Developer: Visceral Games
Plataforma: Nintendo Switch
Data de Lançamento: 19 de novembro de 2024

Em 2007, quando MySims foi lançado pela primeira vez, The Sims 2 estava em alta entre os jogadores, especialmente entre os os jogadores do PC. As versões de consola — para PS2, Xbox e GameCube — eram bastante diferentes, devido às limitações das consolas. Foi por essas limitações que apareceu MySims, uma tentativa clara de oferecer algo novo aos jogadores, principalmente aos da Nintendo. Lançado a pensar na Nintendo Wii e na Nintendo DS, mas sendo também lançado no PC, o jogo apresentava um estilo mais descontraído, “fofinho” e charmoso, destinado a cativar um público mais jovem ou simplesmente fãs de uma abordagem mais leve da franquia The Sims.

Um ano mais tarde, em 2008, chegou MySims Kingdom, que foi um exclusivo das consolas da Nintendo. Embora a ideia do jogo fosse muito baseada no primeiro jogo, trouxe uma nova abordagem ao universo de MySims, levando os jogadores para um reino medieval, mágico e cheio de fantasia. Agora, em 2024, a Electronic Arts decidiu revisitar estes clássicos e reuni-los no pacote MySims: Cozy Bundle, dando aos jogadores da Nintendo Switch a oportunidade de redescobrir ou experienciar pela primeira vez estes dois jogos. No entanto, o mercado atual é muito mais competitivo e repleto de alternativas, tornando o desafio de se destacar significativamente mais difícil do que há 17 anos.

Começando pelo primeiro jogo, MySims, inicia-se com a introdução de uma pequena cidade que outrora era extremamente próspera, cuja vitalidade dependia da criatividade de um habitante especial. Este Sim, com talento para revitalizar aquele local através de ideias e construções inovadoras, desapareceu misteriosamente, e com esse desaparecimento a cidade foi perdendo o seu brilho, perdendo os seus habitantes e ficando com um aspeto decadente.

É com este mote que o jogo se inicia, já que fazemos parte de um grupo de novos habitantes da cidade. É nesse momento que criamos o nosso Sim — num editor simples, mas funcional. Temos a oportunidade de personalizar características físicas, roupas e expressões faciais, e embora seja um processo rápido, é sempre um ponto a favor deste tipo de jogos, já que permite ao jogador estabelecer uma ligação com a sua personagem.

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O nosso objetivo principal é recuperar a cidade através de construções, personalizações e interação com os habitantes locais. Seremos como uma espécie de arquiteto, construtor e decorador, sendo que este será o grande alicerce do jogo, o seu sistema de construção, embora devido à sua antiguidade já se note um pouco mais limitado em comparação com outros simuladores atuais. O sistema, ainda assim, é intuitivo e permite criar estruturas únicas, incentivando-nos a sermos criativos, apesar de oferecer uma seleção modesta de peças e decorações.

Para dar vida aos nossos projetos, é necessário recolher materiais, como madeira e flores. Estas tarefas, embora incluam algum “grind”, são rápidas e simples, não se tornando repetitivas ou aborrecidas. A interação com os habitantes é também fundamental, já que muitos deles têm pedidos que teremos de resolver, que vão desde decorar as suas casas até construir móveis de acordo com a sua ideia. Além disso, os habitantes possuem personalidades distintas, com interesses e gostos diferentes, e essa componente serve para tentarmos criar laços com eles, seja através de conversas ou mesmo oferecendo-lhes presentes.

É preciso ter em conta que, embora exista muito para fazer, tudo acontece de forma simples e sem qualquer complexidade. É um jogo para se jogar de forma relaxante e sem qualquer complexidade. O objetivo do jogo está bem definido e é engraçado, e conseguimos reformular a cidade, transformando locais deteriorados em zonas novas em que o bem-estar se faz notar. Com estas melhorias e reconstruções vamos desbloqueando novas áreas e edifícios que podemos personalizar. As construções não se ficam pelas habitações, mas também lojas e atrações para os habitantes.

Embora a experiência ofereça várias atividades, é bom ter em conta que tudo é apresentado de forma acessível e sem complexidade. O jogo combina tarefas criativas com objetivos simples, tornando-se uma escolha apelativa para os mais novos. Com as reconstruções na cidade, e o melhoramento das zonas, vão-se desbloqueando novas áreas, que também teremos de revitalizar. Mas não pensem que vão apenas tratar de habitações, já que também teremos lojas e atrações para decorar, de maneira a atrair novos habitantes.

Em MySims Kingdom, somos transportados para um reino encantado, mergulhado num ambiente medieval repleto de magia e fantasia. Voltamos novamente a assumir o papel de um construtor, mas desta vez ainda mais especial, um Wandolier, contratado pelo Rei Roland para restaurar e revitalizar o reino, que – wait of it… – outrora fora próspero, mas que agora se encontra em ruínas devido à negligência e ao passar do tempo.

