Developer: Sega
Plataformas: PlayStation 4, Xbox One e PC
Data de Lançamento: 24 de agosto de 2018

Recordar é viver, e por isso não é de admirar que surja um remaster de Shenmue I e II antes de sair o tão aguardado Shenmue III. É uma forma de capitalizar um jogo que é um fenómeno, que o foi em 1999 e que continua a ser quase 20 anos depois. Capitalizar, mas também dar a oportunidade dos jogadores reviverem todas essas experiências pelas quais passaram na Dreamcast e agora estão presentes em várias plataformas dos dias de hoje, tal como vai acontecer com o seu sucessor.

Podemos dizer que Shenmue é uma das grandes razões pela qual ainda nos lembramos da Dreamcast, em 1999 ao lado de Crazy Taxi, Sonic, Virtua Fighter ou Marvel vs Capcom, era a razão de ser de uma consola que viria a marcar o fim da SEGA como fabricante de consolas.

Desenvolvido pela mente brilhante de Yu Suzuki, o jogo foi originalmente pensado para ter 3 partes, com a saga a começar com a aventura de Ryo Hazuki, o herdeiro do Dojo Hazuki e é claro da sua maneira de lutar, a testemunhar a morte do seu pai pelas mãos de Lan Di, na procura do lendário Espelho do Dragão que o pai de Ryo guardava. É essa vingança que motiva Ryo e que se desenvolve pelos dois jogos com várias peripécias pelo meio, com o envolvimento em várias disputas com gangues e até a rapariga que aparece nos sonhos de Ryo, a enigmática Shenhua que ao aparecer realmente na vida de Ryo vai mudar o curso da história não só dele, mas dela também.

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O primeiro jogo começa na sua cidade natal, Yokosuka City passando pelo lado este do mar chinês até a Hong Kong nos anos 80, já no segundo episódio da saga.

Shenmue I & II continua a ser uma pérola para aquilo que era possível fazer na Dreamcast na altura, e continua a ser pertinente e interessante nos dias de hoje, mas como estamos a falar de um port, vamos também encontrar muitos bugs e glitches que o jogo tinha na altura, uma delas é a dobragem, que continua fora de tempo e muitas vezes com várias imprecisões na tradução. Outra delas é a rigidez com que os movimentos de Ryo, especialmente quando estamos a utilizar o L2 para olhar para os objectos, para além do famoso auto-target que a camera faz aos objectos mesmo quando não queremos, ou quando queremos mexer o Ryo para a esquerda ou para a direita e estamos sempre a fazer voltas de 180 e nunca atinamos. Isso está lá tudo, para o bem e para o mal.

É claro que vamos ter os famosos Quick Time Event, algo que foi revolucionário na altura, estamos a falar de momentos em que temos de carregar nas teclas no tempo certo, Shenmue sempre foi exigente neste capítulo, temos um ou dois segundos para perceber o que fazer e quando fazer e executar na perfeição, e por vezes as combinações parecem simples, mas em outras parece um puzzle quase. O mais curioso é perceberem, os mais novos, que é daqui que vem tantos e tantos jogos que utilizaram esta técnica, nomeadamente nos jogos de acção. Falando em acção, para quem não sabe Yu Suzuki foi também o senhor que criou o Virtua Fighter, portanto não é de estranhar que o sistema de combate seja tão fluído e natural como o próprio Virtua Fighter, mesmo com uma carrada de inimigos. Com o domínio do Jiujitsu, Ryo vai utilizar alguns movimentos que domina, mas ao longo do jogo vamos aprendendo outros quantos “moves” na tentativa de dominar a arte marcial como se fosse parte dele.

Shenmue é um jogo altamente diversificado e complexo ao mesmo tempo, portanto há muita coisa que podem fazer, especialmente porque a viagem até Hong Kong, isto é de Shenmue I para o II, não é nada barata, vamos ter de ganhar uns cobres pelo caminho e por isso vamos ter que fazer uns trabalhinhos. Podemos trabalhar no porto com uma empilhadora, podemos é claro, também fazer apostas ou a fazer braço de ferro a ver se nos safamos na vida. Já em Hong Kong temos outros tipos de trabalho como andar a carregar caixas de um lado para o outro e o famoso Lucky Hit.

Temos ainda a oportunidade de fazer a nossa própria colecção de gashapon, para quem não sabe o que é, é aquelas máquinas que têm umas bolinhas com uns bonequinhos lá dentro, pronto ele colecciona isso e vai ter de andar a encontrar várias máquinas para conseguir fazer a sua colecção. Como podem utilizar o vosso save do Shenmue I para o II, podem capitalizar ao quando tiverem duplicados venderem na loja de penhores e ganhar mais uns trocos.

Mas não nos podemos esquecer do melhor de tudo, ir às Arcades, isto é, poder treinar para os Quick Time Events, mas ao mesmo tempo jogar coisas como o Hang-On ou o Outrun, mas também o Space Harrier ou apenas jogar aos dardos ou ouvir músicas numa jukebox.

A história é algo que nos agarrou sempre, a dificuldade também, a facilidade com que chegamos a um beco sem saída e a frustração aparece, o ir para máquina Arcade para acalmar e voltar a tentar. O tempo que se perde a tentar perceber o caminho a percorrer, o que fazer, é isso que faz um clássico, inova, explora, cria barreiras e dificuldades ao jogador, exige que o intelecto e a destreza sejam utilizados.  Apesar de ser um port, a sua qualidade gráfica sofreu várias melhorias, assim como o interface e o facto de pela primeira vez o aúdio em japonês estar disponível à escala global, e de ser um jogo datado, é uma obra de arte datada que merece ser jogada e experimentada.

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-shenmue-i-ii-remastered<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Continua a ser uma obra de arte</li> <li style="text-align: justify;">Algumas melhorias nos visuais, nomeadamente no upscalling</li> <li style="text-align: justify;">A história, a variedade de jogabilidade e os pormenores que fazem a diferença</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">A jogabilidade por vezes continua a ser "dura"</li> <li style="text-align: justify;">Alguns bugs e glitches continuam a surgir tal como acontecia na versão original.</li> </ul>