Developer: EA Sports, EA Vancover
Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series, PC
Data de Lançamento: 06 de Outubro de 2023
A minha história com a franquia NHL já é longa. Desde muito novo que me lembro de estar em campeonatos e partidas amigaveis contra amigos ou contra o meu irmão mais velho. Na memória está gravado o dia em que parti aquele vidro que serve de proteção para o público, algures num NHL 96, do NHL 2002 ter sido um dos meus primeiros jogos da PS2 e de ter uma banda sonora incrivel e claro, das longas maratonas que fazia a jogar ao “quem perde sai” contra amigos ali por alturas do NHL 12.
Confesso que depois disso fiquei uns anos sem tocar no disco que anda no gelo e que é bem mais fácil de o ver num videojogo, do que numa transmissão televisiva. Aliás, esta é daquelas modalidades em que prefiro jogar numa consola do que estar a ver um jogo real. Só para terminar o contexto histórico da minha experiência com jogos da NHL, depois de uma interrupção de algum tempo, a verdade é que nestes últimos anos até tenho jogado de vez em quando. Muito graças ao EA Play que disponibiliza, não só 10 horas de demonstração, bem como uns bons meses depois acaba por adicionar no seu serviço a versão completa. Sendo um jogo de desporto, a verdade é que raramente muda muito de um ano para o outro e como esta não é a modalidade que mais adoro, aguento bem com uns antigos.
Este ano tive a sorte de poder analisar NHL 24 e com isso voltar a dar vida às minhas recordações que vivi com a franquia, mas ainda não voltei a partir o tal vidro protector, mas também isso já não deve ser possível. O que não falta é a tradicional porrada entre dois jogadores que acontece quase sempre em cada partida. Quem conhece a modalidade sabe que isso já faz parte do espetáculo, embora admita que possa parecer estúpido na realidade.
Bem, vamos ao que interessa e neste NHL 24 a principal diferença para os outros jogos anteriores está na grande novidade implementada do Exhaust Engine e que resulta às mil maravilhas, dando ao jogo uma diversão e imersão maior do que aquela que estava à espera. Esta nova ferramenta de jogabilidade é uma ideia simples que permite que os jogadores se cansem, nomeadamente o guarda-redes quando a equipa contrária se instala no meio campo adversário e ande ali a trocar a bola de um lado para o outro. Isto dá vida àqueles momentos de sufoco que são sempre divertidos porque parece mesmo que se vai marcar a qualquer momento, mas às vezes acaba por não acontecer, dando força à equipa que está a defender, podendo depois respirar de alívio.
Este método consiste em primeiro ativar essa pressão, com os tais passes de um lado para o outro, para depois terem 30 segundos em que a defesa parece mais vulnerável, o que significa na teoria, que será mais fácil de marcar golo. No entanto, o equilíbrio desta mecânica é a chave do seu sucesso. Nem sempre se marca, não é algo concreto, mas dá a ideia que o golo está mais próximo e por isso talvez valha a pena o risco de manter o disco na nossa posse durante mais tempo. Assim que se perde o disco e a equipa contrária inicia uma nova jogada, tudo é reposto e será depois a vez do adversário tentar encostar a nossa equipa às cordas com esta pressão.
Além desta nova adição, outra que também achei simples e não me lembro de ver nos outros, pelo menos desta forma é o passe mais preciso para quem queremos. Antes carregávamos no botão para passar e o disco seguia nessa direção que escolhíamos, mas agora há a possibilidade de selecionar exatamente o colega de equipa a quem queremos passar. Basicamente quando se carrega no R2 (Botão de passe na PS5, onde joguei) cada jogador ativa um botão por cima da sua cabeça e basta escolher no comando o botão respetivo ao jogador que queremos passar. Faço isto muitas vezes no NBA 2K, mas não me lembro de o ter usado com tanta frequência num jogo de NHL, como fiz neste.
De resto, dentro da jogabilidade propriamente dita eu não notei grandes diferenças. As animações estão boas e os duelos bastante interessantes, as fintas mantém-se e as grandes defesas também. Só continua a ser estranho às vezes o disco andar meio descoordenado com o movimento dos jogadores, principalmente online, mas não são coisas que me irritassem muito. No seu geral e falando de maior ou menor simulação, já houve outros anos da franquia que achei bem mais arcade pelos embates mais espetaculares, ou jogadores a ir ao chão para tapar as linhas de passe. Não é que aqui não aconteça, mas nota-se que é de uma forma mais moderada.
