente desde o início, algumas tarefas para fazer. Uma delas já referi, mas podemos também recolher as mochilas que o Peter Parker foi deixando enquanto Spider-Man pela cidade, recolhendo assim histórias destes últimos 8 anos de existência enquanto Homem-Aranha, temos também que arranjar as torres de comunicação da polícia, numa espécie de descodificar o mapa da cidade, um bocadinho à “Assassin’s Creed“, dando acesso às localizações dessas mochilas, marcos, ou crimes que vão decorrendo pela cidade e que temos de parar, nesse campo diria que há dois tipos de crimes, os assaltos à mão armada, e a tentativa dos ladrões escaparem à polícia a bordo de um carro, e temos que saltar para cima do carro, imobilizar cada um dos ladrões e por fim o carro em movimento.
Por fim, há ainda mais duas coisas que podem fazer para além da história, do qual já falarei mais à frente, que é numa zona circunscrita, geralmente um local de obras, deterem uma carrada de capangas do Kingpin, em rondas, tipo horde, onde vamos ter que utilizar todos os nossos truques para sobreviver, e há ainda as missões secundárias, com histórias paralelas e que nos fazem compreender muito melhor toda a história e contexto deste jogo. As side-quests são várias, e há também, a seu tempo, as provas de investigação do Harry Osborn, e ainda a perseguição de pistas da Black Kat.
Devo dizer que em todas estas actividades, ganhamos pontos por cada uma dessas categorias, que podem ser utilizados em fatos novos para o Spider-Man, com novos poderes e opções. Cada um deles tem um poder inerente que podemos utilizar carregando em R3 e L3, mas cada um deles tem uma espécie de skill tree com ele, mais uma vez os factores são variados, desde maior defesa do fato a balas, ao ataque directo, a produzir mais foco, a produzir mais pontos de experiência e por aí fora. Para além do poder inerente do fato em si, têm 3 slots para colocar estas habilidades especiais.
Mas não é a única coisa a ter Skill Tree, e eu atrevo-me mesmo a dizer que temos uma forte componente RPG no jogo, porque teremos de facto várias possibilidades e vários Spider-Men se pensarmos bem. Como estava a dizer, também o Spider-Man, pode aumentar as suas habilidades, aqui estão divididos em 3 parâmetros, Inovador, onde desenvolvemos as habilidades que têm a ver com o poder das nossas teias, seja com a possibilidade de desarmar os nossos inimigos seja nas actividades furtivas, o Defensor em que as habilidades restringem-se à esquiva e defesa, e o Atirador de Teias, que tanto nos ajudam a deslocar mais rápido como nos permitem ataques aéreos mais fortes e diversificados.
O Spider-Man também é conhecido pelos seus gadgets, e este não é excepção, até porque neste jogo, Peter Parker é um cientista e como tal ainda mais conhecimentos tem sobre essa matéria e por isso aplica em novos gadgets, gadgets esses que também podem ser modificados conforme vamos avançando no jogo e ganhamos os tais pontos através de completar aquelas missões paralelas que falei atrás. Neste capítulo temos o Lança Teias, o normal portanto, as Teias de Impacto que explodem e prendem os inimigos, o Spider-drone que procurar inimigos e cria uma explosão de energia, a Teia Eléctrica, que como o nome indica atordoa electricamente os inimigos, as Bombas de Teia, que lançam teias por proximidade aos inimigos e os prendem a tudo o que é sítio, a Mina Laser, uma armadilha que incapacita os oponentes, a Explosão Contundente que cria uma vaga de ondas sónicas e a Matriz de Suspensão que eleva os inimigos e os suspende no ar por algum tempo.
Como já perceberam com tanta coisa, o vosso Spider-Man e a sua abordagem será sempre diferente de outro jogador, e aí está um ponto forte deste jogo, a quantidade de possibilidades e de abordagens que Marvel’s Spider-Man oferece, que agregada a uma jogabilidade super fluída, com a movimentação da nossa personagem super articulada, sempre em grande velocidade, quer seja a correr na vertical um prédio, quer seja a andar de teia em teia, ou até mesmo no combate, e aqui temos de referenciar que o estilo é muito semelhante ao que já vimos a Rocksteady fazer com Batman, com ataques directos, combos, e os poderes a serem utilizados de uma forma muito intuitiva, rápida e desafiante. Rapidamente estamos a dar uns socos, a embrulhar os inimigos nas teias, a lançá-los ao ar, a prendê-los numa parede, a criar hologramas, entre outras possibilidades que tanto os gadgets como os fatos nos oferecem.
