Developer: Hazelight Studios, Electronic Arts, EA Originals
Plataforma: Nintendo Switch 2
Data de Lançamento: 5 de junho de 2025
A chegada da Nintendo Switch 2 ao mercado marca um novo capítulo na marca, mas também na indústria dos videojogos. Com hardware significativamente mais poderoso e a continuação da sua versatilidade, abriu espaço para novos estúdios como foi o caso da Hazelight Studios trazerem novas obras para o universo da gigante nipónica. Ainda para mais quando este estúdio, liderado por Josef Fares, se encaixa de maneira perfeita nos pilares da Nintendo – criatividade, originalidade e divertimento.
Split Fiction, foi lançado originalmente em março para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, chegando agora à Nintendo Switch 2 como um dos jogos de destaques do lançamento. Mais do que uma simples adaptação técnica, esta versão mostra que a nova consola da Nintendo está pronta para receber alguns dos jogos mais exigentes da atualidade, sem comprometer o aspecto visual nem a jogabilidade. Além disso, e como podem ler pela análise que fizemos no lançamento do jogo, é sem dúvida a possibilidade de todos fãs da Nintendo jogarem um dos melhores jogos do ano.
Para quem não conhece a história, estamos perante uma narrativa extremamente ambiciosa e criativa. Duas escritoras, Mio e Zoe, são convidadas pela empresa tecnológica Rader a testar um novo dispositivo que permite criar e explorar mundos ficcionais imersivos. Através desta máquina revolucionária, os utilizadores são literalmente transportados para dentro das suas próprias criações narrativas. Para ambas, a oportunidade representa uma aventura entusiasmante: Mio é autora de histórias futuristas cheias de ficção científica, enquanto Zoe se dedica a mundos de fantasia clássica, com magia, castelos e heróis lendários.
Algo que parecia fantástico e uma experiência verdadeiramente emocionante para as duas escritoras, torna-se num pesadelo para ambas devido a um acidente que as deixa presas dentro do mesmo sistema, levando-as a partilharem as histórias entre si, e tendo de trabalhar em conjunto para conseguirem ultrapassar os perigos das suas criações. Este é o ponto de partida para esta aventura, envolvente e emocionante. Além disso, vamos perceber rapidamente que a tecnologia da Rader não estava preparada para aquela fusão de ideias, tornando tudo instável, quer os mundos que as protagonistas estão a vivenciar, como a própria estrutura da simulação.
Além dos mundos verdadeiramente incríveis, algo que nos cativa desde o início é a relação entre Mio e Zoe. Os diálogos mostram facilmente os contrastes entre as duas personagens, mas também uma amizade que vai surgindo pela necessidade da colaboração entre ambas. As suas discussões iniciais e os confrontos ideológicos — entre lógica e emoção, entre ciência e fé ou entre controle e liberdade — criam verdadeiramente a emoção necessária para ganharmos um certo apego às personagens, quer pelas suas falas mais cómicas ou dramáticas, mas também quando vão abrindo o coração uma com a outra. Esta cumplicidade entre ambas aparece de forma natural, mostrando algo bastante raro de se ver num jogo cooperativo.
Durante toda a narrativa vamos entrar em diferentes histórias criadas pelas protagonistas, em que cada local apresenta um novo mundo, com regras próprias, estética distinta e mecânicas exclusivas. Para terem uma ideia, teremos locais de baixa gravidade com momentos de verdadeiros shooters, outros de aventuras clássicas e encantadas, batalhas em arenas, entre tantas outras ideias, é uma constante reinvenção que mantém sempre o jogo num rito alto, imprevisível e divertido. Diria que este é um dos pontos mais fortes de Split Fiction, mostrando uma liberdade criativa que não me lembro de ver nenhum outro jogo oferecer com tanta intensidade.
