Developer: Milestone
Plataforma: PS5, Xbox Series X|S, PC
Data de Lançamento: 30 de Abril de 2025

Sempre que agarro num jogo de MotoGP a história é sempre a mesma. Passar umas duas horas a tentar não cair e fazer uma volta completa sem grandes velocidades nem loucuras. É certo que a Milestone tem vindo a trabalhar essa falha nas últimas edições e também é verdade que a cada nova edição, se tem notado que o jogo fica mais acessível a todos. Podemos ter andado a dizer isto desde MotoGP 22, o último a que me dediquei durante mais tempo, mas em que senti uma enorme dificuldade em habituar-me ao equilíbrio da mota. 

Desde aí, as dificuldades dinâmicas e algumas mecânicas de acessibilidade melhoraram  este aspecto, mas é este ano com Moto GP 25 que as coisas tem uma mudança maior e assumida. Para os que estão mais habituados a isto até pode ter sido uma novidade que nem aquece, nem arrefece, mas a verdade é que a introdução da experiência Arcade é a melhor estratégia para que todos os que gostam de ver uma corrida na TV, possam, nem que seja ocasionalmente, desfrutar de umas boas horas de jogo a conduzir uma mota em pista, sem estarem a cair a cada 30 segundos. 

Ainda assim, não se pode pensar que não se cai de maneira nenhuma. Apesar da Milestone lhe chamar de experiência Arcade, não o podemos levar à letra como acontece noutros jogos, se não ativarmos mais ajudas. Por defeito, notamos um maior equilíbrio da mota e na sua estabilidade em pista, mas é necessário ter em conta as trajetórias das curvas e não forçar demasiado a inclinação da mota para um lado ou para o outro, porque se não já sabem, vão ao chão na mesma. 

O auxílio nas trajetórias e no acelerador ou a dificuldade adaptativa com recurso à inteligência artificial são fundamentais para isto se tornar uma experiência muito boa para um novato. Qualquer um se pode sentir um Valentino Rossi pronto para ganhar qualquer corrida. Neste lado da experiência, também não precisamos de estar preocupados com outros fatores que são essenciais para um piloto de MotoGP profissional. Podemos ignorar o desgaste dos pneus ou o consumo de combustível e focar no que realmente importa a um jogador casual, que não quer ser considerado Pro, seja por opção ou por falta de jeito.

Esta foi a grande diferença que senti enquanto joguei MotoGP 25. Até porque não sendo eu um bom piloto, no final de umas horas já estava a tirar algumas ajudas e a fazer umas corridas bastante competitivas para o meu nível. Senti que o grau de evolução e aprendizagem é grande e até pode ser feito aos poucos. Se quiserem dar um ar mais realista até podem começar uma carreira no Moto 3 e ir subindo ao mesmo tempo que se aprende a jogar. É tudo uma questão de escolha e isso é a melhor forma de dar aos jogadores uma boa experiência. Basta olhar para aquilo que acontece já há algum tempo nos jogos de F1, em que cada um personaliza a sua experiência de jogo à sua medida.

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A Milestone quis mesmo que este jogo fosse para todos e por isso, apesar de ajudar novos jogadores, não se esqueceu dos fieis jogadores que optam por fazê-lo de forma mais profissional. Do lado oposto da experiência Arcade, está a experiência Pro, o formato clássico que mostra o lado mais simulador que estamos habituados a ver noutras edições da franquia. Neste modo, sem ajudas, além de terem de ser exímios a conduzir a mota também terão de gerir o consumo de combustível, bem como o desgaste dos pneus. O costume para quem já é veterano em jogos do Moto GP. 

Além destas mudanças de gameplay mais acessíveis, capazes de mudar a forma como o jogo é apresentado, outra das novidades é a passagem do jogo para Unreal Engine 5, mas vou dizer-vos que não notei uma grande evolução gráfica. É diferente, isso é um facto, mas acho que ainda não teve o tempo necessário para estar no ponto. Talvez seja o início de algo que possa vir a ser melhorado nos próximos anos, mas por enquanto é só mais uma passagem do que uma evolução. 

Não quero com isto dizer que o jogo não é bonito graficamente. Pelo contrário. Os modelos dos pilotos estão bem feitos, as suas caras bastante parecidas com as reais, as motas rigorosamente desenhadas e as pistas detalhadamente construídas  fazem com que MotoGP 25 seja um bom jogo graficamente.  A melhorar a atmosfera temos os sons vindos das motas, que graças à captação ao vivo, dão a cada uma das marcas e a cada Grande Prémio uma atmosfera diferente. Mais imersão de jogo e uma sensação de que estamos mesmo numa corrida a sério. 

