Análise: Monster Energy Supercross 25 – The Official Video Game

Developer: Milestone S.r.l
Plataforma: Xbox Series, PlayStation 5 e PC
Data de Lançamento: 7 de Abril de 2025

Monster Energy Supercross 25 marca o regresso de uma série que, ao longo dos últimos anos, tem vindo a afirmar a sua presença no mundo dos videojogos de desportos motorizados. Após um ano de pausa em 2024, o título regressa com uma nova numeração — agora alinhada com o calendário do campeonato real — e com uma ambição renovada: consolidar o seu lugar como a principal referência nos jogos de supercross. E uma prova disso é a aposta no Unreal Engine 5, que além de uma evolução técnica, representa igualmente um passo simbólico, assinalando o início de um novo ciclo dentro de uma franquia que se habituou a crescer de forma discreta, mas sustentada.

Longe dos holofotes das grandes franquias de corridas de automóveis, Monster Energy Supercross encontrou o seu público entre os entusiastas de motocross indoor e os fãs de corridas em ambientes fechados, onde a técnica, o controlo do terreno e a precisão nos saltos são mais importantes do que a velocidade pura. Ao longo das suas edições, a série foi refinando a sua identidade, oferecendo uma experiência cada vez mais imersiva e fiel ao espetáculo que se vive nos estádios norte-americanos. A combinação de modos de jogo diversificados, a personalização visual, o licenciamento oficial e as pistas recriadas com grande detalhe têm sido suficientes para manter uma base de fãs exigente.

Com MES25, a Milestone procura responder a essas expectativas, sem desvirtuar a fórmula que a tornou relevante. A introdução de novos sistemas — como a deformação dinâmica do terreno ou o comportamento mais realista das motas — mostra um cuidado em evoluir a experiência de corrida sem perder o foco no que a torna distinta. Embora não tenha sido redesenhado de raiz, o jogo apresenta melhorias tangíveis que, mesmo sendo subtis, procuram tornar esta edição mais polida, envolvente e apelativa para quem aprecia este desporto.

Uma das maiores virtudes de Monster Energy Supercross 25 está na forma como consegue capturar a essência muito particular desta forma de entretenimento. O supercross não é somente uma corrida de motas — é um espetáculo técnico e físico, onde cada salto, curva apertada e mudança de relevo exige precisão milimétrica e um domínio profundo da máquina. O jogo consegue transpor essa complexidade para o mundo virtual com surpreendente eficácia, colocando o jogador dentro do caos controlado que se vive numa pista coberta de terra solta, bermas e obstáculos sucessivos.

 

 

A introdução da deformação dinâmica do terreno é um excelente exemplo de como o jogo procura simular a realidade do supercross de forma mais autêntica através do sistema dynamic track evolution. À medida que as voltas se sucedem, as pistas vão sendo marcadas pelas trajetórias dos pilotos, criando buracos e novas elevações. Isto obriga o jogador a ajustar constantemente a sua abordagem a cada curva e salto, replicando a necessidade de leitura constante do terreno que os pilotos enfrentam nas competições reais. O simples acto de repetir uma pista deixa de ser uma questão de memorização para passar a ser uma adaptação contínua ao que está à frente da mota.

A física das motas foi também melhorada para recriar com maior precisão o comportamento destas máquinas em ambientes fechados e cheios de irregularidades. Manobras como os “scrubs” e “whips” — técnicas usadas para manter a mota baixa durante os saltos ou para controlar a aterragem — são muito mais do que meros gestos visuais, tendo impacto directo na performance durante a corrida. O jogador que aprender a usá-las no momento certo ganha vantagem, tal como acontece no desporto real. No entanto, estas mecânicas não são fáceis de dominar, e o jogo exige tempo e dedicação para que se compreenda o seu real valor, o que está em linha com a exigência técnica do supercross fora do ecrã.

Mesmo o desenho das pistas segue uma lógica realista, com circuitos inspirados nas provas do campeonato de 2025 e um ritmo de corrida muito próprio, baseado em manter a fluidez sobre obstáculos sucessivos e em conservar a velocidade sem cometer erros. O jogador aprende rapidamente que não basta acelerar — é preciso encontrar a cadência certa, saber quando travar, inclinar ou levantar a mota, para evitar perder impulso nas secções mais técnicas.

Monster Energy Supercross 25 marca o regresso de uma das franquias mais consistentes dentro do nicho dos desportos motorizados virtuais, trazendo consigo um conjunto de novidades que, embora possam parecer menores em alguns aspectos, contribuem para uma experiência mais completa, credível e moderna. A Milestone apostou numa evolução ponderada da fórmula já estabelecida, com destaque para melhorias na jogabilidade, apresentação visual e vertente multiplayer.

 

 

Uma das alterações mais sentidas está na forma como o jogo transmite a sensação de velocidade. Sem recorrer a exageros no velocímetro ou a truques visuais artificiais, a dinâmica dos saltos, o movimento da câmara e o som ambiente criam uma perceção mais intensa da adrenalina que se vive em pista. Essa reformulação está intimamente ligada à utilização do Unreal Engine 5, que permitiu um salto gráfico geral, seja na iluminação e nos detalhes dos estádios, mas também uma maior expressividade nas animações dos pilotos — seja nas quedas, nas celebrações ou nos pequenos gestos durante a prova.

