Developer: Wishfully Studios
Plataforma: Xbox Series S|X, Xbox One e PC
Data de Lançamento: 28 de Junho de 2023

Não será novidade para ninguém, especialmente para aqueles que nos acompanham também no podcast 4 Bits de Conversa, que este era um dos jogos que mais me entusiasmava quando foi apresentado no The Game Awards em 2021. O seu ambiente a recordar os trabalhos do estúdio Ghibli, mas também a simplicidade de um Heart of Darkness ou Another World ou a mística de um The Last Guardian, faziam antever que poderia ser um daqueles indies que me enchem a medida e se tornam memoráveis. Será que Planet of Lana chegou a esse patamar?

Sim, é memorável, mas não é inesquecível. Para mim há, de facto, momentos em que fiquei a pensar que estava perante uma obra-prima, nomeadamente em alguns puzzles realmente elaborados, quase que como mini-bosses do jogo, ou numa corrida desenfreada que temos lá mais para o fim recorrendo à mecânica de Quick Timed Events, mas quando damos por ela, já estamos no fim. A duração poderá ser vista como um problema para não ser inesquecível, mas sinceramente não foi essa impressão que tive. Fiquei muito mais com a sensação que o jogo se perde em momentos de apenas andarmos e andarmos, numa contemplação da arte gráfica do jogo, e que os momentos de aventura e quebra-cabeças acabam por ser poucos e alguns deles bastante acessíveis. A narrativa também não é muito complexa, nem poderia ser, visto que praticamente não há diálogos, apenas Lana a proferir onomatopeias, mas tem um ligeiro twist no final que apimenta a experiência.

Planet of Lana desenrola-se no planeta Novo. A história começa quando um exército de robots hostis invade este paraíso exuberante, e Lana, uma jovem nativa do planeta, e a sua irmã vêem-se metidas no meio dessa invasão. Enquanto tentam fugir, a irmã de Lana é apanhada pelos robots. Sem outra opção, Lana dirige-se para a segurança. Sozinha e com medo, Lana vê-se à mercê do hostil deserto de Novo. No entanto, conhece Mui, uma criatura fofa parecida com um gato que a consola rapidamente tornam-se amigos. Fortalecida por essa súbita demonstração de companheirismo, Lana embarca numa jornada por este mundo para encontrar e salvar a sua irmã e desvendar a misteriosa origem dos invasores mecânicos, com Mui ao seu lado.

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O primeiro bioma em Planet of Lana está repleto de florestas exuberantes, penhascos rochosos e algumas áreas cavernosas. Nesta área, Lana e Mui vão se conhecendo. As possibilidades de jogo expandem-se conforme seu o relacionamento aumenta, permitindo que Lana direcione Mui para certas áreas ou realize tarefas que Lana não pode. A dupla não vai apenas atravessar esta paisagem e descobrir quebra-cabeças ambientais juntos, mas também terá que lidar com os tais invasores robots. Nesses casos, esconder-se nas sombras ou agachar-se no meio dos arbustos, manterá Lana e Mui escondidos dos sensores dos robots.

Como é que vamos guiar a nossa fiel companheira Mui no jogo? Naturalmente, Mui vai seguir Lana para onde ela for, mas também a podemos comandar em determinados momentos. Apesar de parecer um gato, Mui vai parecer mais um cão, visto que Lana vai poder ordenar para que fique no lugar, a siga ou que vá a determinado local que Lana não consegue alcançar. Os comandos permanecer e seguir são mapeados no botão B no comando da Xbox. Um toque fará com que Mui fique à espera, enquanto manter o botão pressionado fará com que ela o siga.

Mui é muito mais pequena que Lana, então há lugares em que ela pode rastejar e Lana não pode. Mui também é muito ágil, então pode saltar de plataforma em plataforma ou até chegar a locais mais altos com facilidade. Ao direcionar Mui para um ponto específico, manter pressionado o gatilho RT exibirá uma interface de usuário na tela que sinaliza para onde queremos que Mui se desloque no mapa. Depois de escolher um local para Mui deve ir, basta pressionar o botão A e ela vai correr para lá.

