Developer: Odd Bug Studio
Plataforma: Xbox Series S|X, PlayStation 5, Nintendo Switch e PC
Data de Lançamento: 28 de janeiro de 2025

Quando entramos no universo deste Tails of Iron 2 há duas coisas aos quais o ligamos: A Guerra dos Tronos e The Witcher. Cada um por uma razão específica, a série da HBO que durou anos a fio, trouxe-nos uma nova perspectiva sobre a frase “winter is coming”, e aqui essa vibe também está muito presente, com a história a decorrer nas Terras do Norte, com o Rei a ser derrubado por uma força demoníaca e o seu filho a tentar reunir as gentes do Norte para juntos combater o mal; e depois The Witcher, não só pelo humor refinado, mas principalmente pelo jogo ser totalmente narrado por Doug Cockle, a voz de Geralt nos videojogos do The Witcher.

Estas poderiam ser quase as únicas razões para jogarmos Tails of Iron 2, especialmente para aqueles que já tiveram o prazer de jogar o primeiro do estúdio Odd Bug Studio, mas há muito mais para gostar.

Os Senhores do Norte julgavam que sabiam tudo até à Guerra da Fenda. Enquanto os Senhores do Sul viviam no quentinho das suas terras e dos seus lares, os Asas Negras começaram a expandir-se matando toda a vida no norte até chegarem ao último bastião da região, Winter´s Edge. Numa batalha épica, os Asas Negras foram vencidos e esquecidos, ao ponto dos habitantes julgarem ser um mito, até ao dia em que no Monte Caldeirão ergue-se um novo e aterrorizante ser que quer vingança, e acaba por tê-la.

Como dizia ainda há pouco, jogamos na pele de Arlo, um jovem rato, sim, aqui as personagens são todas animais, o herdeiro do Guardião das Terras Ermas, que foi enviado pelo Rei Rattus para ser criado como se fosse seu filho. E assim foi, até na tentativa de salvar o seu “pai”. Arlo quase que morre, e o jovem Príncipe Bastardo, mesmo não sabendo que corre nas suas veias o sangre nobre, vê Winter’s Edge a ser devastado e o seu povo dizimado. Arlo decide reconstruí-lo e ir à caça daqueles que mataram o seu pai e devastaram o reino do Norte.

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A jornada leva-nos pelas vastas terras do Norte enquanto unimos os clãs deste reino antropomórfico, recuperamos a nossa fortaleza em Winter’s Edge e tornamos-nos uma lenda. Mas para isso, temos que dominar a arte do combate.

O combate em si é um jogo de equilíbrio entre ataques, bloqueios, esquivas e contra-ataques. O tempo de reação é essencial: executar uma sequência precisa de golpes pode acabar rapidamente com a energia do inimigo. Usar armadilhas estrategicamente para surpreender adversários também é uma tática eficaz. Saber o momento certo para recuperar a vida pode ser um fator decisivo para a vitória. Alternar entre ataques leves e pesados, combinados com o uso de feitiços, adiciona uma camada estratégica ao confronto.

Um aspecto a considerar é o impacto do peso do equipamento na movimentação do personagem. Cada peça de armadura e cada arma possui um peso específico, o que influencia diretamente a agilidade. Encontrar o equilíbrio ideal entre defesa e mobilidade é essencial para manter a eficiência em combate. Além disso, as animações de ataque não podem ser interrompidas após serem iniciadas, tornando fundamental o uso preciso dos golpes no momento certo. Para os fãs de jogos no estilo soulslike, essa mecânica será bastante familiar.

A dificuldade padrão do jogo pode ser um verdadeiro teste de habilidade, por isso, é importante não desmotivarem na curva de aprendizagem. Para aqueles que acharem o desafio excessivo, há sempre a opção de mudar para a dificuldade Fairy Tale (Modo História), que ainda oferece combates intensos, mas com uma experiência mais acessível.

Um recurso extremamente útil é o bestiário, que fornece informações valiosas sobre os inimigos encontrados ao longo da jornada. Nele, é possível conferir os pontos fortes e fracos de cada criatura, bem como os itens que podem ser obtidos ao derrotá-las. Estudar esses dados com atenção pode ser um fator decisivo para virar o jogo a seu favor.

A preparação certa pode poupar inúmeras tentativas frustradas contra chefes mais desafiadores. Dessa forma, dedicar tempo à análise dos inimigos e adaptar a estratégia de acordo com suas fraquezas é um investimento que certamente trará bons resultados. Cada batalha exige planeamento cuidadoso e incentiva o jogador a explorar o seu arsenal em busca da melhor ferramenta para cada situação. Por exemplo, utilizar ataques de gelo contra os Asas Negras quase sempre resultará numa penalização, reduzindo drasticamente o dano infligido e prolongando o combate. Isso, por sua vez, aumenta as probabilidades de erro e pode facilmente levar à derrota, reforçando a necessidade de compreender e explorar as fraquezas dos inimigos de forma inteligente.

