Developer: Massive Studio
Plataforma: Xbox Series S|X, PlayStation 5 e PC
Data de Lançamento: 27 de Maio de 2025
Devo confessar que tive que ir aos nossos registos para me lembrar quando tinha lançado a análise do DLC anterior do The Division 2. Mais de 5 anos depois de Warlords of New York, rumamos novamente a Brooklyn, mítica cidade do primeiro jogo que agora levou um revamp. E comecei por falar do tempo que separa estes dois aDLC’s, porque o factor tempo, o tempo que levou a ser feito, o tempo que demora a terminar são factores importantes a ter em conta durante esta análise.
Para mim, que apesar de não estar sempre de roda do The Division 2, posso dizer que já estoirei mais de 1000 horas no jogo, devo confessar que foi bom rever a cidade de Brooklynn e a sua ponte, agora sem estar coberta de neve, mas sim pelas folhas do outono. Por isso mesmo, a cidade tem um tom diferente, um tom mais vibrante e nostálgico até, mas onde tudo parece diferente apesar de ter sido reconstruído baseado no original. Esta mistura funciona particularmente bem, porque temos duas novas zonas para explorar, Dumbo e Brooklyn Heights, com várias ruas para explorar, mas também com muitos edifícios, esgotos, um museu, uma fábrica e um museu para desbravar.
Devo dizer que, até comparativamente com o Warlords of New York que tinha 4 distritos, este DLC, pareceu-me oferecer uma maior diversidade em termos de level design, com uma maior oferta de desafios e pequenos puzzles interactivos, para além dos Bosses mais difíceis que defrontei pela estrutura do mapa ser muito mais reduzida e pela estratégia que tem que ser implementada, especialmente a jogar sozinho. E já que falei de jogar sozinho, dizer que, para aqueles que partilham conta na Xbox, não julguem que vão conseguir jogar com o vosso amigo só porque compraram o DLC, o vosso amigo também o terá que fazer, algo que não acontecia com Warlords of New York e que, ao que parece, também não acontece na PlayStation.
Deixando isso de lado, vamos ao que interessa e mergulhar neste regresso a Brooklyn. a Massive Studio tem sofrido muito ao longos dos anos com aquilo que tem sido definido para o futuro da franquia. Não podemos esquecer que Resurgence para o mobile continua em testes fechados e que Heartland acabou por desaparecer do mapa depois de anunciado.
Portanto, e apesar de The Division 3 já estar em desenvolvimento, os jogadores estavam encalhados numa rotação de temporadas e anos, com muito pouco fundamento em termos de história. A salvação, provavelmente já vinda da decisão de reestruturação da franquia, veio com updates significativos à vida do jogo, como a introdução do Descent, que para quem não sabe, é um modo rogue-lite gratuito para até quatro jogadores, onde começam sem nenhum dos equipamentos, vantagens ou especializações disponíveis no jogo principal, e são desbloqueados através da progressão; jogar no modo também permitirá que os jogadores mergulhem mais fundo nos segredos do Black Tusk, The Division e muito mais.
Apesar de este ser bastante mais recente, a verdade é que juntando-se ao Summit, aquele modo de jogo onde vamos entrar num prédio de 100 andares onde cada um deles é um desafio, que foi lançado em 2020, até aos dias de hoje tivemos mais 1 Raid, uma Incursão e um Coutdown que nos foram alimentando em termos de desafios e de loot. Mas agora, e depois do adiamento de quase 3 meses, finalmente temos novas zonas, novo mapa, novas missões e uma história nova e fresca, que não precisa de estar intimamente fomentada com tudo o que se passou anteriormente, mas que traz caras conhecidas.Uma delas é Theo Parnell, um Rogue Agent da Primeira Onda, aliado de Aaron Keener, curiosamente os dois agora do lado dos “bons da fita”, a outra é a Doutora Jessica Kandel que continua a tentar salvar vidas em Brooklyn.
