Developer: Capcom
Plataforma: PlayStation 4, Xbox One, PC
Data de Lançamento: 25 de Janeiro de 2019
Se no Salão de Jogos existisse uma rubrica dos jogos da nossa vida, um dos que estaria na minha lista seria sem sombra de duvidas Resident Evil 2 lançado pela Capcom em 1998. Para mim continua a ser o melhor jogo da serie, seguindo-se Resident Evil 3. Depois disso a serie começou a perder-se um pouco na sua essência. Obviamente a Capcom sabe tudo aquilo que os seus jogadores desejam, e depois do lançamento de Resident Evil 7 que tentou voltar a dar uma nova vida à serie, embora com uma jogabilidade e perspectiva totalmente diferente daquilo que estávamos habituados, chega o remake de Resident Evil 2.
Para mim que “desventrei” o jogo original tanto com Claire como com Leon esta chegada foi magnifica. Primeiro ao testar a versão de demonstração, onde foi fácil perceber que o jogo estava exactamente aquilo que os fãs mais antigos podiam desejar, seja na sua jogabilidade como na essência do jogo. E depois quando joguei o jogo completo, é caso para dizer que me sinto novamente com 15 anos, a apanhar alguns sustos, a poupar balas, a desvendar quebra-cabeças e a matar zombies que aparecem de repente à minha frente.
Vamos então à historia do jogo para aqueles que nunca tiveram a oportunidade de jogar a versão original, Claire Redfield e Leon Scott Kennedy por motivos bastante diferentes vão a caminho de Raccoon City. Claire é uma estudante e vai tentar encontrar o seu irmão Chris, um policia que não dá noticias há algum tempo, enquanto Leon vai-se apresentar ao trabalho como o novo policia da cidade. É já perto de Raccoon City que se dá o encontro entre os dois quando Claire está a ser atacada por um pequeno grupo de zombies e Leon a salva. Nesse momento para fugir daquele terror, pegam no primeiro carro abandonado que encontram e fogem os dois a caminho de Raccoon City. Para os jogadores mais antigos, toda esta parte que era vista em vídeo no jogo original, agora também é jogável, dando logo uma imagem do brilhantismo que nos será apresentado durante o jogo.
Tal como no original continua a ser jogado de forma distinta por Claire e Leon, e para quem quer conhecer a historia de Resident Evil 2 na sua totalidade terá mesmo de chegar ao fim com ambas as personagens. Embora siga o mesmo “guião” do original, existem diversas alterações no jogo, para começar a famosa esquadra da policia onde é passado grande parte do jogo tem diversas alterações. O que continua bastante parecido são os quebra-cabeças que temos para desvendar, embora mais fáceis, e isso nota-se a olhos vistos (a maioria dos jogos desta geração são mais acessíveis do que os da época de 90), seja como for, existem alguns bastante interessantes, outros que apenas se prendem em encontrar as diversas peças que necessitamos, como por exemplo o braço de um macaco hidráulico, uma bateria ou mesmo um fusível eléctrico.
Existem outros pontos que o jogo se tornou também mais facilitado, um deles tem a ver com o mapa do jogo, agora sempre que entramos numa sala tudo o que lá existe que possa ser apanhado ou que exista a hipótese de interagirmos fica assinalado no mapa. Obviamente que isto facilita imenso a tarefa, quem não se lembra de vasculhar todas as salas vezes sem conta para encontrar um item que estava bem escondido. Isso agora não irá mais acontecer, o que irá acontecer certamente é terem de gerir todos os recursos que encontram. Como já devem imaginar as balas são um dos recursos preciosos e escassos, felizmente continua a existir a pólvora que podemos misturar para criar balas. Outro dos recursos escassos são as plantas e os frascos que nos recuperam a vida, estes devem ser geridos com todo o cuidado, até porque mais que as próprias balas são eles que nos podem salvar de uma morte certa.