Existem ainda as histórias opcionais, que aparecem durante os percursos da história principal, onde encontramos umas esferas que nos transportam para outros locais. Estas histórias mais curtas conseguem ser ainda mais mirabolantes, e são sempre algo relacionado com uma das protagonistas, se tivermos a navegar num mundo de Mio, então a história opcional será de Zoe e vice-versa. Isto cria uma alternância bastante frequente entre os ambientes futuristas e sci-fi e os ambientes de fantasia, fazendo com que a jogabilidade também esteja sempre a ser alternada.
Um dos pilares do jogo e uma das essências da Hazelight Studios é a cooperação entre jogadores. Split Fiction é um jogo totalmente cooperativo, já que apenas o podemos jogar localmente com dois jogadores ou online com outro amigo. Esta jogabilidade cooperativa é um dos pontos mais importantes do jogo, já que é impossível progredirmos sem a cooperação entre os dois jogadores. É um jogo em que a comunicação é obrigatória, e no caso de jogarem online na Nintendo Switch 2, terem as novas opções de Voice Chat e Game Share é uma ajuda preciosa. Outro ponto verdadeiramente impressionante é que nunca sentimos momentos de repetição, com cada segmento a apresentar novidades e novas habilidades para usarmos.
No aspecto gráfico o jogo está verdadeiramente impressionante. As novas especificações da consola da Nintendo permitem que o jogo corra na perfeição, sem nunca termos breaks nem a sensação da qualidade gráfica ter diminuído. Um dos pontos que nos deixa verdadeiramente impressionados em cada momento é o nível de detalhe e criatividade impressionantes que foram colocados no jogo. Podemos dizer que existem inspirações em diversos clássicos, entre eles jogos da Nintendo, mas numa mistura única que torna esta obra verdadeiramente incrível. Para isso, muito contribui a diversidade visual, que além de ajudar na narrativa, reforça também a ideia de que estamos a explorar criações literárias únicas, que nascem da mente (e das emoções) das protagonistas.
Falando especificamente na Nintendo Switch 2, algo que Split Fiction consegue mostrar é que a consola está preparada para todos os jogos que serão lançados no mercado, visto que conseguimos ver sem problema como um jogo criado em Unreal Engine 5 se comporta de maneira sublime. Além disso é um jogo cheio de efeitos de luz e sombras de última geração, animações fluídas e um desempenho estável, mesmo em momentos de ação intensa ou cenários complexos. Além disso, em todos os momentos de gameplay o jogo correu sem quaisquer problemas, quer em dock como em modo portátil.
A nível sonoro estamos perante algo verdadeiramente incrível, já que tudo consegue acompanhar com mestria a diversidade estilística usada. A banda sonora muda consoante o mundo visitado, seja com sinfonias épicas e etéreas, ora com batidas electrónicas mais agressivas. O voice acting é outro ponto de excelência: as vozes de Mio e Zoe são expressivas e naturais, dando bastante autenticidade a todas as conversas; mesmo os atores secundários que vão aparecendo, também fazem um trabalho muito interessante.
Deixar também uma palavra para os mais pequenos: Este jogo pode impressionar os mais graúdos, mas até os mais pequenos ficam verdadeiramente impressionados ao jogá-lo. É um jogo que a curva de aprendizagem é bastante acessível, sendo um jogo perfeito para jogar entre pais e filhos. Posso dizer que o joguei com a minha filha de 9 anos, e ela simplesmente adorou o jogo do início ao fim, nunca tendo tido grandes problemas para fazer o que era necessário, quer na progressão dos níveis, como também nas batalhas contra os bosses.
Split Fiction é sem dúvida um dos grandes jogos do ano, e um dos lançamentos de peso que chegou no dia de lançamento da Nintendo Switch 2. Além disso, consegue mostrar o poder da nova consola da Nintendo, provando que está preparada para todos os jogos lançados nesta geração. É bom lembrar que o jogo chega com o sistema de Friend Pass, permitindo que apenas um dos jogadores tenha de adquirir o jogo para que seja possível jogar em conjunto com um amigo. Esta é outra abordagem que, além de ser rara na indústria, mostra como a Hazelight Studios é verdadeiramente diferente face à concorrência.