Developer: Lazy Bear Games
Plataforma: PlayStation 5, Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One, PC, Xbox Series X|S
Data de Lançamento: 15 de maio de 2023
Depois do sucesso de Punch Club, lançado em 2016, seria normal que a Lazy Bear Games, mais cedo ao mais tarde, lançasse um novo título. Isso aconteceu em 2023, com o estúdio a trazer Punch Club 2: Fast Forward, sendo uma sequela do primeiro jogo, e trazendo novas aventuras num futuro distópico, mantendo o ar pixelado e o humor irreverente que caracterizaram o original.
A história leva-nos a assumir o papel do filho do protagonista do primeiro jogo, que tem como mãe, Adriana, também conhecida para quem jogou o jogo. Após o desaparecimento misterioso do pai durante um torneio, a vida de Adriana mudou drasticamente, tendo sido ela a cuidar do filho e a mantê-lo seguro e bem alimentado. O jogo inicia-se com ele, já um jovem adulto, a enfrentar a dura realidade de um bairro empobrecido, enquanto procura pistas sobre o paradeiro do seu pai.
O enredo desenrola-se numa metrópole futurista conhecida como Upper City, um ambiente que mistura elementos cyberpunk com a tradição do primeiro Punch Club. O contraste entre a ostentação dos ricos e a dura realidade dos pobres é perceptível, fornecendo um cenário imersivo para a jornada que temos pela frente. A história é repleta de elementos distópicos e exageros típicos de uma sociedade onde a lei do mais forte predomina, além de referências a ícones da cultura pop e filmes clássicos, que adicionam um toque de humor e nostalgia ao cenário.
A narrativa é enriquecida por uma série de referências culturais, desde clássicos da ficção científica, a filmes de culto. Esses elementos não apenas embelezam o ambiente, mas também servem para satirizar e refletir sobre temas sociais e políticos atuais. O humor, sempre foi uma “marca registada” da Lazy Bear Games, e neste jogo não é diferente, é fácil verificar isso em diálogos e situações, criando uma experiência que é tanto divertida quanto crítica.
Alinhado à história, continua a tradicional combinação de elementos de simulação de vida com a gestão de combate, mas com melhorias significativas que enriquecem a experiência geral. A jogabilidade de Punch Club 2 anda à volta de três pilares principais: treino, combate e gestão de recursos. Os jogadores devem gerir a saúde, a fome e a energia do protagonista – aspectos cruciais para manter o desempenho nos combates e no treino. O treino é vital para melhorar as estatísticas da personagem, como força, agilidade e resistência, que afetam diretamente o sucesso nas lutas. Para sustentar o protagonista e garantir que ele tenha energia suficiente, é necessário encontrar emprego, completar tarefas e comprar alimentos.
Comparado com o primeiro jogo, Punch Club 2: Fast Forward apresenta várias melhorias notáveis. Uma das principais atualizações é a integração de um ambiente futurista que oferece mais opções e locais para exploração. As mecânicas de gestão foram refinadas, com um sistema de pontos de “Boa Pessoa” (GPP), que adiciona uma nova dimensão ao progresso do jogo. A nova configuração também permite um maior número de técnicas e estilos de luta, proporcionando uma personalização mais profunda do combate.
O sistema de Pontos de “Boa Pessoa” (GPP) é crucial. Esses pontos são necessários para desbloquear novas técnicas de combate e avançar na história, especialmente para aceder a áreas mais exclusivas e enfrentar desafios maiores. GPP é ganho principalmente através de vitórias em combates, mas também pode ser perdido se o jogador não tiver sucesso nas lutas. Assim, a gestão estratégica desses pontos é essencial para o progresso no jogo.
O sistema de combate também foi melhorado, já que agora é baseado num sistema de programação de movimentos, onde os jogadores definem sequências de ataques e defesas para cada round. Em vez de um combate em tempo real, os jogadores escolhem as ações por turnos – considerando as ações do oponente e ajustando as estratégias a cada round. Essa abordagem tática permite uma gestão detalhada das batalhas, desafiando os jogadores a adaptarem-se às estratégias dos adversários.
As estatísticas da personagem, como força, agilidade e resistência, são fundamentais para o sucesso no combate. A força aumenta o dano causado, a agilidade melhora a precisão e a resistência ajuda a absorver o impacto dos ataques inimigos. Gerir essas estatísticas através do treino e equipamentos é essencial para melhorar o desempenho nas lutas. O equilíbrio entre essas estatísticas é crucial, pois uma alta força sem agilidade suficiente pode deixar a personagem vulnerável a ataques rápidos, enquanto uma alta agilidade pode não ser suficiente se a força não for adequada.