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Este é uma ano em que realmente houve uma tentativa de trazer coisas novas para o jogo e até pode nem ter feito muito pelo modo carreira, mas esforçou-se noutros campos. Outro exemplo dessa inovação é a chegada de um novo modo, o Race Off, que nos permite fazer corridas com motas diferentes daquelas de competição. Dizem-nos que este modo é inspirado em métodos de treino dos pilotos reais, vamos acreditar que sim. Aqui podemos pilotar três tipos diferentes de motas. Existem as provas de Motard, Flat Track e Mini Bike, cada uma com a sua maneira de conduzir e onde podemos ganhar maior habilidade para depois usar as motas de competição. Estas corridas estão divididas por quatro pistas diferentes, desde a Toscana aos Alpes franceses e podem escolher que tipo de sessão querem fazer. Além do tipo de mota, escolhem ainda o desafio, seja uma corrida de contra-relógio ou de eliminação. Há vários à escolha.

Este modo pode ser jogado à parte, mas também está interligado com o modo carreira, aparecendo lá como desafios extra que podem, ou não, ser ignorados se não estivermos para aí virados. Mas talvez seja melhor fazer porque isto aumenta a nossa capacidade física e melhora a nossa aptidão em pista. Acho que ficou a faltar uma parte multijogador neste modo. Imaginem juntar quatro amigos em casa e fazer umas corridas destas com o ecrã dividido. Era certamente mais divertido do que fazê-lo sozinho e já que estamos num ano em que se falou muito de um estilo Arcade, podia fazer sentido.

O modo carreira vem como já nos habituou noutros anos e apenas com algumas novidades que no final não são suficientes para o transformar. Criamos o nosso piloto e entramos numa das competições principais, seja Moto GP, Moto 2 ou Moto 3. Existe um sistema de escolhas que são identificados como pontos de decisão que influenciam o nosso desenvolvimento ao longo da época. Podemos por exemplo aceitar convites de outras equipas, caso surjam, negociar contratos, optar por um treino mais físico ou mais técnico, afetando isto tudo a nossa reputação como piloto, bem como o desempenho nas corridas ou até mesmo os patrocinadores.

Podemos também interagir com outros pilotos através das redes sociais, onde podemos cimentar amizades ou alimentar rivalidades. Isto afeta a moral do nosso piloto, a nossa reputação e pode até ser importante numa negociação futura. Se forem para uma equipa que tem um dos vossos rivais, se calhar, antes de contratar a equipa pensa duas vezes. De resto, tudo se mantém mais ou menos como já era, desde a contratação do nosso staff ou a gestão do calendário de treinos e provas de exibição. Pareceu-me com mais foco em narrativas do que nas últimas edições. Podemos optar por um estilo de calendário curto ou completo e desfrutar das duas novas pistas: Balaton Park na Hungria e Brno na Chéquia. O GP de Portimão mantém-se no jogo, até porque continua a fazer parte do calendário oficial.

Além da carreira, podem jogar o campeonato isolado com pilotos reais e até escolher o nosso Miguel Oliveira para tentar ganhar um campeonato. Podem fazer Grandes Prémios de forma isolada, com todas as sessões de treino ou só com as corridas e qualificação. No online, pela primeira vez existe crossplay, o que pode puxar mais jogadores para as corridas com amigos ou desconhecidos. Offline também são permitidas corridas de um contra o outro em ecrã dividido. 

MotoGP 25 significa uma mudança de direção para trazer mais jogadores para este universo das motas. Facilita a entrada de novos pilotos com a experiência Arcade e outras ajudas que nos equilibram em pista sem cair tantas vezes como no passado. Muda também o motor gráfico e constroi aqui uma base segura para outras inovações no futuro, principalmente no modo carreira que parece sempre mais do mesmo.

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Élio Salsinha
Aprendeu a jogar ao Pedra, Papel, Tesoura com o Alex Kidd e a contar até 100 com o Sonic. Substituiu a Liga da Malásia pela Liga Portuguesa no Fifa 98 e percebeu que havia jogos melhores que filmes com o Metal Gear Solid.
analise-motogp-25<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">A experiência Arcade para novatos</li> <li style="text-align: justify;">A atmosfera sonora dos Grandes Prémios</li> <li style="text-align: justify;">Novas formas de corrida</li> <li style="text-align: justify;">Dificuldade adaptativa e IA melhorada</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Modo Carreira estagnado</li> <li style="text-align: justify;">Visualmente parecido com os antecessores</li> </ul>