Developer: Uppercut Games
Plataforma: Xbox One, Xbox Series, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC
Data de Lançamento: 10 de março de 2022
Submerged: Hidden Depths é mais uma das surpresas que este ano de 2022 nos trouxe. Um jogo desenvolvido pela Uppercut Games, um estúdio australiano que já nos tinha presenteado com Submerged, o primeiro capítulo desta aventura de dois irmãos à procura de respostas.
Ao contrário do primeiro, lançado em 2015, Submerged: Hidden Depths é muito mais memorável e é notório o salto gigantesco de qualidade gráfica que demonstra, no entanto, eu diria que ter a noção do que aconteceu no primeiro jogo é parte fundamental para perceber de onde começamos esta sequela.
O jogo fundamenta-se na história de dois irmãos que foram escorraçados da sua tribo e deixados à deriva num mundo totalmente engolido pelos oceanos, onde apenas os arranha-céus mais altos estão acima do nível da água. Tal e qual como aconteceu no primeiro jogo vamos ter de escalar e explorar estas enormes torres de forma a desvendarmos os segredos do passado dos irmãos e da própria cidade que estamos a explorar. Existe uma espécie de praga “tecnológica” que se está a apoderar da Terra e nós seremos encarregues de ajudar a Mãe Natureza a tomar controlo novamente da situação. Existe uma ligação particular entre Mika e a Terra, elemento que vos deixarei compreender na vossa jornada pelo jogo.
Tudo em Submerged: Hidden Depths é feito com a maior das tranquilidades. Ao contrário de outros jogos, não existe um perigo imediato, não existem inimigos, adversários ou criaturas a complicarem-nos a vida e como tal, não existem mecânicas de combate. Aqui apenas existem mecânicas de plataformas, portanto de movimentação, como trepar, escalar, saltar ou pendurar, assim como, mecânicas em termos de puzzles, o tradicional “pega aqui, coloca ali” dos vários quebra cabeças com que nos vamos deparar.
O jogo começa com os irmãos na sua pequena casa flutuante à procura de respostas nas edificações circundantes. Para nos movimentarmos temos um barco que o nosso irmão comanda agilmente através das nossas mãos e é através dele que vamos percorrer o mar.
Durante a pesquisa em alto mar vamos poder recolher informação sobre as criaturas que percorrem livremente as paisagens, encontrar relíquias do passado, encontrar pontos de observação para reconhecermos o mapa do jogo e chegar aos pontos chave onde se encontram esferas misteriosas que estavam a conduzir os elementos tecnológicos de outros tempos e que dão vida à Mãe Natureza. Portanto já estão a perceber o esquema do jogo, desbravar o mapa, encontrar os edifícios onde estão alocadas essas esferas, tirá-las do seu depósito maléfico e devolver à Terra.
É nesses edifícios que vamos encontrar os maiores quebra cabeças, quer sejam de ambiente ou de lógica, o que teremos que fazer é encontrar uma forma de chegar à tal esfera. Teremos que ativar pontes, algumas das quais puxá-las com o nosso barco, ativar mecanismos, usar bolsas de transporte com mecanismos de cordas para transportar a esfera, escalar e trepar.
Tudo na maior das tranquilidades, até porque não se morre no jogo e também não existe uma tecla para saltar ou trepar ou escalar, tudo é feito apenas movimentando o analógico na direção certa para a nossa personagem executar o movimento adequado.
Pelo caminho vamos encontrando algumas pinturas que contam a história dos irmãos e deste misterioso mundo em que nos vemos envolvidos e essa será uma das motivações para varrermos o mapa de ponta a ponta e cada canto de cada edificação à procura de respostas.
Agora o que distingue a sequela do original, a sua apresentação. O salto na qualidade gráfica é do dia para a noite, as expressões dos dois irmãos conseguem mostrar as suas emoções sem que uma única palavra seja dita o que nos deixa mais apegados a estas duas pessoas digitais e investidos nos seus problemas e experiências, as animações e movimentos suaves e realistas tanto na água como nos irmãos mantêm-nos emersos neste mundo virtual.
Aliás a qualidade gráfica foi algo que nos atraiu desde o primeiro momento em que vimos o jogo, pormenores como a textura da água e da sua movimentação, a forma como a natureza responde à nossa presença, mutando-se perante a nossa passagem, especialmente se carregarmos uma esfera, é incrivelmente bonito.
Existe muito este factor de contrastes no jogo. Os edifícios, as pontes, a componente mais industrial remanescente muito escura, cinzenta e degradante contrasta com as cores que a natureza e os seres vivos nos trazem, claramente dando-nos a sensação de que temos que curar o nosso mundo, mensagem aliás que me parece premente em cada momento do jogo.
E quanto mais exploramos o mapa, muitas vezes com a ajuda do telescópio que nos mostra novas localizações, mais gostamos do ambiente em que estamos e mais queremos o explorar. O jogo consegue nos emaranhar nessa vontade constante de descobrir mais sobre esta perigosa matéria que se está a tentar apodera do planeta, saber mais sobre a história dos irmãos Taru e Mika e visitar novos locais, ver a sua beleza e compreender a sua própria história.
Andar de barco, vaguear pelos mares sempre teve um efeito relaxante em mim e o jogo consegue trazer sempre isso ao de cima, com a beleza gráfica que nos propõe e com a banda sonora a embalar os sentidos.
Por isso Submerged: Hidden Depths acaba por ser uma belíssima surpresa neste ano de 2022, dizendo claramente que não é preciso estar em guerra ou em combate com outros para se fazer um bom jogo, ter uma boa história e ser aprazível. E nestes tempos é essa paz que procuramos e que acabamos por encontrar aqui, neste jogo.