Developer: Housemarque / Climax Studios
Plataforma: PC e PlayStation 5
Data de Lançamento: 15 de fevereiro de 2023

Quase dois anos depois voltamos a Atropos ao lado de Selene para tentar desvendar o mistério de um ciclo infinito. Como tem sido habitual por parte da Sony, a transposição dos seus exclusivos para a PlayStation 5, chegam habitualmente neste time gap para não retirar jogadores à PS5, mas sim adicionar mais jogadores de PC. Tem sido uma estratégia que tem resultado bem nos últimos tempos, como já vimos acontecer com os dois jogos da Insomniac dedicado a Marvel’s Spider-Man, assim como o primeiro God of War ou a série Uncharted com a sua coleção O Legado de um Ladrão. Desta feita este “port” foi realizado pela Climax Studios, responsável, por exemplo, por Silent Hill: Origins e Silent Hill: Shattered Memories.

Como já tem sido habitual, vamos encontrar uma série de definições gráficas para explorar as capacidades de visualização no PC, com possibilidade de jogar num monitor Ultra-wide e de definir ao pormenor o frame rate e a resolução aplicável. Para além disso vão poder ainda contar com a várias opções sonoras, passando por Dolby Atmos, e outras duas opções de som em 3D. E sim, vão poder usar o DualSense ligado por cabo ao PC para usufruir do comando da PS5. No entanto já falaremos, mais à frente destes pormenores, para já, vamos ao contexto do jogo.

Este foi o projeto mais ambicioso da Housemarque, que entre outros jogos, são os criadores de Resogun, que tanto jogámos no início da PS4. Por aí, já podem ter uma noção da dificuldade que vão encontrar pela frente. Desta vez o estúdio troca o 2D pelo 3D e as naves por um jogo na terceira pessoa, mas mantém o ADN arcade e visual que já nos habituou. Em Returnal, vamos estar no papel de Selene, uma exploradora exemplar greco-americana da ASTRA, mas, ao contrário daquilo que tem feito na sua carreira, decide desobedecer aos seus superiores e viaja até ao planeta alienígena Atropos, em busca de um sinal misterioso designado por “Sombra Branca“, onde a sua nave acaba por se despenhar. Esta é uma imagem que vão ver muitas vezes porque cada vez que morrem, terão de começar tudo de novo. Bem, tudo não, há algum progresso que é permanente, mas não muito.

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Selene, após despenhar-se com a sua nave dá de caras com algo que não estava à espera. Um planeta que muda cada vez que se morre. Sinistro. Na sua essência, Returnal é um roguelike, bastante peculiar onde, essa mutação, faz com que a experiência de jogo seja nova a cada recomeço. Se estiverem a pensar decorar todos os passos dos bichos que vão encontrar ou pontos estratégicos onde se apanha energia, tirem o cavalinho da chuva, porque se está lá agora, da próxima já não estará. Claro que com o tempo, vão conhecendo mais algumas coisas e percebendo alguns truques, mas não deixa de ser sempre uma surpresa aquilo que se encontra a cada “porta” que se passa. 

O jogo divide-se por várias salas/zonas com pontos de passagem entre elas, aquilo a que chamamos de “portas”. No mapa conseguimos ver quais as rotas principais, as alternativas e outros elementos, que à medida que vamos jogando, reconhecemos como úteis, ou nem por isso. Por exemplo, passagens para outras partes do planeta ou portas vermelhas com acesso ao boss de determinada zona. Ora, isto por cada vez que se volta para o início, depois de morrer, baralha tudo. As primeiras salas podem estar mais para o fim, os inimigos podem ser outros e os itens totalmente diferentes daqueles que encontraram da primeira vez que passaram ali. Returnal é muito isto: começar do início, mas sempre com um desafio novo pela frente. Só assim também percebem que é possível explorar mais o planeta e compreender melhor o que raio se passa ali. 

A corajosa Selene no início encontra uma pistola, que começa sempre com ela a cada recomeço, e o seu próprio corpo no chão. Percebe que algo não está bem e ao longo da exploração vai dar conta de algumas gravações em áudio que retratam passagens anteriores dela mesmo, chegando à conclusão que está num loop constante com perigos por toda a parte. Após uma primeira abordagem ao planeta que serve como tutorial, a exploradora morre e lá vamos nós outra vez.

