Developer: Marvelous
Plataforma: PC, Nintendo Switch, Nintendo Switch 2
Data de Lançamento: 27 de agosto de 2025
Se existe uma franquia que, ao longo dos anos, tem conquistado cada vez mais fãs, é a Story of Seasons. É sempre um dos jogos mais desejados por quem procura uma excelente experiência de simulação agrícola, simples mas envolvente, que mistura a vida rural com histórias que giram em torno de uma comunidade. Ao mesmo tempo, coloca-nos no papel de protagonistas que devolvem vida e interesse a esse local. A base do jogo mantém-se praticamente inalterada ao longo das várias entradas, mas continua a funcionar na perfeição, oferecendo conforto e diversão sem pressões,e permitindo apenas desfrutar das inúmeras atividades disponíveis.
Em Story of Seasons: Grand Bazaar, assumimos mais uma vez o papel de um agricultor pronto para cuidar de uma quinta abandonada. Desta vez, não existe qualquer ligação familiar, nem uma quinta desfeita – como em outros títulos da série. Somos apenas nós, recém-chegados à pequena Zephyr Town, prontos para começar a trabalhar na quinta que, em tempos, foi um pilar da economia local graças ao seu outrora famoso bazar. Esta vila, situada numa montanha, foi em tempos um epicentro comercial, mas, embora o bazar ainda exista, caiu praticamente no esquecimento.
Logo no início, criamos a nossa personagem, escolhendo tipo de cabelo, formato do rosto, cor dos olhos, tom de pele e cor do cabelo. Podemos combinar estes elementos livremente e, apenas no final, definir o género do protagonista.
Ao chegarmos, rapidamente percebemos que a vila deposita em nós a esperança de devolver ao bazar a sua glória. O presidente da câmara, Felix, é o primeiro a manifestar essa confiança, acreditando que seremos capazes de tornar a quinta rentável, produzir bens de qualidade e crescer como vendedores. Nos primeiros momentos – e sempre que surge algo novo – somos guiados por um tutorial simples e objetivo, que ensina as mecânicas essenciais. Como já é habitual, recebemos as primeiras ferramentas (balde, regador, enxada, etc.) e sementes como oferta.
A nossa missão é clara: através de muito trabalho, devolver o brilho a toda a região, revitalizando a economia local, reconstruindo áreas abandonadas e transformando a vila num lugar harmonioso. A quinta voltará a ter excelentes colheitas e criação de animais, e, ao ajudarmos os habitantes, poderemos desenvolver fortes relações, incluindo os habituais relacionamentos amorosos já bem conhecidos na série.
Para quem já jogou títulos anteriores, este mantém as bases familiares: cultivar uma vasta variedade de culturas que mudam consoante as estações e cuidar de diferentes animais. As estações continuam a ter um papel fundamental, influenciando não só o tipo de produtos disponíveis, mas também afetando diretamente o valor de venda. Uma novidade interessante é o sistema de tendências: em certos períodos, determinados produtos são mais requisitados, aumentando o seu preço. É possível aproveitar isso para maximizar lucros.
A agricultura é, sem dúvida, um dos pontos fortes. Entre frutas, legumes, flores e árvores, existem mais de 100 tipos de sementes, algumas das quais continuam a produzir durante toda a estação, sem necessidade de voltar a plantar.
Embora haja locais para explorar e várias atividades disponíveis, o jogo acaba por seguir uma rotina típica: acordar, cuidar dos animais (recolhendo ovos, leite e outros produtos), verificar as plantações e regá-las caso não chova. Os animais requerem atenção diária: garantir que têm comida, acarinhá-los para aumentar a satisfação, escová-los quando possível e deixá-los pastar no prado. Antes do anoitecer, é importante levá-los de volta ao estábulo.
Todas as ações consomem energia, e quando esta se esgota, a personagem desmaia e acorda no dia seguinte. Para evitar isso, podemos descansar e avançar o dia ou alimentar-nos para recuperar energia. A comida pode ser consumida tal como é colhida, comprada na cidade ou confecionada na cozinha.
A culinária mantém-se como um elemento essencial da série. Começamos por conhecer pratos simples, mas rapidamente aprendemos mais receitas. Podemos obtê-las ao comprar refeições no café (o que desbloqueia automaticamente a receita), ou encontrá-las espalhadas pelas casas da vila, em móveis, armários ou estantes – por isso, convém estar sempre atento.

