Developer: Fluxscopic Ltd.; tinyBuild
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 20 de Maio de 2021
Sempre que vejo um jogo que tem na sua base bonecos pixelizados, das duas uma, ou é daqueles jogos antigos ou é um Minecraft desta vida. Este é um outro caso estranho em que não é nem uma coisa, nem outra. Mayhem in Single Valley leva-nos para uma aventura de puzzles com uma história tresloucada e bastante non sense, onde as texturas são baseadas em pixel.
O nosso personagem é Jack, um jovem que pelos vistos vai para a universidade, ou era suposto ir, uma vez que no dia em que ia partir para a sua nova vida é acusado de fazer algo que não fez. Basicamente o que acontece é que uma estranha criatura chega num camião e despeja um vírus para a água e que transforma animais e pessoas em autênticos zombies de olhos verdes que mais parecem o Frankenstein. Pessoas e animais, ninguém escapa a esta estirpe. Enquanto isto acontecia e já depois de um gato atacar uma idosa que fazia a sua vida normal, um jovem, que estava a fazer o seu jogging repara no sucedido e vê Jack a espreitar da sua casa na árvore. Tal como acontece na nossa sociedade, onde há tanto diz que disse, o jovem espalha a palavra que Jack era o responsável por estes acontecimentos e agora temos de limpar a nossa imagem e evitar os zombies a todo o custo.
Teremos então de cumprir diversas tarefas em casa e fora dela, como por exemplo devolver o andarilho à tal idosa que foi atacada pelo gato de olhos verdes. O jogo dá-nos diversos quebra-cabeças para resolver, mas também nos dá coisas simples de uma vasta lista que vamos ter de andar a consultar para saber o que ainda falta fazer. Em casa, tive de colocar o irmão mais novo de Jack na cama enquanto ele chorava desalmadamente, encaminhar o pai para o quarto, uma vez que parece estar com uns copos a mais em cima e arrumar a casa, se quisermos. O cenário pode ser modificado por nós porque quase todos os objetos podem ser trocados de lugar e empurrados. Mesas, sofás, cadeiras, entre outras coisas.
O nonsense está no ADN deste Mayhem in Single Valley e colocou-me um sorriso no rosto algumas vezes pelo ridículo da situação. Para quem vê Family Guy ou os Simpsons vai encontrar algum humor característico deste tipo de comédia. O reverso da medalha é mesmo a jogabilidade que está longe de ser perfeita.
A nossa movimentação é complicada e já sabem que um jogo em 3D requer sempre alguma perícia, mas este parece-me algo mais que isso. Por exemplo, passar água de um lado para o outro pode ser uma tarefa bem complicada porque tem de saltar de pedra em pedra sem cair e isso, parece aparentemente fácil, mas na prática não é. Não quero dizer com isto que o jogo é difícil, nada disso, mas são estes pequenos grandes detalhes que estragam um pouco a jogabilidade. Gostei da parte em que temos de pegar num chapéu de chuva e voar de um lado para o outro conforme o vento que está. Isto é muito engraçado, mas antes de dar um salto em falso o melhor é gravarem o jogo para não correrem o risco de morrer e vir parar mais atrás que o desejado.
No confronto com animais ou hordas, a nossa abordagem tem de ser bem calculada. Na sua grande parte deve ser defensiva, quer seja a fugir, quer seja com um escudo improvisado de uma tampa de um caixote do lixo. O nosso ataque, se é que se pode chamar assim, é mandar itens que vamos colecionando para estes zombies de forma a distraí-los, quer seja com cerveja ou com comida. Mais tarde, ganhamos acesso a uma fisga que nos vai ajudar bastante a ultrapassar os inimigos.
Quanto à banda sonora, Mayhem in Single Valley, dá-nos muitas melodias em midi, mas que podemos ir mudando à medida que apanhamos cassetes para colocar no nosso walkman de viagem. Lembram-se deles? Aqueles dispositivos portáteis que liam cassetes antes da febre dos mp3 e até mesmo do discman. Apesar desta ideia ser boa, a música não fica na memória.
Mayhem in Single Valley é um jogo que até tem graça no início, mas vai perdendo o brilho à medida que a história avança, onde nada faz muito sentido. Vale pelos seus bons puzzles que temos de resolver e pelas tarefas simples que vamos ter de cumprir apesar da sua jogabilidade não ser das melhores. Uma coisa é certa, pelo menos no início vão rir-se com algumas situações que julgam impossíveis de acontecer num videojogo.