Após os eventos de Warlords of New York, Brooklyn mergulha no caos. O agente renegado conhecido como “Phantom” assume o controle do bairro, liderando uma insurgência brutal. Phantom é apresentado como um estratega invisível. Ao contrário de vilões anteriores como Keener, que eram mais teatrais, Phantom age nas sombras, manipulando facções (como os Cleaners e os Revenants) para cumprir um plano maior. Há uma aura constante de “insegurança” — os agentes da SHD não estão apenas a combater inimigos, estão a tentar decifrar uma mente militar superior. Os Cleaners, esses, estão de regresso mas com uma nova arma devastadora: a “Purple Flame“, uma substância corrosiva que reduz permanentemente a armadura máxima dos agentes, exigindo estratégias mais cautelosas e táticas.
O DLC oferece entre 6 a 10 horas de campanha, dividida por missões principais como interceptar um comboio subterrâneo carregado de tecnologia SHD desviada, libertar um posto avançado tomado por antigos colegas da Divisão agora renegados ou um assalto vertical a um arranha-céus fortificado, onde se combate andar a andar. Nota-se que a equipa foi retirar inspirações a alguns dos modos e da verticalidade que tem apresentado nos últimos tempos, algo que resultou muito bem na campanha. Em alguns momentos sentimo-nos calustrofóbicos e existe uma tensão no ar, com ambientes escuros e perigos a cada esquina, algo que encaixou na perfeição com as duas facções com maior destaque neste DLC, os Cleaners e os Black Tusk.
O design urbano de Brooklyn também ajuda muito nesse “feeling”, especialmente de noite, com o level design a ser mais denso e vertical que Washington. Os combates agora acontecem em ruas estreitas com emboscadas por cima e por baixo, em estações de metro em ruínas e inundadas ou em rooftops com snipers posicionados a longa distância. O mapa também introduz zonas com tempo dinâmico e efeitos climáticos extremos, como tempestades elétricas, que afetam a visibilidade e a eficácia de certas habilidades.
É curioso, mas para os jogadores, como eu, de há largos anos, esta mudança tão simples nas missões de mundo aberto dão logo uma dinâmica diferente na abordagem, não só estratégica, mas de também de posicionamentos perante as estruturas e a forma de abordar os objectivos. Isso, aliado aos novos modificadores que também os adversários receberam, e dos quais já falo mais à frente, mas também às turretas que estão agora posicionadas nos Pontos de Controle e que nos farão companhia também nas várias missões, acabam por ser uma lufada de ar fresco em toda a jogabilidade.
Falando em Modificadores, vamos então detalhar as novidades neste campo, visto que são a grande alteração na jogabilidade. Os inimigos agora podem apresentar até quatro modificadores distintos, cada um exigindo abordagens táticas específicas:
Stamina Mark
Inimigos com o marcador Stamina Mark exibem um ícone azul acima da cabeça. Estes adversários possuem resistência elevada, tornando-se difíceis de eliminar com ataques convencionais.
Estratégia Recomendada:
Utilizar armas com alto dano por disparo, como rifles de precisão, para penetrar a defesa robusta desses inimigos.
Habilidades que ignoram armadura ou causam dano direto à saúde são eficazes.
Evitar confrontos prolongados; eliminar rapidamente para minimizar o risco.
Electronics Mark
O marcador Electronics Mark é representado por um ícone amarelo. Inimigos com este modificador têm capacidades tecnológicas aprimoradas, podendo desativar ou interferir nas habilidades dos agentes.
Estratégia Recomendada:
Prioritizar a eliminação desses inimigos para restaurar a funcionalidade das suas habilidades.
Manter a distância para reduzir o impacto das interferências tecnológicas.
Considerar o uso de armas com efeitos de status para neutralizá-los temporariamente.
Healing Mark
Inimigos com o Healing Mark apresentam um ícone verde. Eles têm a capacidade de curar a si mesmos e aos aliados próximos, prolongando os combates.