No que toca à apresentação das partidas, NHL 24 está muito bem desenvolvido. Sempre foi uma aposta da EA Sports as entradas com música e a vida que o público dava à própria envolvência com o jogo dentro dos pavilhões. Aqui, a EA Vancouver esmerou-se uma vez mais e podemos ver os pavilhões cheios com as luzes que os adeptos abanam, os gritos dos próprios jogadores, o piano de igreja habitual enquanto se discute um face-off ou o speaker a mandar o público bater palmas, tudo com uma harmonia sonora e visual muito apelativa e que para quem prefere jogar os modos offline, como eu, dá outra motivação.
Se as coisas são muito boas dentro do pavilhão, os grandes problemas deste ano estão fora dele, ou seja, nos modos de jogo. Sabem quando olham para uma estrutura que até é bonita, mas já está tão gasta que precisa de uns retoques valentes? Foi isso que senti ao reparar que as opções que existem são praticamente cópias dos anos passados. Não peço que mudem totalmente, mas dentro de cada modo, podia ter havido uma maior dedicação.
Para quem joga online, continua o HUT, o Ultimate Team do NHL que é muito idêntico ao que a franquia FIFA e agora EA Sports FC apresenta, mas com menos opções. Comprar packs, criar uma equipa com jogadores que vão calhando e fazer equipas mistas. Podem jogar o HUT Rivals durante a semana que depois vos dá pontos, recompensas e se fizerem boa figura têm direito a uma entrada no HUT Champions a ser disputado em cada fim-de-semana. Igualzinho ao jogo de futebol da EA Sports. A novidade é mesmo o HUT Moments, onde vamos poder recriar jogadas ou reviver reviravoltas históricas, um golo especial de alguém ou apenas aguentar uma vantagem sofrida.
O World of Chel é outro dos modos que precisa urgentemente de uma nova roupagem. Aqui somos um jogador à procura de evoluir e até temos várias maneiras e possibilidades para o fazer, quer seja em 3vs3 competitivo, fazendo parte de uma equipa ou mesmo sem nenhuma em jogos casuais com outros jogadores. O problema é que para se jogar alguns destes modos, o tempo que se perde à procura de jogadores é demasiado. Levou-me mesmo a desistir de entrar em alguns jogos. Nem o crossplay, que é muito bem aplicado, salva esta situação e por isso repito que é urgente fazer alguma coisa neste modo.
O jogo tem ainda a possibilidade de jogar contra outros jogadores com as equipas originais, aventurarem-se no HUT Rush, onde trocamos os ringues de pavilhão pelo ar livre e campos mais curtos com jogos de 4vs4, onde levamos uma equipa feita em modo Draft com o que nos calhou. Este modo pode ser jogado, não só online, mas também offline e é essa vertente que vamos abordar agora. Não quero dizer que “mais do mesmo” seja mau, principalmente porque em relação há uns anos está bem melhor, mas a sensação que dá é que deixaram os modos estagnados. Desde o Franchise Mode ao Be a Pro, não há aquele momento em que fique de boca aberta e mortinho para ir começar um modo destes.
O Be a Pro então é repetitivo e chato, quando ser um jogador, responder a jornalistas e arranjar um equipa devia ser algo que divertia muito. Continuamos a ter objetivos para cumprir e tudo mais, mas é muito jogar, jogar e voltar a jogar sem uma grande história que nos ligue ao personagem que estamos a criar. O modo onde passei mais tempo foi no Season, onde escolhi a opção Custom, para poder mexer no número de jogos da temporada que queria fazer na NHL. Destaco neste modo a possibilidade de poder gerir orçamentos, escolher as áreas do clube que vamos desenvolver, definir o preço dos bilhetes, decidir se construímos uma loja, um parque de estacionamento, um novo balneário, entre muitas outras coisas que agarram os jogadores. Gostava até de ver este tipo de opções noutros jogos da EA Sports.
Quanto aos gráficos, quem jogou as edições anteriores desta nova geração não vai sentir grande diferença, mas continuam num bom nível. A banda sonora do estilo punk-rock acompanha sempre bem os menus deste NHL que embora simples, às vezes ficam lentos. Os comentadores dos jogos também fazem um bom trabalho e não é que esteja muito atento ao que dizem, mas iria perceber se fossem demasiado repetitivos e não o são.
NHL 24 aposta em novidades simples que melhoram a jogabilidade. Coloca pressão dentro do campo para os seus sucessores, mas deixa muito trabalho por fazer nos modos de jogo. Se há algo em que se deve focar no futuro é isso, se não corre o risco de ser mais do mesmo todos os anos perdendo o explendor e a diversão que tem hoje.