Outro ponto interessante é a customização dos estilos de luta e técnicas. Podemos escolher entre diversas escolas de combate, cada uma oferecendo habilidades e estilos únicos, como ataques de precisão ou movimentos rápidos. A capacidade de adicionar e combinar técnicas permite criar um estilo de luta que se adapta ao próprio estilo de jogo, oferecendo uma experiência personalizada. A escolha de técnicas e estilos terá um impacto significativo na eficiência das batalhas, permitindo estratégias diversificadas para enfrentar diferentes adversários. Ainda assim, é preciso ter em conta que esta mecânica de programação de movimentos, onde definimos os ataques e defesas entre os rounds, pode ser difícil de dominar devido à falta de explicações.
Já a gestão da energia é um aspecto crítico do combate. Cada movimento consome uma quantidade específica de energia, e esgotar a energia pode deixar o personagem vulnerável a ataques inimigos e reduzir a eficácia nos rounds seguintes. Nesse sentido, manter um equilíbrio entre atacar e conservar energia é essencial para garantir uma vantagem durante as lutas. Devemos planear as ações cuidadosamente, considerando a energia disponível e o custo dos movimentos, para evitar a exaustão e maximizar o desempenho nas batalhas.
Para a nossa personagem estar sempre em forma, é necessário ter em conta três recursos: fome, energia e felicidade. Não ter fome é essencial, visto que um nível baixo impede-nos de trabalhar, treinar ou lutar. A energia é crucial para o sucesso nas lutas e no treino. Já a felicidade, influência a eficácia geral do personagem afeta a performance em combate e nas tarefas diárias. Para manter esses recursos em níveis ideais, é necessário descansar, comprar itens específicos, como bebidas energéticas, alimentos e ir ao ginásio receber tratamento de recuperação. A gestão financeira também desempenha um papel crucial, pois a aquisição desses itens e serviços requer dinheiro, que deve ser ganho através do trabalho e de missões.
As missões são fundamentais para avançarmos em Punch Club 2. As missões principais impulsionam a narrativa, revelando detalhes sobre a história e desbloqueando novas áreas e habilidades. As missões secundárias oferecem recompensas adicionais, como dinheiro, equipamentos e melhorias de habilidades. Completar missões não só ajuda a avançar, mas também enriquece a experiência de jogo com novos desafios e interações. Assim, as missões são essenciais para desenvolver a personagem e explorar o rico universo distópico do jogo. Infelizmente o ritmo das missões e a progressão podem parecer desiguais. Algumas missões podem parecer tediosas, e a necessidade de completar tarefas repetitivas para avançar na história estraga a diversão. Apesar de serem fundamentais para a narrativa, as missões secundárias muitas vezes também se tornam um mero exercício de paciência, em vez de adicionar valor significativo à experiência geral.
Um dos principais pontos fracos é a repetitividade das mecânicas de jogo. O sistema de gestão de recursos aos pontos começa a tornar-se demasiado repetitivo, com a necessidade constante de monitorizar e equilibrar fome, energia e felicidade. Esse ciclo, gradualmente, acaba por ser uma rotina desgastante, especialmente em comparação com o conteúdo mais dinâmico de outros jogos de simulação e gestão.
No aspecto gráfico o jogo destaca-se pela sua estética visual, mantendo o estilo pixel art que caracteriza o trabalho da Lazy Bear Games. O jogo continua a tradição visual do primeiro título, mas com um aprimoramento notável na riqueza e detalhes dos cenários e personagens. O ambiente cyberpunk do jogo é vibrante e envolvente, com uma paleta de cores neon que traz vida ao mundo distópico retratado. Cada local é cuidadosamente projetado para refletir a atmosfera futurista, desde os bairros decadentes até as áreas mais sofisticadas da cidade. A arte pixelada, embora simples, é eficaz em criar uma sensação imersiva e nostálgica, capturando a essência dos jogos de 8-bit com um toque moderno.
A banda sonora é claramente uma homenagem aos clássicos do cyberpunk dos anos 80, oferecendo uma composição musical que se encaixa perfeitamente na estética do jogo. As faixas eletrónicas, além de nos fazerem lembrar a era retro gaming, também complementam a ação e a tensão dos combates e das interações diárias. O jogo também apresenta efeitos sonoros bem elaborados que acompanham cada movimento e ação, desde os socos e pontapés até ao som-ambiente que preenche os cenários urbanos.
Punch Club 2: Fast Forward é uma sequela bem criada que melhora a fórmula do original com novas mecânicas e um ambiente cyberpunk envolvente. O jogo mantém o charme e o humor do primeiro título, oferecendo uma jogabilidade complexa e desafiadora com a gestão estratégica de recursos e combate tático. Também introduz melhorias significativas, como o sistema de Pontos de Boa Pessoa (GPP) e a personalização mais profunda dos estilos de luta. Apesar de algumas falhas, como a repetitividade e a necessidade constante de gerir recursos, o jogo apresenta uma continuação sólida que recompensa aqueles dispostos a enfrentar o ritmo metódico e desafios estratégicos.