O jogo introduz uma nova componente, a magia, que é um dos elementos mais interessantes deste título. Por sermos um Wandolier, teremos uma varinha mágica que nos permite realizar tarefas de construção e decoração de maneira criativa. Esta habilidade é utilizada para modificar estruturas, transformar itens e criar designs que satisfaçam os “caprichos” do Rei Roland e de algumas personagens que habitam aquele reino.

Outro aspeto que não podemos deixar de falar é a exploração de várias ilhas, cada uma com a sua própria temática. Desde ilhas com castelos e jardins, cada local apresenta os seus próprios desafios e tarefas específicas que nos fazem criar construções de acordo com o ambiente e o contexto. Aqui também teremos as interações sociais como no primeiro jogo, e cada ilha é habitada por personagens distintas, desde as mais carismáticas até às mais excêntricas, que por vezes nos vão surpreender com pedidos peculiares e algumas vezes inesperados.

Embora MySims Kingdom siga muitos dos princípios do primeiro jogo consegue diversificar-se mais, já que apresenta novos conteúdos e uma abordagem mais abrangente. A maneira como a progressão é feita oferece também uma sensação de progressão mais satisfatória. Embora o objetivo seja parecido, o título é mais apelativo tanto para os fãs da franquia como para novos jogadores.

A jogabilidade de MySims: Cozy Bundle destaca-se pela simplicidade e pelo foco na interação criativa com os mundos apresentados. A versão para Nintendo Switch beneficia do ecrã tátil (quando jogado em modo portátil), que adiciona aumenta a acessibilidade e precisão, especialmente em tarefas como desenhar objetos, organizar peças e ajustar elementos durante as construções. Em MySims Kingdom, a varinha mágica tira ainda mais proveito desta funcionalidade, permitindo realizar ações de forma intuitiva e rápida, como traçar padrões ou transformar itens.

Apesar da acessibilidade geral, nem tudo funciona de forma ideal. Já que certos aspetos da construção, como montar objetos decorativos, podem tornar-se frustrantes. Posicionar peças no local exato com os analógicos requer um nível de precisão exagerado, sem qualquer ajuda que simplifique os encaixes. Este problema é evidente logo nos primeiros minutos, como na construção de uma simples cadeira, que pode transformar uma tarefa básica em algo exaustivo por falta de precisão nos controlos.

Por outro lado, a funcionalidade tátil da Switch reduz algumas dessas dificuldades. Usar o touchscreen para ajustar peças ou personalizar elementos torna as construções mais fáceis e menos propensas a frustrações, mas ainda assim, existem momentos que ainda continuam verdadeiramente complicados.

No aspeto gráfico temos um estilo simples, colorido e encantador. As personagens têm modelos no formato “chibi”, com traços infantilizados e com proporções exageradas, que oferecem uma aparência amigável. Este estilo visual consegue agradar tanto a jogadores mais jovens, que se sentirão atraídos pelo seu toque acolhedor, acessível e descontraído, como por jogadores mais velhos, que gostem deste estilo visual. A sensação de nostalgia é palpável, mas ainda que o jogo tenha levado imensas melhorias em relação ao original, e acreditem que as diferenças gráficas são bem visíveis, ainda assim acaba por não conseguir rivalizar com os jogos deste género mais atuais.

No que diz respeito ao som, o jogo consegue oferecer uma atmosfera tranquila e envolvente, devendo-se isso à banda sonora relaxante e alegre que complementa perfeitamente as situações do jogo, ajustando-se às áreas e ilhas que exploramos, com músicas distintas que ajudam a reforçar a identidade de cada local. Os efeitos sonoros, são simples, mas conseguem cumprir o objectivo, embora por vezes possam tornar-se repetitivos após algum tempo de jogo. Quanto à parte de “voice acting”, mantém a tradição da franquia The Sims com os característicos murmúrios e sons ininteligíveis das personagens, que, embora não sejam de grande profundidade, já são um ícone da marca.

MySims: Cozy Bundle é um jogo nostálgico para muitos jogadores, transportando-os de volta a 2007, quando este tipo de jogos eram lançados. Embora seja um jogo competente, é fácil perceber que já se encontra um pouco datado, especialmente se o compararmos com alguns jogos que tentam trazer o mesmo tipo de conteúdo como Animal Crossing. Além disso, alguns problemas de jogabilidade também não ajudam a termos a melhor experiência do jogo. Ainda assim, considero que é um jogo ideal para o público mais jovem, e o fato de estar em português é um ponto muito a favor, já que facilita os mais pequenos na exploração e na compreensão das tarefas.

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Desde o tempo do seu Spectrum+2 128k que adora informática. Programador de profissão nunca deixou de lado os jogos, louco por RPGs e jogos de futebol. Adora filmes de acção e de ficção científica, mas depois de ver o Matrix nunca mais foi o mesmo.
analise-mysims-cozy-bundle<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Bastante nostálgico para os jogadores mais velhos</li> <li style="text-align: justify;">Ideias simples, praticas e funcionais</li> <li style="text-align: justify;">A língua portuguesa é uma excelente adição para o publico mais jovem</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Mecânicas de construção por vezes muito imprecisas</li> <li style="text-align: justify;">Por vezes torna-se repetitivo</li> </ul>