No entanto nem sempre é uma roda viva, porque haverá muitos momentos mais “stealth” onde vão ter que andar de estrutura em estrutura, nomeadamente quando a acção é entre portas, onde vão ter que ser silenciosos e apanhar os inimigos com ataques em cima dessas estruturas prendendo em casulos de teias. Por vezes temos que os distrair atirando teias para objectos para os atrair, ou atacá-los quando estamos em ventilações. A jogabilidade deste Marvel’s Spider-Man não fica por aqui, porque vamos, por exemplo, jogar também enquanto Peter Parker, e como já disse, aqui Peter é um cientista, e como tal, vamos também ter puzzles de esquemas de circuitos e mesmo de caracterizar componentes químicos, e isso também nos vai ajudar a desenvolver novos fatos e gadgets. Para além disso também vamos jogar enquanto Mary Jane Watson, que curiosamente aqui neste jogo não é uma super modelo, mas sim uma repórter de investigação para o Daily Buggle, e com olho de lince, vamos ter de investigar alguns casos e crimes que andam a acontecer em Nova Iorque, na tentativa de deter os males do mundo.
Como já devem ter reparado todas as personagens vão encontrar-se num ponto em comum, todos querem um mundo melhor e é aqui que esta história original da Insomniac Games se centra, como Peter Parker, um cientista, Mary Jane Watson uma repórter de investigação, ou Spider-Man, podem fazer o mesmo, isto é, salvar o mundo à sua maneira. Qual será mais importante? Qual será aquele que consegue salvar mais pessoas? Qual será o mais eficaz? É esta a história central do jogo, esta dificuldade de Peter Parker perceber o que será mais benéfico para o mundo, o seu trabalho enquanto cientista ou ser o Spider-Man. Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades, voltamos ao início desta análise, em que papel é que isso é importante?!
É isto que vamos ter que perceber ao longo do jogo, em que Peter Parker/Spider-Man vai ter que proteger aqueles que ama, perceber o que fazer da sua vida, o que quer para a sua vida, enquanto enfrenta uma quantidade enorme de inimigos, como será o caso de Kingpin logo ao início, onde passados 8 anos consegue finalmente o apanhar e o mandar para a prisão, mas onde mais à frente terá que enfrentar o Sexteto Sinistro. Pelo meio muitos mais desafios vão surgir, com um novo inimigo, Mr. Negative a surgir, e com tantos problemas pessoais e emocionais para lidar enquanto lida contra os maiores criminosos do mundo dos Comics, e mais não digo para não estragar a experiência aos nossos leitores.
No modo história propriamente dito os fãs deste super-herói vão se deliciar neste mundo alternativo pois desenrola-se de forma muito fluída e muito semelhante a um filme. O tempo de jogo e cutscenes está bastante equilibrado e assim não torna o jogo nada chato e a narrativa é contagiante e dá vontade de jogar mais um bocado e quando dás por ti, já acabaste o jogo. Sem dar spoil como se desenrola, o Spider-Man vai-se encontrar com caras bastante conhecidas, como Kingpin, Shocker, Scorpion, Ryno, Electro, Vulture entre outros. Para além destes inimigos, outros são apenas mencionados como por exemplo Mysterio e o Lizard. O modo história está muito bem concebido e para quem terminar o modo de história tem direito a uma prendinha após os créditos finais.
