Developer: Tomas Sala
Plataforma: Xbox One, Xbox Series X|S e PC
Data de Lançamento: 14 de novembro de 2020
É bem lá do alto dos céus em cima de um autêntico pássaro de guerra que surge The Falconeer, um jogo totalmente desenvolvido por Tomas Sala, conhecido por criar os seus próprios mundos e que em tempos foi um dos fundadores da Little Chicken Game Company. Conhecido por fazer jogos visualmente apelativos bastante peculiares, desta vez chega com mais uma história original a que chamou The Great Ursee.
Para explicar o jogo, basicamente assumimos o papel de soldados lendários que aparentemente guardam alguns segredos e que viajam em cima de pássaros gigantes que se assemelham a Falcões. O nosso papel é controlá-los e viajar entre várias ilhas para completar as missões que nos pedem. Há segredos por todo o lado, quer nas ilhas isoladas, pelo meio das viagens, quer tesouros espalhados pelos mares que vamos ter de sobrevoar.
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A história de The Falconeer permite-nos ter acesso a grande parte do jogo logo no início. Somos nós que escolhemos o capítulo que queremos jogar e assim decidir a forma como nos vão contar a narrativa. A experiência depende de cada pessoa, eu decidi começar pelo início, mas não tem mal ir logo para o 3º capítulo e depois fazer o primeiro. São tempos diferentes e só muda a nossa maneira de saber primeiro uma coisa, ou guardar para depois. A história, apesar de interessante, acaba por ser muito confusa a determinada altura porque com tantas trocas e baldrocas perde-se facilmente o fio à meada.
Quanto às missões, há várias em cada uma das zonas. Há as principais, as secundárias e ainda outras que vamos apanhando pelo caminho enquanto voamos livremente, que a bem dizer também são opcionais e que nos ajudam a ganhar recursos para poder desenvolver o nosso equipamento para o soldado e para o pássaro. É bom para conseguir comprar armas melhores e poções que nos dão alguma vida em momentos de relativa aflição. Por exemplo, escolher uma arma que dispara mais rapidamente pode ser decisiva nas batalhas que vamos ter.
O formato das missões difere um pouco, mas não tanto como estava à espera. Há piratas para derrubar e ficar com o que é deles, há objetos valiosos para transportar de um lado para o outro sem que nada nos faça perder o norte e territórios para conquistar. Não passa muito disto: escolher a missão, ouvir uma espécie de comandante, fazer os objetivos e voltar à base. O jogo passa muito por voar de um certo ponto para outro e pelo meio apanhar autênticas trocas de tiros que lembram jogos de guerra de aviões. Digo isto porque quando voamos em cima destes pássaros de guerra é como se estivéssemos a pilotar um veículo aéreo e não um animal. The Falconeer é único no seu conceito, mas puxa as bases de outros jogos de aviões, nos quais podemos disparar ou fazer uma ou outra acrobacia, como é o caso aqui.
Apesar de simples, a sua aprendizagem é bastante complexa nas primeiras horas. Devo dizer que só ao fim de umas duas horas consegui controlar melhor o Falcão enquanto disparava para os inimigos. Repeti algumas missões vezes sem conta até perceber bem como tinha de agir e nem sempre atacar, mas às vezes resguardar-me enquanto o resto da minha equipa fazia o trabalho de os eliminar. Isto porque muitas vezes não estamos sós, mas sim escudados por um ou outro soldado que voa sempre perto de nós. As batalhas são do melhor que o jogo oferece. Assisti a um autêntico fogo de artifício em cada tiroteio e uma luta desafiante de controlo e precisão para conseguir acertar nos alvos. Os controlos com os analógicos, entre direção e a mira de pontaria funcionam de forma independente e virar para a esquerda não significa que a mira siga essa mesma lógica. Há todo um jogo de coordenação entre manípulos que achei bastante desafiante.
A parte que achei mais divertida foi mesmo a de poder voar livremente sobre as águas e passar por diferentes níveis do mar, por tempestades que nos ajudam a recuperar alguma energia, por zonas controladas por inimigos e encontrar tesouros perdidos. As técnicas de voo não são complicadas, além de uma manobra quando estamos a virar, o grande trunfo está em ganhar balanço quando nos inclinamos para a água e descemos rápido para encher uma barra que nos permite depois ter energia para bater as asas e voar mais rápido até essa barra acabar. Em luta é que este processo fica menos fluído porque para ganhar este turbo, digamos assim, temos de andar a subir e a descer constantemente o que por vezes empana a velocidade dos combates.
Na minha experiência na Xbox One, as imagens e toda a envolvência que o jogo tem são de rara beleza, mas acredito que se torne ainda mais belo com a possibilidade de jogar na Xbox Series X a 4K. Para guardar grandes momentos o jogo vem com um Photo Mode que como já é hábito permite brincar, e bem, para conseguir um cenário perfeito de jogo e guardar uma imagem única para a prosperidade. A banda sonora também encaixa na perfeição o que ajuda e muito a ficar agarrado algum tempo a este jogo que para terminar leva cerca de dez a doze horas, dependendo da nossa perícia.
The Falconeer mostra o trabalho e a dedicação que Tomas Sala teve para dar aos jogadores uma experiência nova. Consegue esse legado no reino da criatividade e da beleza estética, mas voa demasiado baixo na diversidade de conteúdo que nos oferece. Mesmo assim este é daqueles jogos que todos devem, a seu tempo e sem pressa, experimentar, nem que seja para desfrutar de um belo voo com imagens bonitas enquanto se ouve uma banda sonora que nos faz esquecer tudo o resto à nossa volta.