Atropos é um planeta mal habitado. Tantos monstros estranhos que lembram o Alien ou alguns bichos de Death Stranding. A sua grande parte são espécies com tentáculos, quais polvos gigantes, outros que parecem morcegos, voam e libertam mucosidade, disparam bolas e lasers contra nós e fazem o que conseguirem para nos infernizar a vida. Umas bestas autênticas. Algumas assumem uma proteção que só vamos conseguir derrubar com uma espada que vamos encontrar com o andar do jogo, que mais parece saída do Star Wars e outras estão totalmente corrompidas e ligadas a torres de controle. Quando isso vos acontecer e virem uns sinais verdes pelo ar, tem de mandar abaixo a fonte que os alimenta e só depois tentar derrubá-los. Também há máquinas peritas a disparar tiros em catadupa contra nós, como se fossem sensores de humanos. Quando as virem, disparem logo contra elas. Estes são, muito por alto, alguns perigos que vão encontrar até chegarem ao boss de cada zona, ou bioma como o jogo lhe chama. Cada boss é único e tem as suas estratégias de combate específicas. São atos mais padronizados, o que nos pode dar vantagem à medida que vamos chegando lá mais vezes. 

Isto leva-nos até aos itens que nos dão energia, máquinas que aumentam as proteções para o fato, itens que nos permitem criar uma espécie de bola protetora durante algum tempo, entre muitas outras coisas. Há itens malignos que podem causar avarias no fato, avarias essas que só se arranjam se cumprirmos determinadas ações. Por exemplo, uma resina de saúde maligna pode resultar numa avaria no fato que só se arranja quando se matar dois inimigos. São pequenos objetivos que temos que cumprir. Só podemos ter duas avarias porque na terceira temos um certo tempo para cumprir ou então já sabem, morrem. Estes itens podem ser purificados com éter, se tivermos apanhado o suficiente.

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Além disso, há ainda os parasitas que são pequenos bichos que se apanham e se pegam ao fato. Eles trazem um pró e um contra, depois cabe-nos tomar decisões que, às vezes, são difíceis. Uns dão maior proteção ao fato, mas reduzem a cadência de tiro, outras não nos deixam agarrar itens de saúde, mas aumentam a probabilidade de encontrar armas melhores. São decisões em que é preciso pensar muito bem porque podem ser, literalmente, a morte do artista.

Para nos ajudar há ainda alguns cofres com itens ou armas, passagens secretas que nos podem dar obolitos, um mineral radioativo que se apanha quando matamos inimigos e não só, que depois nos permite em locais com fabricadores, obter cápsulas de saúde extra ou outras ferramentas preciosas. Há até itens que nos permitem uma segunda oportunidade, como se fosse uma vida extra para quando morrerem. Se encontrarem um astronauta em miniatura, já sabem que têm um bónus.

Visto que o jogo chega ao PC já com as últimas actualizações, podemos contar com o Ciclo Suspenso, que nos pode dar uma certa ajuda visto que podemos “pausar” o jogo em determinado momento para prosseguir depois, assim como a opção de poder jogar cooperativamente. Nesse caso nem sempre será apenas e só uma ajuda, porque jogando com um amigo o número de inimigos aumenta, aumentando também a dificuldade, no entanto tendo a possibilidade de o reanimarmos, ou ele a nós, acaba por ser mais uma vida que se tem à disposição que, aliada a recolha de recursos, como a tal estátua de astronauta, pode fazer com que as nossas chances dupliquem.

Devo dizer que jogar comparativamente é bastante divertido, eu e o Rui já o fizemos várias vezes na PS5 e quando o nosso plano dá certo e derrotamos um Boss, por exemplo, o sentimento de satisfação é incrível. Atenção que vão ter que dividir os recursos com o vosso amigo, portanto pensem bem em cada situação.

Este foi um dos pontos inseridos com a actualização Ascension, o outro foi a chamada Torre de Sísifo, que fica acessível quando se desbloqueia o Arpéu Icário. É um desafio ascendente de fases cada vez mais perigosas, cada uma com vinte pisos. Quando se entra, teremos de eliminar todos os inimigos em cada piso e assegurar a passagem para o piso seguinte. Aqui não há modo cooperativo e o modo promete fazer suar as estupinhas.

