Developer: Ultimate Games, TopCog
Plataformas: Xbox Series X|S, Xbox One
Data de Lançamento: 7 de Janeiro de 2025

A primeira vez que joguei Tap Wizard 2 fiquei cerca de duas horas e meia pregado ao ecrã sem dar conta disso, só para ver o que dava cada ronda de jogo. Já vos vou explicar o conceito e como é que o jogo se processa, mas o meu sentimento no final dessa primeira sessão foi de que “estive a jogar isto demasiado tempo seguido sem me aperceber”. E na verdade, para aquilo que o jogo vale, foi tempo a mais, mas a TopCog sabe como viciar os jogadores e dar aquela sensação de que vamos jogar só mais um bocadinho. Isto vem de mecânicas usadas no primeiro jogo da franquia que nasceu para ser jogado no telemóvel com toques no ecrã e com resposta imediata ao que queremos fazer. Como teve algum sucesso, e já depois deste segundo jogo estar no PC, a Ultimate Games ajudou a fazer a migração para as consolas, neste caso para a Xbox.

É nesta passagem de um ecrã touch de um smartphone ou mesmo de um rato no PC para um comando na consola que Tap Wizard 2 apresenta a maior parte dos seus problemas, desde logo pelo seu conceito base. Basicamente este é um jogo em que o nosso personagem, um mago, se vai movimentando, sozinho ou com a nossa ajuda, enquanto derrota vagas de inimigos, por rondas até morrer. A cada morte, ele volta mais forte e demora menos tempo a bater os adversários, a lembrar jogos rogue-lite. Nós ficamos encarregues de ir adicionando todo o tipo de poderes ao mesmo tempo que a ação das rondas vai acontecendo. Seja através da magia, seja por intermédio de ataques de longo alcance, de ter mais vida, de dar maior dano ou até de elementos que nos tornem mais rápidos por alguns segundos, o que interessa é aguentar o maior tempo possível vivo e quanto mais tempo passarmos, maior será o número de ronda que alcançamos.

Na verdade, o jogo lembra Brotato ou Vampire Survivors, mas não usa a mesma mecânica, infelizmente. Enquanto nestes dois basta “andar” nos botões direcionais a fugir dos inimigos, ao mesmo tempo que os poderes que apanhamos atuam automaticamente, aqui estamos do lado também da gestão das magias que vamos usando. Praticamente usamos os dois D-Pads, um para darmos orientações de movimentação ao mago e outro para navegar em menus e ir escolhendo o que vamos usar. Este menu é em certa medida o melhor e o pior do jogo. Do lado bom, existem imensos itens, combinações e submenus e para o caso de não gostarmos da sua disposição, podemos ir mudando. Do lado mau, estas interfaces ocupam grande espaço no ecrã e muitas vezes nem estamos a ver as rondas, ficamos apenas a escolher o que usar e quando damos por nós, já morremos mais uma vez.

Os itens que usamos, por exemplo os ataques, tem um sistema de evolução individual e para subir esse nível é preciso esperar algum tempo ou gastar alguns pontos de experiência do próprio jogo. Quanto mais evoluídos estivermos, mais aguentamos em cena e se no início sobrevivemos durante poucas vagas, as coisas vão mudando com o tempo. Felizmente em Tap Wizard 2 quando ficamos mais fortes já começamos de uma run mais avançada, em vez de recomeçar nas primeiras rondas para sempre.

Estes itens jogam também com probabilidades, sejam elas de dar mais dano a um certo tipo de inimigo durante x tempo ou mudar a nossa sorte para que apareça um ou outro item mais valioso para o nosso mago. A velocidade ajuda-nos também nesta luta e podemos usar uma bola transportadora ou até um tapete voador a lembrar o Aladdin, para nos movimentarmos mais rápido. Existe ainda um item que apesar de melhorar o mago, nos obriga a fazer um certo tipo de sacrifício, que normalmente é recomeçar da primeira run de jogo novamente. Um duro golpe, mas que depois pode fazer a diferença na hora de derrotar a vaga número 14, por exemplo. O chamado dar um passo atrás para dar dois à frente.

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O jogo usa o pixel art em todos os momentos e o cenário de cada vaga é composta pelo nosso mago e também por montes de inimigos que nos querem derrotar. Podemos ver os efeitos visuais dos poderes que usamos e sentir a diferença entre adversários comuns e os mais difíceis de bater. No início nem parece, mas depois os elementos tornam-se repetitivos e muito idênticos. Também os níveis de Tap Wizard 2 acabam por ser muito iguais, o que é uma pena porque podia dar maior variedade ao jogo. Isto tudo associado ao número elevado de mortes que temos de enfrentar a cada cinco minutos acabou por me fartar um pouco, falhando assim o objetivo inicial de “viciar” os jogadores a jogar “mais um bocadinho”. 

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Outro factor que tenho de falar é da história do jogo. Embora não nos digam nada de mão beijada, podemos ir encontrando memorandos à medida que completamos as rondas. Não é que fiquemos boquiabertos com o que vamos ler, mas achei interessante o método, deixando muitas vezes algumas situações em aberto, incentivando-me a jogar mais uma ou outra run.

Apesar de me parecer uma proposta tentadora e daquelas que pode ser jogada perfeitamente no telefone, durante uma viagem de metro, esta passagem para a Xbox não acompanha todo esse potencial que o jogo podia ter. Talvez muito pelas suas características base, a adaptação para o comando torna aquilo que é rápido nos telefones, um processo lento, capaz de significar o fim de uma sessão de jogo bem mais rápido do que aquilo que desejamos. Fica a ideia que o jogo deu um salto maior que a perna e acreditou em algo que não funciona nada bem quando se joga com comandos. 

Tap Wizard 2 pode até agarrar-nos em sessões de jogo longas, fazendo passar as horas sem darmos conta, mas tem alguns problemas quando jogamos com um comando. O ciclo: jogar, melhorar e morrer; jogar, melhorar e morrer… acaba por se tornar repetitivo e longo demais para sermos recompensados por isso. Fãs de Vampire Survivors ou Brutato, têm aqui uma alternativa para desenjoar desses dois grandes títulos sem que percam a vontade de voltar para lá, usando este apenas para sair de uma rotina que pode já estar cansada.

REVER GERAL
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Élio Salsinha
Aprendeu a jogar ao Pedra, Papel, Tesoura com o Alex Kidd e a contar até 100 com o Sonic. Substituiu a Liga da Malásia pela Liga Portuguesa no Fifa 98 e percebeu que havia jogos melhores que filmes com o Metal Gear Solid.
analise-tap-wizard-2<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Deixa-nos agarrados</li> <li style="text-align: justify;">Uma quantidade enorme de magias/poderes/itens para usar em combate</li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Adaptação para jogar com comando ficou aquém das expectativas</li> <li style="text-align: justify;">Torna-se secante o ciclo de: jogar, melhorar e morrer</li> <li style="text-align: justify;">Menu muitas vezes a ofuscar a ação</li> </ul>