No modo carreira, apesar de muitas das mecânicas já serem familiares aos veteranos da série, a forma como os sistemas de reputação, redes sociais e interações com outros pilotos afectam o progresso foi ligeiramente refinada. Embora continue a não ser um sistema particularmente profundo, as rivalidades, amizades e o número de seguidores que se acumulam ao longo da temporada podem influenciar o desenrolar de certos eventos, oferecendo pequenos momentos narrativos e mais variedade entre provas.

A inclusão do modo Rhythm Attack vem ainda reforçar a proposta de conteúdos paralelos à carreira tradicional. Estas corridas 1vs1, mais técnicas e focadas no domínio do ritmo dos saltos, servem como uma alternativa interessante para sessões rápidas ou para quem procura desafios diferentes. Com a adição de torneios e pistas criadas pela própria Milestone, Monster Energy Supercross 25 revela-se um título com conteúdo suficiente para manter o interesse dos fãs por bastante tempo.

Apesar de manter uma base muito semelhante à dos seus antecessores, esta nova edição apresenta afinações relevantes, melhorias visuais evidentes e novidades bem integradas, sobretudo na vertente competitiva e na sensação de condução. Para quem acompanha de perto a série, estas mudanças serão suficientes para justificar o investimento. Já para os novos jogadores, continua a ser uma entrada exigente, mas agora mais acessível graças às opções de assistência e dificuldade ajustável que o jogo propõe logo à partida.

 

 

A componente de personalização também foi alvo de melhorias. O editor de pistas foi expandido, oferecendo mais ferramentas e opções para quem quiser criar circuitos personalizados e partilhá-los com a comunidade. Da mesma forma, a personalização estética de capacetes e fatos permite aos jogadores afirmarem o seu estilo dentro e fora de pista, algo que ganha ainda mais relevância tendo em conta a forte aposta na vertente online.

O multiplayer de Monster Energy Supercross 25 surge como uma das áreas mais robustas e afinadas desta edição, reforçando a aposta numa experiência competitiva e social mais coesa. Um dos principais destaques é a introdução do crossplay total entre todas as plataformas de nova geração — PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC — o que representa um passo importante na construção de uma comunidade mais unificada e activa. Este sistema facilita o emparelhamento de jogadores, reduz os tempos de espera para encontrar partidas, algo essencial para um título com uma proposta online tão específica.

O jogo oferece uma variedade de modos multijogador, desde corridas simples até campeonatos completos, permitindo que os jogadores testem as suas habilidades contra adversários reais em ambientes desafiantes e imprevisíveis. Além dos modos competitivos tradicionais, o jogo mantém o modo Splitscreen, uma raridade nos tempos que correm, mas que continua a ter grande valor para quem procura sessões mais informais com amigos, partilhando o mesmo ecrã. Esta decisão revela uma sensibilidade interessante por parte do estúdio, que reconhece o apelo nostálgico e social deste tipo de jogabilidade.

Visualmente, Monster Energy Supercross 25 representa um salto significativo para a série, graças à transição para o Unreal Engine 5 — a grande novidade tecnológica desta edição. A melhoria mais evidente está na riqueza dos cenários e na iluminação dos estádios, que agora têm uma presença muito mais viva e realista. As arenas estão cheias de pormenores, desde as luzes em movimento ao público animado, o que ajuda a criar uma atmosfera mais imersiva e condizente com a emoção do desporto.

 

 

Durante as corridas, nota-se uma clara evolução na qualidade dos modelos das motas e dos pilotos, sobretudo no comportamento das animações em pista. Os movimentos das suspensões, os impactos com o solo e os efeitos de partículas como a terra solta ou os salpicos de lama são visualmente mais críveis, contribuindo para uma sensação mais próxima da realidade. No entanto, apesar de tudo isto, há momentos onde o nível de detalhe não é tão consistente, sendo que fora das corridas, algumas animações parecem menos trabalhadas – embora estes detalhes não comprometam a experiência geral.

Quanto à parte sonora, acompanha de forma eficaz a intensidade das corridas, ainda que nem todos os elementos se destaquem da mesma maneira. Os sons das motas, por exemplo, estão bem conseguidos, com variações audíveis consoante a aceleração, o tipo de piso ou o impacto após um salto mal medido. Há uma sensação de potência mecânica que se faz sentir sobretudo quando se disputa um lugar no meio do pelotão, rodeado por outros pilotos — o ruído conjunto das máquinas ajuda a construir a tensão típica de uma competição Supercross.

A música, por outro lado, cumpre uma função mais funcional do que memorável. As faixas escolhidas são energéticas e cumprem o propósito de manter o ritmo elevado entre menus e momentos de transição, mas não se destacam por uma identidade particularmente forte. Ainda assim, têm um estilo coerente com o universo do jogo — remetendo para aquele espírito jovem, radical e algo rebelde associado ao desporto motorizado extremo — e conseguem criar o ambiente certo, sem se tornarem intrusivas.

Monster Energy Supercross 25 reforça o posicionamento da série como uma referência sólida dentro do nicho dos desportos motorizados virtuais, especialmente para os fãs do Supercross. Com melhorias visíveis na física, um grafismo mais realista e um sistema de pistas em constante transformação, oferece essencialmente uma experiência de simulação, mas divertida.