Developer: MrCiastku, Ultimate Games
Plataforma: Xbox One, PlayStation 4, PC e Nintendo Switch
Data de Lançamento: 4 de Novembro de 2020
Olhando para os primórdios dos RPG’s, muito evoluiu no género desde então. Não só a nível gráfico e de mecânicas, mas ramificando o que significava verdadeiramente um role playing game, o que levou a que se tornasse um dos mais versáteis tipos de jogos.
Olhando para Pangeon e para o seu estilo revivalista, é evidente a tentativa de recuperar a essência da infância dos RPG’s, quando começaram a dar mostras das imensas possibilidades que o género escondia. Um retro RPG na primeira pessoa que explora ao máximo os elementos mais comuns que podemos encontrar em qualquer dungeon crawler.
É, fundamentalmente, uma viagem nostálgica a outros tempos, onde além de tudo o que era oferecido pelo jogo em questão, existia um precioso complemento proporcionado pela capacidade de fantasiar do jogador, o que tornava a aventura igualmente parte da sua imaginação.
Por outras palavras, Pangeon não tem uma história ou uma narrativa, antes um contexto. Não é importante saber o “porquê”, somente o “como”; e como vamos sobreviver a uma masmorra repleta de inimigos, armadilhas e bosses que irão ser, algumas vezes, a causa da nossa morte.
Podemos contar com quatro classes: warrior, thief, wizard e archer; que no fundo são o padrão de escolhas na larga maioria dos RPG’s. Outra característica clássica do género é que as armas acabam por ter bastante relevância para o tipo de jogabilidade que decidimos para o nosso personagem, e aqui não é diferente, com bastantes opções.
Embora não seja tecnicamente sofisticada, o combate consegue ser razoavelmente divertido, e com a acção suficiente para que o ritmo de prosseguir não se perca. A dificuldade não é exactamente alta, e com a devida cautela e acerto nos timings de ataque conseguiremos superar os inimigos sem grande embaraço, principalmente se estivermos bem apetrechados de poções.
Apenas devem preocupar-se com os inimigos que atacam à distância e obviamente com os bosses, já que uma distracção, ou um mau cálculo do número de minions que conseguimos aguentar ao mesmo tempo poderá colocar-nos em apuros. Contudo, nada que tenha a o poder de nos frustrar em constantes tentativas de ultrapassar determinado obstáculo.
Ao longo das masmorras existem vários shopkeepers que nos permitem comprar armas, armadura e poções, para que o progresso no jogo seja acompanhado pelo equipamento com os stats adequados. Upgrades também são possíveis, mas bastante limitados, o que acaba por lhes retirar influência.
Ainda que as dungeons não pareçam muito variadas, seja nos inimigos, ou mesmo nos cenários, tudo está desenhado de forma a que a sensação de repetição seja evitada ao máximo. No entanto, é frequente a sensação de estarmos a passar pelo mesmo local, dada a natureza labiríntica do jogo.
Quanto ao aspecto gráfico, digamos que é como se o Hexen tivesse sido reproduzido dentro das paredes de Minecraft. Um estilo visual que encaixa bem no propósito nostálgico de Pangeon, e que funciona muito bem tendo em conta a diversidade e a arte criada para os inimigos.
A banda sonora, não sendo nada de extraordinário, condiz com a dinâmica de exploração e combate. É discreta, com uma pitada de mistério, e cada vez que entra a percussão, faz por vezes relembrar bandas como Enigma e Vangelis, que tanto sucesso tiveram na década de 90.
Pangeon terá dificuldades em apelar aos jogadores mais jovens, especialmente porque não é bem deste tempo, em que temos numerosas alternativas muito mais complexas e actuais. Todavia, para quem quer uma boa dose de lembranças, e um regresso a uma época em que os RPG’s começavam a dar os primeiros passos para o que conhecemos hoje, poderá ter aqui uma opção muito interessante.