E falando de recursos não podemos deixar de falar do inventário que tal como no original é bem pequeno (embora ao longo do jogo possa ser um pouco aumentado). Significa por isso que tem de escolher muito bem os itens que devem carregar, a pistola é essencial, o resto terão de ser vocês a decidir. Muitas vezes irá acontecer terem o inventário cheio e encontrarem a tal peça ou chave essencial para prosseguirem o vosso caminho, ai existe duas hipóteses, ou descartam algo que levam convosco, ou decidem voltar a um dos locais de salvar o jogo onde podem encontrar o baú que serve para guardar alguns dos itens do vosso inventário. O único problema de descartar itens é que estes não podem voltar a ser apanhados, bem sei que não faz muito sentido, mas é o que acontece. Por isso cuidado quando pensarem em descartar balas ou plantas.
A parte de survival horror que sempre nos cativou em Resident Evil 2 está como sempre desejámos, é fácil a descrever com dois adjectivos, brilhante e competente. Voltamos a ter aqueles sustos de saltar da cadeira quando nos aparece um inimigo inesperadamente, a maneira de gerir tudo cuidadosamente, o cuidado a andar por todo o lado e muitas vezes a passo lento para ter noção de tudo o que está à nossa volta, o suspense e a incerteza de tudo o que poderá acontecer. Até mesmo o medo de abrir uma porta e encontrar um boss ou uma criatura mais dura pela frente. É um pouco de tudo isto que o jogo nos oferece em quase toda a sua caminhada. Está incrível! É claramente o remake que todos desejávamos, e a Capcom conseguiu isso de forma extraordinária.
Obviamente que alguns pontos podiam ter sido melhorados, e disso não podemos fugir, um deles é a possibilidade de não conseguirmos subir determinados objectos, e passo a explicar, é impossível por exemplo passarem por cima de um carro, passarem por cima de uma mesa, bem sei que o original também não permitia, mas estarmos rodeados de zombies e não podemos fazer algo tão básico como subir um objecto para ir por outro caminho é estranho. O outro ponto é o que já referi acima, que têm a ver com os itens descartados, tirando isso, tudo está magnifico.
As lutas com bosses sempre foram outros dos pontos fundamentais da saga Resident Evil, este não foge a essa premissa, muito pelo contrario, volta a ser um dos ex-líbris do jogo. Depois de terem estas lutas acredito que não as vão esquecer tão cedo, provavelmente muitos de vocês ainda se lembram delas do jogo original, pois bem, aqui irá acontecer-vos o mesmo. Preparem-se a luta será dura, mas irá perdurar para sempre na vossa memoria.
Saltando agora para a parte gráfica, o jogo apresenta-se imaculado, o RE Engine é um motor gráfico incrível, já o tinha demonstrado com Resident Evil 7, na demo de Devil May Cry 5 e agora com este remake de Resident Evil 2. As cutscenes embora não sejam em grande número estão incríveis, fazendo-nos lembrar os grandes filmes de animação que chegam ao cinema. Já no gameplay tudo nos impressiona, sejam as sombras, as luzes, o brilho e até a escuridão. O cabelo de Claire a esvoaçar mesmo amarrado, as roupas, todo o cenário deixa-nos boquiabertos. E aqui também entram os diversos zombies e bosses do jogo, que se apresentam no seu “melhor estado”, a carne a desfazer-se, os músculos completamente à mostra, os olhos totalmente baços, tudo nos deixa impressionados. É sem dúvida alguma o melhor survival horror até à data.
Este remake de Resident Evil 2 é tudo aquilo os verdadeiros fãs da serie sempre desejaram, acaba-lo deixa-nos uma sensação mista, primeiro porque nos faz reviver algo incrível e a nostalgia está sempre presente, mas por outro lado a sensação de fim é algo que nos deixa amargurados. Seja como for e como já disse é o melhor survival horror de sempre. A mim deixou-me completamente satisfeito. Acredito sinceramente que vocês não se vão arrepender em o adquirir, diria mesmo que é um jogo essencial na vossa colecção. Por aqui já desejo um remake de Resident Evil 3.
Ahhhhh e antes que me esqueça, lembram-se dos bónus que tínhamos no original quando finalizávamos o jogo? Pois bem aqui também terão algumas surpresas! Divirtam-se e tenham uma excelente aventura em Raccoon City.
