Developer: Fireshine Games
Plataforma: PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One, Nintendo Switch, PC
Data de Lançamento: 01 de junho de 2022

A imagem a preto-e-branco, é algo que muitas vezes incomoda as pessoas, provavelmente por trazer-nos pensamentos mais negativos, ou lembranças menos boas. A verdade é que diversos estúdios, quer de filmes, como de jogos, começaram a trazer esse monocromático novamente para o ecrã, e muitas vezes poderá afastar as pessoas de grandes jogos. Falo por mim, que não fiquei nada entusiasmado com Trek to Yomi, e depois de o jogar fiquei maravilhado pela experiência.

Foi essa experiência que me fez ficar entusiasmado com Silt, e embora sejam jogos totalmente diferentes, o ambiente escuro e apenas monocromático, oferece outro tipo de interacção ao jogador. Primeiro é muito mais fácil chamar a atenção para certos locais, já que a falta de cor consegue que o developer guie o jogador de maneira diferente, e com uma maior facilidade. Por outro lado, o jogador fica mais focado no jogo; e pode parecer estranho, mas quem já jogou jogos monocromáticos certamente já se apercebeu disso.

Silt é um jogo que nos leva ao fundo do mar. E por incrível que pareça, o homem já foi à lua, coloca satélites no espaço a toda a hora para saber mais sobre o universo, mas as profundezas do mar é algo que nunca foi explorado de forma significativa. Tanto que por vezes lá aparece uma notícia sobre algo que foi descoberto no fundo do oceano.

Neste jogo somos um mergulhador, preso nas profundezas do mar, e que além de querer explorar todos os locais, encontra-se preso. Esta é a abertura do jogo, e é logo aqui que o jogo nos encanta pela primeira vez, quando nos é informado que temos uma maneira de comandar os peixes e criaturas que estão à nossa volta – neste caso uma piranha, para morder até partir a corrente que prende o nosso mergulhador. Como é fácil perceberem, esta premissa irá levar-nos a termos de resolver diversos quebra-cabeças ao longo do jogo.

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Para comandar os seres que estão à nossa volta, o nosso mergulhador emite uma espécie de raio pelo capacete, sendo que esse raio é comandado por nós, e ao tocar no ser, ficamos com o seu controle; tudo de maneira simples e fácil. E confesso que a jogabilidade é deliciosa, e mostra que por vezes não é preciso grandes complicações para trazer algo grandioso, porque se existe algo simples, é a jogabilidade de Silt.

É a simbiose entre a jogabilidade e o comando de outros seres que faz este jogo grandioso. Diria mesmo que o mergulhador serve apenas como “guia”, isto é, serve para nos levar para novos locais, depois de resolvidos os quebra-cabeças de cada uma das áreas onde nos encontramos. Confesso que por cada quebra-cabeças resolvido, a vontade de ir para o próximo era cada vez maior, e são poucos os jogos que me consegue causar este sentimento.

E nem tudo se resume a quebra-cabeças, uma vez também teremos batalhas contra bosses, algo que serve igualmente para oferecer outro tipo de experiência ao jogador. Um detalhe que achei excelente é o de os peixes de comerem uns aos outros, e até isso serve para dificultar a vida ao jogador. Para terem um exemplo, numa parte do jogo teremos de passar por um buraco minúsculo com um pequeno peixe, mas na zona desse buraco, existe uma piranha que o come. A solução é fácil, ou seja, comandar a piranha, levá-la para outro local e depois voltar a comandar o peixinho. Todavia, a simples ideia dos criadores em ter estes pequenos pormenores como de os peixes maiores comerem os mais pequenos é simplesmente deliciosa.

Estas soluções dos quebra-cabeças, além de terem de ser resolvidas pela vossa massa cinzenta, também terão de ter em atenção as habilidades de cada ser. E quando digo habilidade, não falo em nada de especial, mas sim perceber o que cada peixe faz. Uma piranha, por exemplo, consegue com os seus dentes afiados cortar coisas; um pequeno peixe passa por locais minúsculos; assim como outros exemplos. A verdade é que é a combinação destas pequenas habilidades de cada um, permite-nos avançar nos cenários, e por vezes apenas precisam de usar um ser, outras dois ou três.

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Obviamente que se as habilidades podem ser usadas por nós quando estamos no controle de cada um desses seres, eles também podem usar essas habilidades contra nós, por isso, cuidado. Ver um pequeno tubarão tanto pode ser sinal de termos uma criatura poderosa para dominar, como ter ali uma criatura pronta para nos matar. Mas é nesta mistura de habilidades e de perigo que Silt se torna num jogo mágico e belo.

E falando em belo, podemos agarrar já no seu grafismo, e nesse aspecto é impossível fugir aos detalhes dos cenários. Embora a preto e branco, tudo se encontra bem detalhado, o que nos leva a ter sempre muita curiosidade em relação ao que conseguimos ver. E aqui vale a pena explorar e ter curiosidade – ao contrário do ditado “A curiosidade matou o gato” – já que a curiosidade é compensadora. Diria até que cada cenário que percorremos parece ter demorado dias e imensas horas a ser criado, porque consegue envolver-nos de tal maneira que dificilmente pode ter sido feito de maneira aleatória. Nota-se que tudo foi pensado ao pormenor.

Outro aspecto interessante é a componente sonora, onde a “banda sonora” é simplesmente o som do fundo do mar, e conseguimos ouvir os sons de tudo o que nos envolve, assim como a respiração do nosso mergulhador. Diria que foi a escolha perfeita para o jogo, já que o som do fundo do mar consegue ser tão calmo e bonito que deixa a experiência ainda mais apaixonante do que se tivesse verdadeiramente música de fundo.

Silt é uma verdadeira obra de arte. Quando o finalizamos ficamos com a sensação de que soube a pouco, até porque é bastante curto e isso pode incomodar um pouco. Por outro lado, se fosse demasiado longo, certamente também se tornaria chato e repetitivo. A verdade é que vale a pena jogá-lo, e mesmo que não o finalizem, acreditem que vai tocar-vos.