O que é que os cães e gatos também fazem? Morder, claro! Há momentos em que Lana vai precisar que Mui use os dentes para mastigar pedaços de corda ou outros materiais. Quando há uma ação contextual que Mui pode executar, ao pressionar o botão Y aparecerá dinamicamente.

Conforme vamos avançando na odisseia de Lana e Mui, os puzzles vão ficando mais complicados, exigindo não só a destreza das duas personagens, mas também a sapiência em definir os movimentos dos robot inimigos e até aprender a usá-los a nosso favor. Lana aprenderá a comandá-los como se fossem drenos, mas também a movimentar gruas e ímans, para além de Mui poder comandar alguns dos seres exóticos que vamos encontrando. Nesta cumplicidade também haverá momentos em que Lana terá que proteger Mui, como, por exemplo, quando surgem zonas alagadas. É que Mui aí é mais uma espécie de gato que odeia água e tem pânico dela, portanto será necessário Lana encontrar forma de transportar Mui numa espécie de canoa improvisada, dando origem a mais sequências de puzzles com esta condição.

Na maioria dos puzzles não vão perder a paciência ou sentirem-se frustrados visto que são bastante acessíveis, mas, por exemplo, no primeiro grande quebra-cabeças, que quase parece um nível de Boss, aí, sim, vamos ter que perder algum tempo. Mas também foi aí que senti uma maior satisfação, porque Lana não fala, Mui não fala, portanto toda a interpretação tem que ser feita por nós, percebendo as imagens, as dicas, os sons, para conseguir chegar ao fim do desafio, e isso é muito recompensador. E tanto o é, que senti falta de mais momentos como esse, não só pela bela execução desses quebra-cabeças, mas porque não senti o mesmo desafio ao longo do resto da jornada. É verdade que houve outro tipo de desafios, como já referi, mas não houve mais nenhum como esse e perdeu-se uma oportunidade para explorar mais essas mecânicas.

Esta odisseia leva-nos pela paisagem variada e bela deste planeta maravilhoso, desde as colinas verdejantes até ao imenso azul das zonas profundas do mar, pântanos, antigos naufrágios e, finalmente, as areias douradas das terras do deserto onde se esconde a origem de todo o mal. A componente gráfica é algo que se destaca no jogo. Desde o primeiro momento que nos sentimos envolvidos pelas cores, pela beleza das paisagens desenhadas à mão e pelas camadas e camadas de texturas que nos transporta para as obras-primas de Hayao Miyazaki.

A banda sonora foi composta por Takeshi Furukawa, o mesmo que compôs a música de Last Guardian, o que confere quase que um elemento narrativo à história. É que há uma melodia que percorre toda a aventura de Lana, uma espécie de resposta à acção humana perante as máquinas que acaba por ser a chave de tudo. Pode parecer um pormenor, mas existir esse elemento identificativo ao longo de todo o jogo acaba por atar muitos momentos desta narrativa “muda”.

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Planet of Lana é um quadro em movimento, um prazer para os olhos e um repasto sonoro. O jogo respira classe e mestria nestes dois campos, ficando apenas aquém na oferta de um maior número de puzzles realmente desafiantes, como acontece em apenas alguns momentos das poucas mais de 4 horas de jogo. No entanto, para quem tem Game Pass é absolutamente obrigatório e para quem não tem, também o é.

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-planet-of-lana<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">A direcção de arte é sublime</li> <li style="text-align: justify;">A banda sonora de Takeshi Furukawa</li> <li style="text-align: justify;">Os momentos memoráveis</li> <li style="text-align: justify;">Os grandes desafios</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Alguns quebra-cabeças muito simples</li> <li style="text-align: justify;">A falta de mais momentos desafiadores e inspirados</li> <li style="text-align: justify;">Por vezes falta algum ritmo ao jogo</li> </ul>