Estratégia Recomendada:
Focar em eliminar esses inimigos primeiro para impedir que prolonguem a luta.
Utilizar habilidades de interrupção para impedir que realizem curas.
Armas com dano em área podem ser eficazes para atingir tanto o curandeiro quanto os aliados próximos.
Já da nossa parte, temos também novos modificadores para nos adaptarmos às mudanças também efectuadas nos inimigos. Assim sendo temos:
Modificadores Ativos
Os modificadores ativos oferecem benefícios temporários poderosos, consumindo o teu score de atributos acumulado.São ideais para momentos críticos em combate e funcionam tanto em modos solo quanto em cooperação.
Exemplos de Modificadores Ativos:
Broken Link: Congela os atributos no estado atual e duplica os efeitos dos modificadores passivos por um período limitado.
Target-Rich Environment: Marca três inimigos próximos; ao eliminá-los em 15 segundos, obténs um multiplicador de score x2. Após esse período, os atributos são congelados e os bônus passivos são quadruplicados por 25 segundos.
Assault Link: Define o atributo Firearms para o Nível 5 durante a duração do modificador. Aliados próximos recebem um bônus de Firearms ao ser ativado. O jogador ganha +5% de dano de arma por cada núcleo não vermelho equipado.
Security Link: Define o atributo Stamina para o Nível 5 durante a duração do modificador. Aliados próximos recebem um bônus de Stamina ao ser ativado. O jogador ganha +60.000 de armadura máxima adicional por cada núcleo não azul equipado.
Tech Link: Define o atributo Electronics para o Nível 5 durante a duração do modificador. Aliados próximos recebem um bônus de Electronics ao ser ativado. O jogador ganha +10% de eficiência de habilidade por cada núcleo não amarelo equipado.
Estes modificadores são desbloqueados conforme completas missões específicas da temporada e podem ser ativados estrategicamente durante o combate para maximizar a eficácia da tua build.
Modificadores Passivos
Os modificadores passivos são bônus permanentes que se ativam quando atinges certos níveis nos atributos Firearms, Stamina e Electronics. Eles incentivam a criação de builds equilibradas e adaptadas ao teu estilo de jogo.
Exemplos de Modificadores Passivos:
Loaded Up: Enquanto estiveres no Nível Máximo de Firearms, 25% da tua Chance de Acerto Crítico é convertida em Dano Crítico.
Extra Padding: Ganha 5% de Proteção contra Elites por cada núcleo azul enquanto estiveres no Nível Máximo de Stamina.
Hands-on: Enquanto estiveres no Nível Máximo de Electronics, 50% do bônus de Aceleração de Habilidade atual é adicionado como bônus de Dano de Habilidade.
Multitasker: Ao alcançar o Nível 5 em todos os atributos, recebes +7,5% de Dano de Arma, um aumento de 85.000 na Armadura Máxima e +1 Nível de Habilidade.
Estes modificadores são desbloqueados ao completares missões sazonais e podem ser combinados para criar builds altamente especializadas.
Sistema de Atributos e Níveis
O sistema de modificadores está diretamente ligado aos teus atributos: Firearms, Stamina e Electronics. Cada atributo possui cinco níveis, determinados pelo teu equipamento e ações em combate. Atingir níveis mais altos desbloqueia modificadores mais poderosos.
Por exemplo, ao atingir o Nível 5 em Firearms, desbloqueias o efeito de Tier 5, que inclui recarregamento completo de munição, incluindo munição de arma de assinatura.
Em termos de jogabilidade, falta-nos apenas referir o regresso da habilidade Smart Cover, que muitos jogadores recordarão do primeiro Division.
A Smart Cover é uma habilidade que permite aos jogadores reforçar uma cobertura, proporcionando benefícios adicionais a si mesmos e aos aliados próximos. Ao ser ativada, ela projeta um dispositivo que adere a superfícies, criando uma área de efeito onde os agentes recebem bónus específicos, dependendo da variante utilizada.