Pelo meio dos biomas, vamos encontrar uma casa com um sinistro, claramente retirado de um filme de terror. Uma Casa que parece ser de Selene. Para lá entrar é preciso uma chave, mas depois, cada vez que passarem um boss, a Casa tem algo para mostrar. É lá que se vai descobrir mais sobre o que é que afinal aconteceu a Selene. Não vos conto muito, apenas que andar pela casa em modo primeira pessoa lembra aquela demo de P.T. feita pela Kojima Productions. Estes segmentos da Casa são das melhores partes do jogo. A pesquisa e o mistério que vai revelando faz-nos querer saber mais sobre tudo aquilo que está a acontecer.

Olhemos agora para algumas questões técnicas que esta versão para PC acaba por nos trazer. Returnal inclui as tecnologias NVIDIA DLSS e AMD FSR, que permitirão melhorar o frame rate sem comprometer a resolução. Também inclui NVIDIA NIS para aqueles jogadores que quiserem desfrutar de uma melhor performance, mas não tenham hardware compatível com DLSS ou FSR.

Para quem usar uma placa com a tecnologia AMD FSR vai ter ao seu dispor a máquina a trabalhar através de algoritmo para determinar a melhor forma de fazer upscale, ao mesmo tempo que aumenta o frame rate e não perde resolução. Por outro lado quem tiver uma placa da NVIDIA vai ter à sua disposição a Inteligência Artificial a trabalhar através dos seus Tensor Core no GPU das GeForce RTX que quando activada permite um boost nos gráficos, aumentando exponencialmente o frame rate. Esta tecnologia também permite que o hardware que não for suportado para usar o DLSS ou o FSR.

Em baixo ficam os requisitos recomendados para correr o jogo no PC:

Tal como na versão do jogo para a PlayStation 5Returnal para PC continuará a utilizar Raytracing nas sombras, onde também está incluída esta tecnologia aplicada aos reflexos, o que faz com que o contraste nos contornos escuros seja ainda mais destacado. Em termos de resoluções e frame rates, dizer que o jogo suporta duas resoluções wide, o Ultrawide a 21:9 e o Super Ultrawide a 32:9.

Vão poder usar o DualSense ou o DualSense Edge através de ligação USB, dando um grau de imersão bastante maior, onde vão sentir todos os ataques que vos são disferidos através do feedback haptic, assim como muitos dos sons emanados das vossas armas, através da pequena coluna do comando. Os gatilhos haptics também são fundamentais no jogo, visto que todas as armas têm dois tipos de disparo, o normal e o “concentrado”, onde neste último a pressão no gatilho terá que ser bastante maior para o executar. O gatilho prende a meio para o disparo normal e até ao fim para o disparo concentrado. Dizer ainda que podem usar mouse e teclado se assim o preferirem com um variado conjunto de perfis que podem ser criados.

Relativamente ao som, o jogador poderá desfrutar da galardoada banda sonora com recurso a Dolby Atmos, duas opções de som em 3D ou som envolvente 5.1 e 7.1.

Returnal no PC é um jogo obrigatório, tal como o foi para a PlayStation 5. Apesar dos dois anos que o separam de uma versão para a outra, não sentimos em nada o peso do tempo. Aliás os jogadores de PC acabam por receber a versão mais aprimorada do jogo, com várias características explanadas para as especificidades que o PC acaba por dar. O jogo não é fácil, é desafiante e sendo um rogue like também vão ficar frustrados por uma ou outra run não vos ter corrido bem. Errar faz parte do processo de evolução, portanto levem isso na boa e vão ter várias sessões de jogo para tentar chegar ao fim deste mistério. Acreditem que vai valer a pena.

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-returnal-pc<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">A proposta narrativa do jogo, cheia de mistério e interesse</li> <li style="text-align: justify;">Jogabilidade fluída, frenética e desafiante</li> <li style="text-align: justify;">Os efeitos dos gatilhos hápticos do DualSense</li> <li style="text-align: justify;">A imagética de todos os seres vivos de Atropos</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">A dificuldade por vezes extrema pode ser um obstáculo a alguns jogadores</li> </ul>