Developer: Capcom
Plataforma: PS4, Xbox One e Nintendo Switch
Data de Lançamento: 15 de janeiro de 2019
Vai ser muito difícil explicar o que senti ao pegar novamente em Onimusha Warlords. A saga Onimusha a par de Devil May Cry devem ter sido das sagas que mais tempo joguei, voltei a jogar e andei por todos os cantos a “platinar” (na altura não tinha esse nome), e a tentar superar todos os desafios. Foram essas duas sagas que cimentaram também uma longa amizade que tenho com o Lemos, um vizinho da minha rua, que vinha para a minha casa jogarmos à vez estes jogos na PS2 e passar horas infinitas nisso, parávamos só para jantar e retomar a jogatana. Se querem que vos diga, tenho muitas saudades disso, desses tempos que largávamos o nosso espaço para ir para a casa de um amigo jogar, ao seu lado, agora é tudo através dos headphones e sem ver as expressões das pessoas, sem poder dar um “caldo” ou partilhar os famosos “morenazos”. Bem desculpem este desabafo, mas jogar Onimusha de facto deixa-me saudosista.
Vamos la falar desta remasterização que lamentavelmente não traz nada mais do que o esticar de 4:3 para 16:9, sem parecer esticado é verdade, mas também sem qualquer tipo de melhoramento para além desse. Não há texturas novas, não movimento de fundo, a tridimensionalidade não existe, e os mesmo problemas estão lá todos. A nossa personagem por vezes parece que é vesga ou cega, que está a falar com uma pessoa mas não está a olhar para ela, os problemas das câmeras fixas a trocarem entre si e deixarmos de ver os inimigos continua lá, os bugs de não conseguirmos absorver as Orbs porque passaram para dentro de uma textura também, portanto nada de novo, naquilo que eu apenas considero de um “port”.
Posto isto, a verdade é que Onimusha Warlords continua a ser um grande jogo, com a história de Samanosuke Akechi, personagem baseada no lendário samurai japonês Akechi Hidemitsu, que viveu na era Sengoku. Samanosuke terá que enfrentar Oda Nobunaga e o seu exército, evitando que os demônios tomem conta do nosso plano terrestre e salvar a princesa Yuki. A história é bastante simples até, porque no fundo Samanosuke não quer ser liderado por ninguém, mas existe uma guerra aberta pela liderança do Japão, e apesar da morte de Nobunaga, logo no início do jogo num confronto épico entre os dois exércitos, Nobunaga “vende” a sua alma aos demónios para tentar conquistar o lugar de Imperador. É aqui que entra a nossa personagem, ao início frágil mas cujo os Ogres, também eles outrora destruídos pelos demónios, dão a Samanosuke uma gauntlet que suga as almas dos demónios vencidos e os aprisiona, ganhando mais e melhores armas. Será essa luta infinita contra os demónios até chegarmos a Nobunaga e à princesa Yuki que vamos ter neste jogo.
Um dos grandes pontos positivos de Onimusha é sua jogabilidade, estamos perante um RPG misturado com um Hack N’ Slash, que tem um ritmo super elevado, com muitos demônios a aparecerem por todo o mapa, enquanto temos que ir ganhando Orbs para aumentarmos o nosso poder, o da nossa Gauntlet e consequentemente das nossas armas para se tornarem mais poderosas e desferirem ataques mais poderosos. As teclas são super básicas, um botão para atacar, outro para defender, e outro para o especial, o resto é para trocar de armas e pouco mais. A grande diferença é que agora já podemos jogar com o analógico.
Jogadores mais experientes não terão problemas para passar os desafios desta remasterização. Não sei se foi a experiência que os anos de jogatana me deram, mas andava ali a voar pelo jogo, mas com um enorme sorriso na cara por o jogo ainda me divertir daquela forma. A maior dificuldade era mesmo lembrar-me de todos os caminhos e segredos que o jogo tinha, assim como dos inúmeros puzzles que nos vão aparecendo pelo caminho.
De 2001 até 2006 Onimusha recebeu quatro jogos. Isso agora é algo impensável onde um grande jogo como este, leva no mínimo, três anos para ser desenvolvido. E talvez por isso depois do quarto jogo, a franquia caiu no esquecimento. Agora, Warlords recebe uma remasterização, talvez porque Sekiro está quase aí a chegar, e aproveitando a onda, remasteriza-se um clássico, dando também a oportunidade para uma geração inteira conhecer a saga da Capcom. E claro, quem sabe, dar o fôlego necessário para o retorno de Onimusha num novo jogo e não na criação de Sekiro Shadows Die Twice que é infindavelmente inspirado em Onimusha por mais que digam que não. Por mim desde que esteja bom, não me importa nada. Cá estarei para dar conta disso!