Developer: Deadtoast / Developer Digital
Plataforma: iOS / Android
Data de Lançamento: 05 agosto de 2021
Temos que começar esta análise puxando um pouco a fita atrás, mais precisamente ao jogo “original”, My Friend Pedro, que saiu em 2019 para a Nintendo Switch, PC e Xbox One, saindo também para a PS4 no ano seguinte. Especialmente para quem o jogou, e no meu caso até foi na Nintendo Switch, é difícil de não ceder facilmente a um êxtase devido à sua jogabilidade sempre a abrir, a disparar para tudo quanto é sítio, aos saltos em estilo Matrix a parar o tempo, numa mistura distópica entre a saga de Neo e o nosso querido Max Payne, com uma enorme dose de humor, como é característico em tudo o que é publicado pela Devolver Digital.
Neste jogo, e aqui apenas como nota introdutória, os vários níveis propõem que os joguemos sem parar, para elevar a pontuação e onde os analógicos têm a função de movimentação e de mira ao mesmo, para além dos gatilhos para disparar o botão de salto. Isto nos comandos das consolas funciona às mil maravilhas, a jogabilidade é fluída, rápida, alucinante e super satisfatória.
Agora porque é que eu comecei por falar nisto, na análise deste jogo gratuito para os vossos smartphones, que é um spin-off deste original que vos recordei? Pois bem, é que aquilo que o jogo original tinha de melhor, torna-se um pesadelo neste spin-off mobile. Bem sei que parte do problema passa sempre pelo utilizador, seja porque eu estava à espera do mesmo tipo de comandos e sensação do original nas consolas, seja porque eu só bastante desajeitado a jogar em formato touch no meu smartphone, mas a verdade é que não é a mesma coisa, e ainda por cima sem ter a possibilidade de usar o Razer Kishi para jogar, deixou-me bastante frustrado.
E porque é que isto acontece, a escolha da Deadtoast, a mesma developer do original, neste spin-off do jogo, decidiu fazer com que a nossa personagem principal que comandamos se projete no cenário apenas e só de duas formas; ou rebolar ou saltar. E para explicar melhor, ao fazermos o movimento para baixo no touch screen do nosso smartphone podemos ver um arco para quantificarmos o nosso salto e para onde a personagem se vai projetar, e quando o fazemos o tempo fica mais lento, e temos o rebolar que precisamos fazer um movimento para baixo mais perto dos pés do nosso personagem para acertar que é para rebolar e não para saltar, e depois quantificar até onde rebolar puxando para um dos lados.
Pois bem, isto não é assim tão intuitivo quanto o jogo exige, cometemos imensos erros na tentativa de acertar no saltar ou no rebolar e o andamento acaba por bater na frustração, quando o jogo pede para sermos rápidos e ágeis para conseguirmos uma melhor pontuação. E este foi o problema do jogo para mim, foi melhorando com o tempo, mas sempre com o sentimento de demasiado sacrifício e frustração para um jogo mobile que se quer de diversão instantânea.
My Friend Pedro: Ripe for Revenge acaba, em muitos momentos, por fazer esquecer de alguma forma estas questões mecânicas, seja pelo ambiente pitoresco em que se apresenta, em muito semelhante com o seu original, pela história completamente fora, de terem raptado a família da nossa banana Pedro, e por isso temos que a recuperar durante 37 níveis onde, é claro, nos vamos vingar de todos aqueles que contribuíram para o rapto da família do nosso amigo Pedro.
Os 37 níveis têm uma boa variedade de cenários e mesmo de diversidade, como já perceberam em grande parte andamos aos saltos ou a rebolar, mas vamos também ter acesso a skates, a andar em ziplines, ou mesmo níveis de mota, numa perspetiva na terceira pessoa, onde nos vamos ter que desviar de obstáculos para a direita ou para a esquerda ou saltar sobre eles, ao mesmo tempo que andamos a disparar balas aos inimigos cabeçudos que nos vão aparecendo pela frente. Falei de skate ou de zipline, mas estava a falar dentro da aventura 2D side scroller em que o jogo se desenrola, tal como acontecia com o primeiro.
Apesar de tudo o que nos vai sempre entusiasmando é o banho de sangue que vamos provocando ao som de uma excelente banda sonora, a ombrear com Hotline Miami, por exemplo, em seções em que a parte da jogabilidade acaba por fluir e estamos a dar tiros para os dois lados do ecrã, ao mesmo tempo que rebentamos um jerrican de gasolina, partimos a janela e passamos para a área seguinte pendurados num zipline e caímos num skate para varrer em andamento mais uma dezena de inimigos. Quando isso acontece e tudo fluí, o jogo dá uma enorme satisfação de se jogar, especialmente tendo em conta que o jogo é gratuito, mas que não peca na qualidade por isso mesmo, e também porque não é um port, mas sim um spin-off criado de raiz para mobile.
No entanto não julguem que o jogo é fácil só por implicar que tenha um andamento rápido. Vão morrer muitas vezes, seja pela dificuldade dos inimigos que vai aumentando, com estes a terem mais coraçõezinhos, portanto só morrerem com mais tiros certeiros, mas também pelo círculo que os envolve e que nos dá conta do seu tempo de reação a disparar contra nós a ser cada vez mais rápido. E ainda temos os puzzles de ambiente que vão surgindo, com placas para os nossos tiros fazerem ricochete para acertar nos alvos, ou saltos consecutivos perante verdadeiras ratoeiras mortíferas.
Ainda em relação ao jogo ser gratuito, na verdade é, podem jogar de fio a pavio sem pagar rigorosamente nada por ele, no entanto também é verdade que não podem salvar o vosso progresso neste modelo. Para ser mais explícito, são 37 níveis, se morrerem no 36, vão ter de começar no 1. Se quiserem que salve o vosso progresso, vão ter de pagar $2.99, o que na verdade não é muito, para poderem morrer onde quiserem sem se preocuparem de começar do início.
My Friend Pedro: Ripe for Revenge é um jogo bastante divertido e tem uma banda sonora de luxo, para curtir e tirar todo o stress de cima. É verdade que por vezes os controlos deixam-nos frustrados, não é um jogo muito extenso, mas é desafiante o suficiente para vos roubar umas boas horas de jogo e aliviar bastante a tensão.
