Developer: Unfinished Pixel
Plataforma: PC, Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S
Data de Lançamento: 26 de setembro de 2025
Se há algo que continua a encantar os mais pequenos são os jogos de desporto simples, intuitivos e genuinamente divertidos. Lembro-me bem de que, na minha infância, não faltavam títulos com essas características. E se falarmos apenas de jogos desportivos, havia de tudo um pouco, desde basquetebol a futebol, passando pelo baseball e até pelo hóquei no gelo. Essa simplicidade era precisamente o que tornava esses jogos tão apelativos, já que bastavam dois ou três botões para fazer tudo, e o mais importante era mesmo a diversão imediata.
Com o passar dos anos, assistimos a uma transformação. Muitas dessas franquias desapareceram e as que sobreviveram optaram por se tornar autênticos simuladores, focando-se cada vez mais no realismo e na autenticidade, mas perdendo aquela magia arcade que fazia com que qualquer pessoa, de qualquer idade, pegasse no comando e se divertisse sem complicações.
Foi por isso que, quando vi a proposta da Unfinished Pixel com NBA Bounce, percebi de imediato que estávamos perante algo diferente. Um jogo feito a pensar num público jovem, tal como eu quando jogava Tennis na SNES, Hit the Ice, Sensible Soccer, Striker ou o eterno NBA Jam. Há muito que o mercado precisava de uma experiência desportiva simples, acessível e divertida, e é isso que este jogo vem oferecer.
A Outright Games, conhecida por lançar títulos voltados para os mais novos, dá aqui um passo curioso ao apostar num público um pouco mais crescido, sem trair a sua essência. É uma jogada interessante, que mostra abertura para explorar novos horizontes, mas mantendo o foco no entretenimento familiar e dos mais pequenos.
Entrando no essencial, NBA Bounce propõe-se devolver ao basquetebol digital o espírito de diversão pura, sem a complexidade dos simuladores. O jogo começa com um tutorial que ensina rapidamente as mecânicas básicas, e bastam poucos minutos para perceber que estamos perante diversão imediata. Qualquer jogador, seja uma criança a experimentar o seu primeiro jogo de desporto ou um adulto à procura de relaxar depois de um longo dia, domina os controlos num instante e entra logo em campo.
As partidas são disputadas no formato 3×3, ideal para manter o ritmo acelerado e a ação constante. A simplicidade é o segredo, movimentar, passar, roubar a bola, lançar ou afundar, tudo se aprende rapidamente. Claro que dominar os lançamentos de três pontos, os bloqueios perfeitos ou as assistências milimétricas exige alguma prática, mas o jogo é sempre equilibrado e recompensador, mesmo para quem ainda está a aprender. À medida que nos habituamos ao sistema, começamos a compreender as pequenas nuances, o timing ideal para um bloqueio, a leitura de jogo que permite antecipar o adversário e os espaços certos para atacar.
Um dos aspetos mais interessantes é a forma como NBA Bounce adapta as regras do basquetebol real para algo mais acessível, sem perder a essência. O sistema de lançamento baseia-se numa barra de precisão que vai do vermelho ao verde, exigindo que o jogador acerte no momento certo para um arremesso perfeito. Quanto mais longe do cesto, mais pequena é a janela de acerto, criando um desafio equilibrado que mantém o jogo envolvente sem ser frustrante. As animações, embora caricatas, são surpreendentemente fluidas, transmitindo energia e impacto em cada jogada.
O conteúdo do jogo é mais vasto do que parece à primeira vista. Além das partidas rápidas, ideais para sessões curtas, há um Modo Temporada, que permite acompanhar uma equipa ao longo de um calendário, e um Modo Torneio, que recria a emoção das fases por eliminatórias. No entanto, o grande destaque vai para o Party Mode (Modo Cooperativo caso tenham o jogo em Português do Brasil), e aqui encontram uma verdadeira festa e “maluquice” em campo. Neste modo, cada um dos quatro tempos de jogo é afetado por modificadores aleatórios que transformam completamente a partida, para terem um exemplo, num momento o cesto pode ficar a tampa de uma sanita que abre e fecha, noutro, certos locais do campo dão mais pontos; podemos também ter a bola a ir ganhando eletricidade, tendo nós de a passar para não a perdermos, entre outros modificadores. Estes momentos criam situações hilariantes, repletas de gargalhadas, especialmente quando jogados com amigos.
A personalização também está presente no jogo, sendo algo que agradará especialmente aos mais novos. Existe um editor simples que permite criar e modificar avatares, alterando o aspeto físico e o equipamento. Quanto aos desbloqueáveis, estes incluem bolas, acessórios e uniformes, conquistados como pequenas recompensas por cumprirmos desafios, algo que incentiva a exploração dos diferentes modos de jogo.
Diria que é precisamente no multiplayer local que NBA Bounce mais brilha. Permite até quatro jogadores na mesma televisão, garantindo momentos de pura diversão entre familiares e amigos. Cá por casa, as partidas entre pais e filhos resultaram em gargalhadas, gritos de vitória e muito divertimento, tal como acontecia nos tempos dourados dos jogos arcade. É impossível não sentir aquela nostalgia dos torneios improvisados entre amigos, onde anotávamos os resultados à mão, mas que até hoje ficaram gravados na memória.
Ainda assim, há uma ausência difícil de ignorar: a falta de um modo online. É verdade que o jogo foi pensado para o público mais jovem e para a diversão presencial, mas atualmente muitas crianças jogam e comunicam com amigos através do online. Um modo competitivo ou cooperativo online teria sido uma excelente adição, capaz de prolongar significativamente a longevidade do jogo.
Visualmente, NBA Bounce é um espetáculo de cor e carisma. As personagens têm proporções exageradas, num estilo chibi encantador que combina perfeitamente com o tom descontraído. Cada arena foi desenhada com atenção ao detalhe, refletindo a identidade das equipas da NBA, com logótipos, cores e mascotes oficiais. E é precisamente nas mascotes que reside parte do charme do jogo, cada uma com animações únicas e expressões cómicas que arrancam sorrisos em cada jogada.
A componente sonora acompanha na perfeição este espírito leve e festivo. As músicas são animadas e evocam a energia contagiante dos anos 90, enquanto os efeitos sonoros, o ressalto da bola, o apito do árbitro e o som da rede, contribuem para uma imersão deliciosa. A narração, ainda que repetitiva, é num tom empolgado, e reforça a sensação de espetáculo que o jogo pretende transmitir.
Com o tempo, é possível sentir alguma repetição, sobretudo para jogadores mais experientes. Mesmo com os desbloqueáveis e diferentes modos, o jogo poderia oferecer recompensas mais significativas a longo prazo. Novamente, um modo online ajudaria a mitigar essa sensação, incentivando a competição e a continuidade.
Algo que se nota, mesmo aumentando a dificuldade, é que com o tempo é possível sentir alguma repetição. Mesmo com a existência de desbloqueáveis, o jogo acaba por não oferecer recompensas suficientemente significativas para prender-nos lá durante muitas horas. Acredito que um modo online ajudaria a mitigar essa sensação, incentivando a competição e a continuidade.
NBA Bounce é, acima de tudo, uma obra que nos leva aos jogos desportivos arcade dos anos 90. É leve, acessível, colorido e incrivelmente divertido. A sua jogabilidade intuitiva, o charme visual e o foco no convívio familiar fazem dele uma experiência perfeita para crianças, famílias e qualquer jogador que procure simplesmente divertir-se sem complicações. Por vezes, o que realmente importa num jogo de desporto não é vencer com realismo absoluto, mas nos divertirmos sem complicações.