Os pratos podem servir tanto para consumo próprio como para venda. Quanto mais elaborados, maior o seu valor e o ganho de energia que proporcionam. Uma novidade são os bónus especiais que certos pratos oferecem: gastar menos stamina, aumentar a amizade com NPCs, melhorar o humor dos animais, aumentar a durabilidade da cana de pesca, entre outros. Muitos destes bónus têm níveis, aumentando o efeito conforme sobem.
E já que falamos de pesca, vale destacar que o sistema é simples, o que funciona muito bem neste género de jogo. Basicamente, basta acertar com o analógico nas direções indicadas no ecrã, dentro de um tempo limite representado por uma barra que vai descendo. Cumprindo todos os movimentos a tempo, pescamos o peixe. Para conseguir exemplares melhores, é necessário usar iscas e melhorar a cana de pesca.
Falando em melhorias, Zephyr Town conta com três moinhos, todos inativos no início. Cabe-nos cumprir os requisitos pedidos pelo construtor – ter certos materiais ou ajudá-lo – para os restaurar. Estes moinhos permitem, além de aprimorar ferramentas, produzir itens como madeira tratada, sementes, fertilizantes, perfumes, queijo, manteiga, maionese, ramos de flores, entre muitos outros.
São, portanto, verdadeiras máquinas de fabrico, muito mais versáteis do que simples moinhos de grãos. O processo leva tempo e existe um limite para o número de itens produzidos em simultâneo, pelo que é essencial colocar todos a funcionar o quanto antes. Claro que, para criar ou melhorar qualquer item, são necessários materiais específicos, e alguns serão difíceis de obter no início. Além disso, cada moinho produz coisas diferentes, assim, com cada moinho a funcionar, novos produtos teremos à nossa disposição.
O bazar é um dos pontos mais fortes do jogo. Todos os sábados, tem lugar esse evento, e é nessa altura que devemos ter tudo pronto para iniciar as vendas. Embora seja possível vender noutros locais, poucos jogadores o farão, já que, para o bazar aumentar o seu alcance e reconhecimento, é necessário alcançar um volume de vendas elevado e melhorar a nossa tenda.
O sistema do bazar funciona por níveis, que sobem consoante o valor total das vendas e a qualidade da tenda. Ao atingir os patamares exigidos, o bazar evolui, desbloqueando novos desafios, sempre com as vendas e o nível da tenda como objetivos principais.

Podemos vender de tudo: colheitas, pratos cozinhados, minerais ou produtos criados nos moinhos. É importante avaliar se compensa cozinhar ou transformar certos itens, pois há casos em que o produto fresco vale mais do que o processado. Além disso, o bazar também serve para comprar sementes raras, roupas, melhorias para a tenda e outros itens úteis.
Outra novidade interessante é a possibilidade de usar um planador. Para isso, o jogo introduz a mecânica do vento, no canto superior direito, é possível ver a direção em que este sopra, sendo essa a melhor para planar. A ideia é curiosa, mas pouco aproveitada, pois o mapa não é muito extenso e raramente compensa andar constantemente a planar. O grande uso do planador é alcançar locais que seriam inacessíveis de outra forma, desde que o vento esteja favorável.
Uma mecânica inovadora é a presença de cinco pequenos seres chamados Nature Sprites – Ivy, Finley, Honey, Webby e Penny – que apenas o protagonista consegue ver. Estão espalhados pelo mapa e cada um está associado a um tipo de recurso: Ivy recebe rochas, madeira e vegetação; Finley aceita peixes; Honey recebe mel; Webby quer cogumelos; e Penny aceita insetos e outras criaturas. Ao oferecer-lhes esses itens, melhoramos a qualidade dos recursos que apanhamos no futuro.
A progressão com cada Nature Sprite é visível numa barra que aumenta à medida que lhes damos materiais. É uma forma inteligente de incentivar os jogadores a gerir recursos, prolongando a longevidade do jogo. Além disso, eles têm uma pequena loja no bazar, onde não usamos dinheiro, mas sim Happy Energy, energia obtida ao realizar tarefas ligadas à natureza, como regar, plantar, apanhar flores ou pescar.
Para além da rotina agrícola, há também os habituais pedidos dos aldeões: encontrar objetos perdidos, cozinhar pratos, entregar materiais ou ferramentas. Cumprir estas tarefas melhora o relacionamento com os NPCs e garante recompensas variadas, desde comida a materiais.
A vertente social continua rica, permitindo desenvolver amizades e até formar uma família. É possível casar e ter filhos, o que acrescenta mais objetivos à experiência. Ao longo do ano, há ainda festivais, eventos e concursos que reforçam o espírito comunitário e oferecem prémios.

Como se percebe, há muito conteúdo. A melhor forma de aproveitar o jogo é sem pressas, jogando no próprio ritmo e desfrutando das tarefas diárias. Sendo um título de progressão lenta, é preciso dar tempo ao tempo e fazer tudo com calma.
No entanto, há alguns pontos negativos. Um deles é a gestão do inventário, visto que ao contrário do que acontece noutros jogos de simulação e survival, os itens guardados no armazém não são reconhecidos automaticamente quando queremos fabricar algo, cozinhar ou completar missões. É sempre necessário ir buscá-los manualmente, o que se torna frustrante à medida que o jogo avança, especialmente quando precisamos de transportar muitos materiais.
Outro ponto fraco é a ausência de língua portuguesa. Sendo um jogo que poderia atrair muitas crianças, tal como aconteceu com Stardew Valley, a falta de tradução torna-o menos acessível para os mais novos. É uma falha que continua a limitar o seu alcance junto deste público.
Visualmente, Grand Bazaar eleva a fasquia da série, com gráficos que captam na perfeição a serenidade das paisagens de montanha e o charme acolhedor da vila. Desde os detalhes do bazar até às atividades diárias, tudo foi desenhado para transmitir aconchego. Os festivais, concursos e colecionismo (como insetos, chá, flores ou peixes) dão cor à rotina e reforçam a sensação de vivermos numa pequena comunidade rural.
A banda sonora e o design artístico completam a atmosfera relaxante, convidando a longas sessões de jogo. As vozes presentes em algumas cenas principais, embora simples, contribuem para aumentar a imersão.
Story of Seasons: Grand Bazaar é muito mais do que um simulador agrícola. É um convite a jogar sem pressa, a desfrutar de mecânicas clássicas misturadas com novidades, e a sentir o ritmo de uma vida tranquila no campo. Um jogo que todos os fãs da série irão adorar, com novas funcionalidades, um mapa ligeiramente maior que nos títulos anteriores e, acima de tudo, a essência que sempre fez a comunidade apaixonar-se por ele.



