Developer: Escape
Plataforma: Xbox One, Xbox Series e PC
Data de Lançamento: 31 de Agosto de 2021

O desenvolvimento de side scrollers continua bastante activo na comunidade indie. E um bom exemplo é o de Song of Iron, um projecto independente do estúdio Escape que captou a atenção da Microsoft através de um post no Reddit do developer que estava a apresentar o seu trabalho.

Como resultado, Song of Iron passou a ser um dos nomes a participar no Summer Showcase na lista da Xbox. Entretanto, o seu desenvolvimento evoluiu a bom ritmo, chegando agora ao seu lançamento, e cumprindo com aquilo que fora planeado, quando ainda não era mais do que um mero conjunto de ideias.

A inspiração em jogos como INSIDE e Limbo são claras, sendo algumas das grandes referências dos 2.5D side scrollers. Song of Iron também aproveitou a tendência mais recente de títulos que exploram o tema viking, que é sempre terreno fértil para narrativas mais sombrias e violentas. E há que dizer: é uma combinação que funciona muitíssimo bem.

As histórias de vingança alicerçadas numa conjuntura viking já são praticamente um cliché, e aqui não é diferente. Depois de encontrar a sua aldeia em chamas e de fazer o luto aos seus entes mais queridos, a protagonista parte para uma demanda de vingança, onde irá fazer com que os autores paguem por todo o sofrimento que lhe causaram.

E pronto, sem que nos sejam dadas grandes explicações, está dado o mote para o começo da jornada de sangue que nos espera. É possível escolher entre o sexo masculino e feminino da personagem, mas são as únicas opções de personalização que nos são dadas no início.

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As funções mais básicas são logo explicadas no tutorial, e temos um ataque leve, um ataque pesado, podemos igualmente atirar a arma, um block (usando o escudo), e uma espécie de dash, em que recuamos um ou dois passos para nos mantermos a uma distância mais adequada; há ainda um botão para o rol, outro para o sprint, e ainda um kick que serve para afastarmos um inimigo que esteja demasiado perto e ganharmos algum tempo precioso para nos recompormos.

É um jogo que pela sua perspectiva, até nos esquecemos de que é em 2D. Toda a ambientação está espetacular para um jogo deste género, e o seu tom mais sombrio encaixa de forma perfeita no estilo e na proposta. Não são muitos os side scrollers que têm um aspecto tão apelativo, e muito menos aqueles que nascem de estúdios pequenos.

 O combate está interessante, embora as animações pudessem estar melhores. Num jogo onde esperamos tanta acção, sentir que os movimentos do protagonista e dos inimigos são algo lentos e pouco naturais, por vezes retira alguma imersão. Todavia, há sempre esperança de que possa ser ajustado num futuro update.

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De resto, corresponde bem no sentido de termos de coordenar e planear bem a maneira como vamos abordar o inimigo. E aí, a sensação de controlo está óptima. Em certas situações, e especialmente quando existem grupos de inimigos, podemos ainda optar por uma solução mais stealth, e eliminar desde logo aqueles que estão mais vulneráveis, equilibrando os números a nosso favor.

Começamos com um machado e um escudo, e teremos depois acesso a melhores armas, nomeadamente o arco e as flechas, que nos será apresentado um pouco mais à frente, sendo mesmo essencial em determinados combates. Song of Iron exige alguma estratégia e um comportamento mais tático, porque certos inimigos assim o obrigam, e esse é, sem dúvida, um dos seus vários pontos fortes.

Quando a memória muscular toma conta, e nos habituamos aos controlos e às opções de ataque, a jogabilidade ganha um entusiasmo muito particular, proporcionando momentos de enorme satisfação. Saber quando combinar os golpes, o bloqueio, e até o arremessar das armas é uma arte e tem a sua dificuldade, mas é intuitivo e oferece uma variabilidade razoável de abordagens que faz com que raramente pareça repetitivo.

Os encontros com os bosses estão muito bem conseguidos em Song of Iron. Imponentes pelo design e normalmente pelo tamanho, trazem uma boa dose de adrenalina assim que os avistamos, sendo desafiantes e obrigando-nos a estudar bem os seus padrões de ataque, de modo a descobrirmos as suas fragilidades.

Um ponto negativo é o facto de nunca termos grandes indicações dos items que estamos a apanhar. Apenas podemos supor que se encontram em melhor estado do que aqueles que temos. No caso do escudo ainda conseguimos perceber quando está desgastado e trocamos por outro em boas condições, mas no caso das armas podia haver mais informação.

A direcção artística e a qualidade gráfica estão fantásticos. É um dos elementos que mais salta à vista, e é realmente impressionante que tenha sido desenvolvido apenas por uma pessoa. A atmosfera dos cenários consegue transmitir perfeitamente a carga emocional de uma história de trauma e vingança, assim como o os efeitos sonoros e a música, que nos impelem a continuar, custe o que custar.

Tendo em conta que o jogo tem poucas cutscenes, teria sido pertinente em que pelo menos nesses momentos pudéssemos ter algum voice acting das personagens. Existem apenas legendas nos diálogos, o que é compreensível, dado ser um estúdio com recursos e investimento reduzidos, ainda assim, teria ajudado na conexão com as cenas.

Song of Iron é uma excelente conquista para o estúdio Escape, justificando plenamente o interesse da Xbox. Chega agora ao seu lançamento e promete cativar uma boa base de jogadores. E quem sabe, angariar o suficiente para uma sequela ainda mais ambiciosa.

REVER GERAL
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Nuno Mendes
Completamente obcecado por tudo o que tenha a ver com futebol, é daqueles indesejados que passa mais tempo a editar as tácticas do PES do que a jogar propriamente. Pensa que é artista, mas não conhece as cores primárias, e para piorar, é ligeiramente daltónico. Recusa-se a acreditar que o homem foi à Lua.
analise-song-of-iron<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Excelente execução artística</li> <li style="text-align: justify;">Um sólido side scroller 2D</li> <li style="text-align: justify;">Boa mecânica de combate</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Devia haver mais informação relativamente aos drops</li> </ul>