Tenho que referir ainda este maravilhoso Open World que a Insomniac Games nos deu, cheio de vida, de cor, é de facto uma maravilha andar por Nova Iorque. Facilmente vão perceber que as pessoas reagem à nossa presença, fazem comentários, falam sobre nós, sobre o fato que estamos a utilizar por exemplo, têm conversas próprias, têm a sua vida particular. E é uma cidade com muita vida, com muitas pessoas, com muita variada de pessoas, e os seus empregos como é normal, em que podemos passar largos minutos empoleirado num candelabro a ouvir e ver o que se passa na cidade. Para além disso, o grafismo confere a todo o jogo que tudo pareça vivo, as transições Dia/Noite, com os efeitos de luz de uma cidade que nunca dorme, em que podemos andar colados às janelas dos prédios e temos uma percepção do seu interior e não uma janela pintada sem um efeito 3D, em momentos teremos que acompanhar até mesmo um bandido a planear um golpe com o seu chefe e vamos estar colados na janela a tirar fotos ao plano que está a acontecer dentro de um escritório, incrível mesmo.
Esta edição Remasterizada para PC tem ainda os 3 DLC’s lançados na altura apelidados como a saga A Cidade Que Nunca Dorme. O primeiro episódio é O Assalto onde no início vamos tentar perceber o que HammerHead anda a preparar com o vácuo que foi provocado pela prisão de Kingpin, o porquê de Black Kat ter-se juntado a ele e, o pequeno poder que se vai estabelecendo em algumas famílias de gangues de Nova Iorque.
Vamos ter que encontrar, por exemplo, os quadros roubados pelo pai de Felicia Hardy, vamos ter desafios colocados por Screwball, uma youtuber maluca da cabeça e que só quer views e ainda os crimes que a Maggia anda a fazer em Nova Iorque e que passam até por colocar bombas para desativarmos.
Já em “Turf Wars”, HammerHead continua a ser o vilão principal, mas aqui declarando guerra contra a família de criminosos Dons of the Maggia. Para isso vai usar equipamento da Sable International e, por isso, torna-se ainda um perigo maior para a cidade de Nova Iorque. Cabe ao Spider-Man e ao seu contacto na polícia de Nova Iorque, Yuri Watanabe, unir esforços para acabar com a violência que se espalhou pela cidade. Este episódio é bem mais curto do que o primeiro que referimos, apesar dos desafios da Screwball e dos pequenos delatores que temos que apanhar pelo caminho.
O último episódio, O Outro lado de Sable, apesar do nome continua a fazer de HammerHead o principal alvo de Spider-Man, mas agora com a própria Silver Sable metida ao barulho. Por outro lado, a nossa companheira de caça, Yuri Watanabe, desapareceu e será Mary Jane Watson e Miles Morales, que começa agora a entrar mais a sério na vida de Peter Parker, que nos farão companhia nesta aventura.
Ora bem, a intervenção, conversa e participação destas duas personagens são os pontos mais fortes deste último episódio, que é o mais curto dos três. Os desafios da Screwball são ainda mais complicados, onde, por exemplo, vamos andar à caça de bombas e temos que atirá-las para locais definidos para fazermos o já conhecido photobomb, continuamos a ter crimes a acontecerem ao longo da cidade e dentro de armazéns, e é claro uma perseguição ao Hammerhead e os seus cúmplices que roubaram a tecnologia da Silver Sable para se tornarem mais fortes, numa espécie de combinação entre homem e máquina.
A verdade é que os três episódio em pack valem mais do que a forma solitária em que sairam e, por isso, os jogadores de PC ficam bastante mais bem servidos assim, para além de fazer uma excelente ponte para a próxima remasterização que está a caminho, isto é, o Marvel’s Spider-Man Miles Morales.
Marvel’s Spider-Man Remastered para PC é, de facto, uma oportunidade incrível para aqueles que nunca tiveram a oportunidade de jogar a versão original na PS4, PS4 ou na PS5, sendo que em termos de conteúdo podem contar logo com os três episódios do DLC – A Cidade Que Nunca Dorme.
As opções gráficas, especialmente para os computadores mais bem apetrechados e a possibilidade de jogar em ultra wide screen é um enorme boost para jogar de uma forma mais cinemática. Ah e sim, nesta versão também temos um Peter Parker mais cinemático também, isto é, mais parecido com Tom Holland como aconteceu na PS5. Para além disso o jogo é tão suave a jogar com teclado e rato como com um comando, mas se usarem o DualSense, como já o podem fazer, então é outra loiça, visto que todas as características hápticas que vimos e sentimos na PS5 são transpostas na totalidade para esta versão PC. Era obrigatório para quem tinha uma PlayStation, agora também o é para PC.