Developer: Atlus, SEGA
Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X|S, PC, PlayStation 4, Xbox One
Data de Lançamento: 26 de agosto de 2022
Por esta altura do campeonato, quando se fala num jogo da Atlus, rapidamente associamos a um JRPG com elementos clássicos que nos remetem para jogos como Persona. Como não podia deixar de ser, a fórmula usada para este Soul Hackers 2 é idêntica à de muitos outros jogos da companhia japonesa com o grafismo de anime que já nos habituou.
Desta vez, renasce uma franquia que saiu em 1997 como Devil Summoner: Soul Hackers e nunca teve sucessor. Não joguei o da altura, mas sinceramente não achei necessário para se perceber a maior parte da história. Pode ser confuso de perceber como isto está tudo ligado, mas a verdade é que Soul Hackers é a quinta parte da série Devil Summoner que por sua vez faz parte da franquia Megami Tensei e provavelmente até já jogaram alguns jogos desta franquia, mesmo sem saberem que ela se espalha por diferentes ramos..
Além de trazer o típico combate por turno dos jogos da Atlus, que vou falar mais à frente, é na história das personagens que está grande parte da riqueza deste Soul Hackers 2. O nosso personagem principal é Ringo, que tal como outros faz parte da Aion, uma organização digital que calcula a ocorrência de desastres para o planeta e que os tenta evitar com os seus agentes. Ringo é uma espécie de construção humana de inteligência artificial que juntamente com Figue vão tentar mudar o futuro e salvar o mundo da sua destruição. Onde é que já ouvimos este clichê? Mas não faz mal, até porque é bastante engraçada a forma como o nosso personagem procura respostas sobre a humanidade e sobre como ele próprio foi construído.
O jogo é bastante familiar para quem está habituado a andar por outros JRPGs da Atlus. Os locais, a maneira de andar, e até as apresentações dos personagens, o que por um lado facilita a envolvência, mas por outro, parece mais do mesmo sem se destacar particularmente. Apesar disso, a força dos personagens que vamos encontrando, bem como o vilão de serviço dão um bom enredo carismático que agarra bastante. Há vários locais para visitar, desde saídas para descontrair ou ir ao bar beber uma bebida são só alguns exemplos.
As histórias dos personagens fazem com que pareça que os conhecemos desde sempre e isso é ótimo quando ganhamos laços emocionais por um motivo ou outro, porque na hora de os levar para o combate, sabemos tudo sobre eles, desde os seus pontos fortes às suas fraquezas. Principalmente se concluirmos os “Soul Matrix”, uma masmorra que é jogada de forma opcional, mas que nos dá mais habilidade e revela segredos de cada personagem. Apesar de serem bastante parecidas entre cada uma delas, as histórias diferem bastante, o que dá uma maior profundidade a Soul Hackers 2, bem como um melhor contexto para situações que se passam na história principal. A nossa equipa vai-se compondo logo desde os primeiros instantes do jogo quando encontramos outros personagens como Milady, Saizo ou ainda Iron Musk aparentemente “mortos”, mas que graças ao “soul hack” regressam à vida prontos para nos ajudar.
As batalhas são muito parecidas às que já jogaram noutros jogos da Atlus. O sistema preferencial por turnos funciona na perfeição e é daquelas características que se está bom, não mexe. Os personagens soltam demónios, que combatem juntamente com os seus donos. Estes demónios já os vimos em formas diferentes noutros jogos e funcionam como se fossem personas. Podemos depois fundi-los para criar alguém mais forte e melhorar a nossa equipa. É preciso combater para ganhar pontos de experiência, subir de nível e ir ganhando aos poucos novos poderes. As lutas são bastante desafiantes e há um truque especial chamado “sabbath” que acontece sempre que atingimos o nosso adversário com um poder que seja o seu ponto fraco e que faz com que todos os elementos da nossa equipa ataquem novamente ao mesmo tempo. É uma forma de inovar o combate em relação a outros jogos da franquia.
O progresso em Soul Hackers 2 faz-se ao explorar várias masmorras e celebrando contratos com demónios para depois ficarmos com os seus poderes e outros itens. Não são muito complicadas de se passar, nem têm grande ciência de quebra-cabeças como desafio. É muito na onda do andar para frente e ir combatendo até chegar ao fim.
Graficamente, é como se estivéssemos a ver maias uma série de anime na televisão, tem longas sequências cinematográficas, o tradicional texto que nunca mais acaba em JRPGs e a nível sonoro dá-nos a possibilidade de o jogar com as vozes japonesas ou inglesas. Prefiro o japonês para uma maior envolvência, mas com legendas, claro, em inglês.
Soul Hackers 2 não é o melhor dos JRPGs da Atlus, mas também está longe de ser o pior. É aquele meio caminho que deixa os jogadores confortáveis a jogar algo que lhes parece familiar. Consegue cativar com as suas histórias das personagens, mas torna-se muito repetitivo no que toca à diversidade de cenários, quer em masmorras, quer fora delas. É divertido e tem batalhas desafiantes, bem como mais de 65 horas de jogo pela frente. O caminho é longo para salvar o planeta e não sei se ficará por aqui. Talvez não seja preciso esperar mais 25 anos por um novo jogo da franquia. Veremos.