Developer: Ninestudios
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 22 de Fevereiro de 2023
É sempre interessante assistir ao surgimento de novos videojogos portugueses. É um sinal de que a indústria dos videojogos – embora devagar – continua a crescer em Portugal, e para o qual muito têm contribuído os estúdios independentes portugueses como é o caso do Ninestudios.
Rushaway é o segundo título deste pequeno estúdio, que optou por um divertido jogo de plataformas em 2.5D para o seu novo projecto. E apesar de não ser um conceito novo, a verdade é que tem peculiaridades que lhe permitem apresentar algo de único, traçando o seu próprio caminho dentro do género. Pode ser simples na sua jogabilidade – como é habitual neste tipo de jogos – mas vai exigir muito mais do que apenas reflexos rápidos ao jogador.
A história é curiosa, e conta-nos sobre duas raças que viveram num tempo há muito esquecido: The Land Spirited e The Sky Woken. Enquanto os primeiros habitavam nas belas Planícies Douradas, os segundos viviam nas exuberantes Torres dos Céus. Ambas as raças prosperavam graças à Luz dos Deuses – uma entidade que fornecia a vida ao mundo, e durante anos, assim foi. Porém, certo dia, uma sombra infinita e impenetrável cobriu os céus, onde este mar de nuvens dividiu o mundo em dois, impedindo que a luz chegasse à terra.
Sem acesso à luz, as Planícies Douradas definharam, juntamente com os seus habitantes. À medida que as gerações passavam, a população dos The Land Spirited começou a diminuir, e o desespero apoderou-se de uma planície agora sombria e desolada. E foi nas trevas que nasceu uma luz de esperança, onde uma alma curiosa encontrou o caminho para sair deste oceano de escuridão. E com uma vontade inabalável de salvar os seus semelhantes, decidiu aventurar-se pelo desconhecido, com a promessa de recuperar a Luz de volta para o seu mundo.
Os primeiros níveis servem de tutorial, aos quais recomendo que não façam skip de maneira a entenderem bem todas as possibilidades de movimentos. Cada nível corresponde a uma torre que vão ter de subir, e apesar de ser um jogo de plataformas, por vezes porta-se como um runner, numa combinação engraçada. É porque o balanço e a velocidade que atingimos quando corremos na mesma direcção sem impedimentos, será fundamental para podermos subir aos locais mais altos. E como cada nível é cronometrado e as torres não têm um só caminho, poderá ser importante para chegarmos mais rapidamente ao topo.
Todavia, a mecânica base passa por acertarmos com os botões certos conforme a superfície em que corremos, seja para a esquerda ou direita (normalmente ou de cabeça para baixo) e para cima. Desse modo, e carregando nos botões e timings correctos, maior velocidade ganharemos. Adicionalmente, temos ainda o salto, além da possibilidade de saltarmos de parede em parede quando estas estão ao nosso alcance. Pode parecer fácil, mas conseguirmos coordenar todos os botões e tentar, simultaneamente, raciocinar rápido de forma a identificamos o melhor caminho tem muito que se lhe diga.
Temos a opção de jogar com o teclado ou com comando, sendo que a última opção funciona claramente melhor. Verifiquei que o teclado nem sempre parece obedecer como desejamos, falhando ocasionalmente em momentos críticos por esse motivo. Claro que também poderá ter sido por mera falta de jeito, mas saí-me muito melhor com o comando ligado ao PC. De resto, tudo é muito fluído e as animações estão bastante razoáveis.
O design level é provavelmente o melhor aspecto do jogo, com níveis diversificados e proporcionando uma dificuldade que vai progredindo de torre para torre. Temos uma boa lista para ultrapassar, o que significa que estaremos entretidos durante algumas horas. Além de quando superarmos todos os níveis, sempre podemos tentar bater os nossos próprios recordes, apontando a chegar ao topo de cada torre no menor tempo possível.
Graficamente corresponde ao que é esperado, com uma interessante fluidez de movimentos e animações à altura. O estilo artístico, tal como a perspectiva rotativa das torres são dois elementos que acrescentam à experiência, funcionando de uma maneira muito homogénea. O mesmo se pode dizer da música, que está muito bem conseguida, encaixando bem no ritmo da jogabilidade.
Rushaway é um jogo divertido, e que vai exigir que os nossos reflexos estejam bem afinados. O seu conceito peculiar será certamente estimulante para quem é fã do género, oferecendo um gameplay consistente e extremamente animado.