A habilidade possui duas variantes distintas, cada uma adaptada a diferentes estilos de jogo:
Fortified Smart Cover (Defensiva)
Focada em aumentar a resistência e sobrevivência dos agentes.
Bônus de Armadura: +50% (base), aumentando com o nível de habilidade.
Resistência a Explosivos: +5% (base), aumentando com o nível de habilidade.
Resistência a Pulsos: +5% (base), aumentando com o nível de habilidade.
Raio de Efeito: 8 metros (base), aumentando com o nível de habilidade.
Duração: 30 segundos.
Tempo de Recarga: 45 segundos.
Precision Smart Cover (Ofensiva)
Projetada para aprimorar as capacidades ofensivas dos agentes.
Manuseio de Arma: +15% (base), aumentando com o nível de habilidade.
Dano a Alvos Fora de Cobertura: +5% (base), aumentando com o nível de habilidade.
Raio de Efeito: 5 metros (base), aumentando com o nível de habilidade.
Duração: 30 segundos.
Tempo de Recarga: 45 segundos.
Por fim, destacar ainda a nova exótica deste DLC, e sim, só temos uma exótica e, ainda por cima, não é uma arma. Devo confessar que neste campo fiquei desanimado, não que por esta altura não tenhamos já uma carrada de armas exóticas, mas porque poderia existir algo que nos motivasse a repetir toda a nossa jornada. Sendo assim temos apenas a Máscara: The Catalyst, projetada para jogadores que utilizam efeitos de status e procuram maximizar o dano em combates intensos.
Talentos da Máscara:
Catalysis: Acumula até 12 stacks ao causar ou receber efeitos de status (como Queimadura, Sangramento, Choque, EMP/Disrupt, Veneno e Cegueira/Desorientação). Cada stack concede:
+2% de dano de arma
+2% de eficácia de efeitos de status
Reactant: Ao atingir o máximo de stacks, eliminar um inimigo afetado por status concede por 5 segundos:
+25% de armadura bónus
+20% de velocidade de recarga
Stabilizer: Enquanto estiver em chamas, permite manter a mira (ADS) sem interrupções
Uma última nota para o regresso da caçada aos Hunters. Um dos pontos mais interessantes deste The Division 2, volta com mais 8 máscaras para recolher depois de confrontos épicos com os Hunters que a carregam, mas não sem antes penar para decifrar todos os segredos para os apanhar. Essa caçada é um dos pontos altos deste DLC, em que a comunidade se junta para unir os pontos de todas as pistas e alcançar um objectivo comum que, para além das tais máscaras, é também recolher as suas chaves que permite desbloquear a arma Huntsman Assault Rifle, equipada com o talento exclusivo Perfect Frenzy.
The Division 2: Battle for Brooklyn DLC acaba por ser uma lufada de ar fresco. Talvez não tudo aquilo que queríamos e desejávamos, porque demorou demasiado tempo a chegar e porque o jogo em termos de narrativa anda a arrastar-se já há algum tempo, mas as novas localizações, o regressar a Brooklyn, a variedade apresentada no level design e até nas estratégias que temos de implementar para os novos inimigos e a sua relação com cada espaço, dá-nos um fulgor para aquilo que a Massive Studio ainda pode dar à franquia. Com o arranque da nova Temporada Crossroads, começamos a ver que a equipa de desenvolvimento quer mesmo começar a dar respostas a tantas questões que foram ficando no ar ao longo dos últimos anos, começando por Schaefer a acordar do seu coma e os planos de Sokolova a serem revelados. Se o caminho for fechar o ciclo para preparar o terreno para o The Division 3, o jogo pode estar relançado, vai tudo depender, novamente, do tempo que vão demorar a apresentar a continuação. E o tempo vai determinar se estas 6 a 10 horas de conteúdo, fora o que está planeado para o Ano 7 do jogo, chega ou não para nos sacear até lá, ou desesperar e abandonar o jogo, mais uma vez.