Uma das grandes novidades no combate, para além das armadilhas que já referi, é as magias que Arlo pode usar. Basicamente estamos a falar de poder divinos que nos são entregues por divindades ao longo da nossa jornada, dando-nos acesso aos poderosos feitiços “Elementa” de fogo, veneno, gelo e eletricidade. Para os carregarmos vamos ter que desferir golpes certeiros nos nossos inimigos para os podermos usar, mas vão ganhando mais poder com alguns locais que podemos visitar para os tornar mais fortes. Esta nova mecânica, aliada ao factor de podermos usar armas e armaduras para prevenir os efeitos contrários e aumentar os danos dos nossos feitiços, acaba por dar uma boa dose de diversidade e de criar mini-builds para a nossa personagem.

À medida que se avança na jornada, surge a possibilidade de reconstruir algumas das estruturas da terra natal. Esses edifícios desempenham um papel fundamental, permitindo fabricar armas e armaduras, melhorar permanentemente atributos por meio de pratos meticulosamente preparados ou até adquirir itens em lojas. Investir na construção dessas instalações é um fator-chave para fortalecer o personagem e enfrentar desafios mais exigentes. Coletar recursos pelo caminho e saquear inimigos derrotados são práticas essenciais para expandir o arsenal com armas, armadilhas e armaduras que oferecem as melhores chances de sobrevivência contra adversários poderosos.

A personalização do equipamento é vasta, permitindo ajustes nas estatísticas e resistência a diferentes elementos, conforme a escolha do jogador. Além disso, novas habilidades mágicas são desbloqueadas ao longo da aventura, colocando à disposição feitiços de trovão, veneno, fogo e gelo. Esses ataques especiais podem fazer toda a diferença em combate, especialmente contra chefes, onde cada vantagem conta.

Uma mecânica que pode levar algum tempo para se tornar intuitiva para alguns jogadores é o sistema de save manual. Este recurso é essencial para garantir o progresso, já que esquecer de o fazer pode resultar em perdas frustrantes. Felizmente, há pontos de salvamento distribuídos de forma generosa, tornando a adaptação uma questão de hábito. Quem já está familiarizado com o primeiro jogo terá uma vantagem nesse sentido, pois já está habituado com essa abordagem.

A ambientação segue com um estilo desenhado à mão, criando um mundo detalhado e vivo. O jogo consegue passar uma sensação de frio e desolação, com cenários cobertos de neve, castelos destruídos e florestas congeladas.Destaque para as animações fluidas e detalhadas, especialmente nos ataques e esquivas e as cores frias e sombras, reforçando o tom melancólico do jogo. Em termos de desempenho, o jogo roda suavemente sem quedas de FPS significativas.

Destacar ainda a aposta mais virada para um metroidvania, que, ao contrário do primeiro jogo, funciona de uma forma interconectada, sendo também o mapa de cada zona muito maior. Como um bom metroidvania, temos área que são desbloqueáveis apenas com o uso de determinada arma, com uma chave, ou através de uma missão específica. Há também alguns atalhos e segredos por descobrir, especialmente uma armadura misteriosa, fica a dica. As missões secundárias, muitas deles envolvem NPC’s, onde temos que encontrar um objecto e entregá-lo, ou, às vezes salvar algum familiar. Para além disso há ainda missões específicas de Bosses, de Infestações e outros bichos menores que temos que derrotar para conseguir deles algum item em particular.

Tails of Iron 2 – Whiskers of Winter é maior e melhor em tudo em relação ao primeiro jogo. A história pode ser bastante semelhante apenas com figuras diferentes, mas é sempre um jogo especial. Quer seja pela sua arte muito própria, quer seja pela mescla de mecânicas por entre um soulslike e os metroidvanias, a proposta da Odd Bug Studio é muito sólida, desafiante, mas também mais acessível através dos níveis de dificuldade ajustáveis. É daqueles jogos indies que é obrigatório.

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Pedro Moreira Dias
Fundador do Site - Salão de Jogos, o Commodore Amiga 500 foi o seu melhor amigo durante décadas e ainda hoje sabe de cor a equipa principal do Benfica do Sensible Soccer 94/95. Nos tempos vagos ainda edita as botas dos jogadores do FIFA e do PES.
analise-tails-of-iron-2-whiskers-of-winter<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Graficamente cria um identidade própria e diferenciada</li> <li style="text-align: justify;">As mecânicas simples mas exigentes</li> <li style="text-align: justify;">As opções para criar builds e a estratégia envolvente</li> <li style="text-align: justify;">A narração de Doug Cockle</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Por vezes, alguns objectivos e missões parecer ser para "encher"</li> </ul>