Developer: Team17, Fika Productions
Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X|S, Xbox One, PC, Nintendo Switch
Data de Lançamento: 22 de Novembro de 2022
O jogo é do final do ano de 2022, mas a hipótese de fazer a análise a Ship of Fools surgiu mais recentemente e como tal, aqui está ela. Desenvolvido pela Fika Productions, é mais um jogo com o selo da Team17, que tem dado a conhecer uma data de bons jogos com conceitos bastante diferentes. Aqui, o que vão encontrar é um jogo bem ao estilo de um roguelite, que pode e deve ser jogado em co-op.
Os primeiros passos do jogo são dados numa praia com um grafismo bem ao estilo de Don’t Starve em que há um barco, que vai ser o local onde vamos querer passar mais tempo, sem que ele vá ao fundo. O nosso grande objetivo é varrer os monstros que assustam os locais em pleno mar-alto e devolver a luz do Grande Farol aquela zona, para que os pescadores possam voltar a pescar em paz, sem ter medo das terríveis criaturas que podem surgir do mar.
Esta zona da praia serve como ponto de controlo e de partida para cada vaga de lutas que vamos ter até morrer. É aqui que vão evoluir as armas, comprar itens para conseguir ter novas formas de combate ou até encontrar os personagens que podem ser escolhidos e que vamos resgatando aos poucos em cada nova incursão.
Cada início de partida para o mar implica ir até ao barco e partir. Depois o jogo abre um mapa interativo que funciona como se fosse um jogo de tabuleiro, mas sem dados. Podemos avançar uma casa de cada vez e temos vários caminhos que podemos optar. Cada “casa” que avançamos tem inimigos à nossa espera e têm de ser astutos para que as criaturas inimigas não mandem a embarcação ao fundo. Com as mais diversas formas, os inimigos, ora tentam aproximar-se do barco, ora lançam armadilhas para cima de nós, o que faz com que a madeira do barco salte e comece a entrar água, o que não é nada bom.
Da nossa parte, é preciso evitar que os inimigos cheguem perto de nós e para isso temos o nosso remo, que podemos usar como arma de corpo-a-corpo ou ainda para impedir que alguns objetos cheguem ao barco acertando neles como se fosse uma raquete de ténis. Também temos ao nosso dispor os canhões, que vamos conseguindo obter e evoluir ao longo da jornada. Temos ainda que ir arranjando o barco, colocando novos pedaços de madeira, naquelas zonas em que a nossa embarcação já está a meter água, para evitar que este inunde e nos mande para o fundo do mar. O problema é que não temos recursos em abundância à mão e é preciso ir passando várias casas até chegar a bom porto para arranjar essa tal madeira, dinheiro ou outros recursos que podemos usar posteriormente. Cada caminho que escolhemos em Ship of Fools tem a tal questão do risco vs. recompensa, em que um nos dá a indicação que vamos conseguir obter vários pedaços de madeira e outro que nos dá mais dinheiro (do próprio jogo) para poder comprar melhor equipamento. A escolha é nossa, mas uma é sempre mais arriscada que a outra.
Como um “bom” roguelite, podem contar com a morte certa, durante várias vezes, mas de cada vez que regressarem a embarcar numa nova ronda, estão mais fortes e com o que foram amealhando nas outras vagas que tiveram. Ainda assim, quero reforçar a ideia que jogar sozinho é perder tempo e ficar frustrado, porque o jogo vai revelar-se muito complicado para uma só pessoa. Ainda que tenhamos algumas ajudas, nomeadamente o facto de um dos canhões ser automático, é necessário estar constantemente a carregá-lo e a desviar todos os perigos e mais alguns que chegam de todo o lado de várias formas. Evitem estar sozinhos nestas lutas, até porque se o jogo permite que seja jogado a dois por alguma razão deve ser.
Podem jogar localmente ou online, mas apenas com amigos que tenham adicionado na vossa lista da consola. Apesar de hoje em dia existirem imensos grupos de redes sociais e fóruns, onde podem encontrar pessoas que também queiram jogar, acho que foi uma má opção não incluir um “matchmaking” que permitisse a qualquer jogador se juntar na nossa aventura, ou nós a outra. Como eu dizia, isto a dois é muito mais divertido e mais acessível, o que também ajuda a gostar mais do jogo, em vez de ficar desiludido por não se conseguir passar.
Apesar de isto poder ser um novo incentivo para irmos novamente para o mar lutar contra as criaturas gigantes, repetir este processo uma data de vezes chega a um ponto que farta. É certo que o combate é desafiante, as criaturas bastante diversas com várias formas e os próprios bosses dão gosto de combater, mas há sempre um limite. O mapa, por exemplo, não é igual em cada incursão, mas à medida que jogamos mais, os sinais que apresentam vão-se tornando bastante familiares e previsíveis.
Algo que podia também estar melhor era a escolha dos controlos. Não é que haja muitos botões a carregar, mas na altura de aflição podia ser tudo mais simplificado numa só tecla, em vez de andarmos a carregar em vários e, no meu caso, a enganar-me várias vezes. No início desta análise já vos falei do estilo de grafismo que vão encontrar, mas o que mais salta à vista é o design dos níveis, dos personagens e das próprias criaturas que lutam connosco recorrentemente. A nível sonoro, as trilhas que vão ouvir estão excelentes e assentam bem numa aventura sem regresso à vista.
Ship Of Fools é um jogo que deve ser jogado a dois e só assim é capaz de viciar e divertir. Com um conceito roguelite bem aplicado mistura-se com aqueles jogos de defesa de uma zona, neste caso um barco que é o nosso melhor aliado na aventura. É bastante desafiante e difícil, mas tem o reverso da medalha e pode-se tornar repetitivo demasiado rápido.
