Developer: Pillow Castle Games
Plataforma: Xbox One, PlayStation 4, Nintendo Switch e PC
Data de Lançamento: 3 Julho de 2020

Se há um exemplo de como nos videojogos, o caminho da criatividade ainda tem muito para nos surpreender, dificilmente encontraremos um caso que confirme tanto essa tese como Superliminal.

Um jogo alicerçado em puzzles, do estúdio independente Pillow Castle Games, e que fez a sua primeira aparição em 2019, no PC, conquistando logo um bom número de jogadores pela sua proposta original, bizarra, mas absolutamente brilhante.

Chegando agora às consolas, tenta alargar esta viagem quase psicadélica a todos, com um conjunto de ideias e de desígnios completamente únicos. São várias as inspirações que compõem Superliminal, seja a partir de outros videojogos, como de movimentos artísticos que revolucionaram o início do século passado.

Se quisermos identificar os seus semelhantes, diria que existe muito de Portal e de Monument Valley em Superliminal. O primeiro influenciando através de algumas mecânicas e da organização do próprio jogo, e o segundo porque empresta da arte o seu próprio conceito de espaço para existir.

Não há uma história propriamente dita. É mais um contexto que serve para que o jogo possa decorrer. Estamos literalmente a viver um sonho, numa terapia do sono conduzida pelo Dr. Glenn Pierce, um psiquiatra que nos vai guiando pelas diferentes fases desta experiência onírica. Como devem deduzir, cada fase corresponde a um nível, e cada nível é superado resolvendo um quebra-cabeças.

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Essa é a estrutura base de todo o jogo, e nada haveria aqui de especial não fosse o modo como os puzzles são solucionados. Em Superliminal nem tudo é o que parece, e a percepção da realidade é o verdadeiro desafio, já que podemos manipular o tamanho dos objectos da maneira que nos for mais conveniente, sendo neste particular que se distancia para qualquer outra coisa já tenhamos visto. Porque se no início pode não parecer muito, à medida que vamos progredindo percebemos como esse pequeno pormenor abre todo um mundo de possibilidades.

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Se a realidade é aquilo que vemos, Superliminal contraria precisamente esse argumento. Na verdade, diria mesmo que seria o jogo preferido de artistas como Dali, Margritte e Escher, alguns dos grandes impulsionadores do surrealismo – a ideia base por trás de tudo.

Começamos por ampliar e diminuir o tamanho de objectos nos quais podemos pegar e colocar onde desejarmos. Parece simples. Porém, os quebra-cabeças rapidamente se complicam, exigindo um raciocínio mais complexo e fora da caixa. Como é um jogo cujo ponto de vista é essencial para a resolução dos puzzles, até o ângulo poderá ditar a diferença de como vemos – ou não conseguimos ver – o que está mesmo à frente do nosso nariz. De um momento para o outro, já estamos a entrar dentro desses mesmos objectos, ou a criá-los através de determinadas perspectivas.

Olhando para os diferentes níveis, todas as variantes que neles encontramos simbolizam o processo de mudança pelo qual o protagonista vai passando. A descoberta das respostas, assim como a constituição de cada puzzle, representam a evolução e o crescimento da personagem, que, no fundo, é o objectivo da terapia. Superliminal procura transmitir a mensagem de que tudo é relativo e depende fundamentalmente do cenário em questão.

Além do concepção artística que está verdadeiramente fantástica, graficamente, apesar de chegar pela mão de um estúdio independente, está ainda assim muito bem elaborado e com um óptimo aspecto. A acompanhar está uma tranquila banda sonora de um jazz tocado em piano, que deixa o jogador constantemente relaxado. O estilo de música perfeito para que possamos raciocinar em busca de uma solução que nem sempre é evidente.

É dos jogos mais originais que foram criados nos últimos tempos. Ideal para quem se quer somente sentar, jogar e distrair-se. O level design e o engenho na criação dos quebra-cabeças fazem deste título uma obra realmente genial e obrigatório para quem gosta de puzzles; onde a relação que tem com o surrealismo acrescenta-lhe profundidade e faz de Superliminal uma experiência que simplesmente não tem paralelo.

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Nuno Mendes
Completamente obcecado por tudo o que tenha a ver com futebol, é daqueles indesejados que passa mais tempo a editar as tácticas do PES do que a jogar propriamente. Pensa que é artista, mas não conhece as cores primárias, e para piorar, é ligeiramente daltónico. Recusa-se a acreditar que o homem foi à Lua.
analise-superliminal<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Um conceito de puzzles verdadeiramente original</li> <li style="text-align: justify;">Visualmente muito interessante</li></ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Por vezes é pouco prática a forma como se aumenta ou diminui o tamanho dos objectos</li><ul>