Developer: Roll7 / Private Division
Plataforma: PS4, PS5 e PC
Data de Lançamento: 16 de agosto de 2022
Vindo da Roll7 já sabíamos que vinha aí um jogo cheio de adrenalina, andamento e um estilo único. Depois de OlliOlli World, o estúdio atirou-se de cabeça a um novo IP, uma proposta ambiciosa de um shooter na terceira pessoa em cima de uns patins. Sim, tinha que ter umas rodinhas à mistura.
Estamos em 2030, num mundo que utiliza um desporto sangrento para esconder um sinistro movimento político que acontece fora das arenas do Rollerdrome. Vamos encarnar a pele de Kara Hassan, a nova competidora que aspira chegar à final do campeonato e vencer a competição. Conforme pegamos nos nossos patins e no nosso arsenal de armas à disposição, vamos desvendando os mistérios de uma corporaçao tecnológica corrupta que tenta subverter o que resta da Humanidade.
Esta componente da história vai sendo desenvolvida em pequenos trechos em que passamos para uma visão na primeira pessoa em que podemos interagir com vários objectos e onde vamos percebendo melhor a trama que se vai desenrolando fora das arenas. Apesar de simples e relativamente curtas estas secções dão algum contexto e são uma boa forma de recuperarmos o fôlego durante as partidas.
Rollerdrome assenta num grafismo retro-futurista onde se nota a inspiração nas bandas desenhadas europeias, como é o caso de XIII, por exemplo. Há uma vibe muito anos 70 nas vestimentas, nos patins ou no capacete de Kara Hassan, com aquele ar meio daredevil ou stuntman dos quais nos recordamos dos filmes da altura. Aliás a banda sonora composta por Electric Dragon vai buscar essa mesma inspiração da década de 70 acrescentando uns beats para nos bombear de adreanalina.
A simplicidade de Rollerdrome é o que o torna tão atractivo. A sensação de que Tony Hawks Pro Skater fez amor com Max Payne é mais do que normal, visto que as mecânicas são em tudo muito semelhantes. Se por um lado temos a componente de ter que fazer algumas habilidades em cima dos patins de quatro rodas com os tradições 360, flips ou grinds, por outro temos o Reflex Mode, que basicamente é o bullet time de Max Payne, onde o tempo abranda para atirarmos com precisão nos inúmeros inimigos que vamos encontrar na arena.
A grande diferença é que aqui as habilidades que fazemos nos patins são a única forma de criar balas para as várias armas que vamos ter à nossa disposição. Pode parecer complicado ao início, mas a simplicidade de execução das habilidades e a extrema necessidade de estar sempre em movimento alia-se na perfeição na arte de recarregar para encher de chumbo todo e qualquer adversário. É claro que quanto mais audacioso for o truque que executamos, mais balas e mais rapidamente elas vão aparecer nas nossas armas para as usarmos, é tudo uma questão de timing.
Enquanto andamos a tentar passar a primeira fase de qualificação por grupo vamos ter alguns testes de “admissão” para que possamos treinar os novos movimentos que vamos aprendendo. No início é apenas atinar com a movimentação com o analógico esquerdo, depois o saltar nos locais certos das rampas para ganhar mais “ar”, como efectuar as rotações, os flips ou a esquiva. Depois a arte do combate, como activar o tal Reflex Mode e como fazer os Slug Shots, basicamente um tiro certeiro que dá muito mais dano, mas que exige que acertemos no timing certo de duas barras que se deslocam para o centro do adversário. Mais à frente é a vez de dominarmos o deslizar na parede e a utilização de outras armas.
Cada arena explora as novas habilidades que vamos adquirindo, assim como as novas armas, propondo-nos desafios cada vez maiores, não só na navegação perante o mapa de cada arena, mas também pela capacidade do inimigo. Se no início são apenas guerreiros com tacos de basebol, rapidamente temos que lidar com snipers dos quais nos temos que desviar dos seus tiros certeiros com uma esquiva perfeira, depois aqueles que lançam rockets e têm um escudo e mais lá para a frente alguns que tem uma espécie de poder qualquer que emanam uma nuvem azul devastadora. Ah e também alguns que lançam minas e coisas do género. Tudo o que vos passar pela cabeça, vão encontrar por aqui.
Para além do desafio de sobreviver a cada arena, temos ainda os vários desafios que nos são propostos no início de cada nível ou arena. Se jogarem sem serem batoteiros, vão ter mesmo que concretizar muitos dos desafios para conseguirem passar para os quartos de final, meias finais e final, pois é uma exigência do jogo para que o façam. Se forem batoteiros, há uma opção para desligar essa necessidade, mas o vosso score nunca irá contar para os Leaderboards. Assim como também há opções para ser invencível ou ter sempre a barra do Reflex Mode cheia. Acho que foi uma forma que a Roll7 encontrou para dar a oportunidade dos menos “jeitosos” poderem desfrutar do jogo e chegar ao seu fim.
A sensação de jogar na PS5 é, de facto, uma sensação superior. Com o DualSense somos capazes de sentir o terreno que os nossos patins percorrem, cada explosão, cada impacto dos saltos, o deslizar nas superfícies, depois os gatilhos hápticos moldam-se perante as armas que utilizamos, dando uma noção diferente em cada uma e sensação de disparo e o seu recuo. O aúdio 3D também proporciona uma boa imersão, conseguindo perceber perfeitamente por onde andam os inimigos e especialmente útil quando temos mísseis a perseguirem-nos, para sabermos de onde vêem e nos desviarmos a tempo.
Rollerdrome é pura adrenalina. Uma jogabilidade soberba aliada a um visual único que demonstra que a Roll7 está preparada para fazer verdadeiros “blockbusters”. A simplicidade que recordamos, com um enorme sorriso na cara, do velhinho Tony Hawks Pro Skater, com o saudosismo do bullet time do Max Payne recriado neste Reflex Mode, fazem com este jogo seja um mimo. Peca por curto e pelo facto da repetibilidade do mesmo se singir apenas a bater recordes de pontuação e a superar alguns objectivos.