Developer: Naughty Dog
Plataforma: PC
Data de Lançamento: 29 de março de 2023
A Naughty Dog é um dos estúdios de renome da PlayStation, conhecido por produzir jogos de qualidade superior. No entanto, é difícil entender a razão por trás do lançamento deste remake. Embora possamos perceber que isso possa ter sido motivado pelo hype gerado pela série da HBO, o jogo fica numa posição difícil, pois como disse na análise para a PlayStation 5, fica numa linha ténue entre o que é um remake e um remastered. Além disso, o lançamento do jogo para PC deixou a desejar no que diz respeito à optimização, apresentando diversos glitches gráficos.
Desde sempre fiquei com a sensação de que algumas alterações deveriam ter sido feitas relativamente ao original. Na verdade, a própria Naughty Dog confirmou a minha opinião com o lançamento da série televisiva, ao ter realizado algumas mudanças na verdadeira história de The Last of Us Part I. Embora não tenham sido alterações profundas — pelo menos no que se refere ao desfecho final – algumas foram positivas, como o nascimento da Ellie, ou a história de Frank e Bill, que foi alterada na série, sendo até o maior episódio de toda a série.
Para quem jogou o jogo original, a remasterização e o remake para a PS5, e agora o jogo no lançamento para PC, fica a sensação de que se trata simplesmente de uma tentativa de ter um jogo com gráficos de nova geração para vender mais algumas unidades, aproveitando a grande expectativa em torno do lançamento da série televisiva. Nesse sentido, como jogador, sinto merecermos mais e melhor, especialmente aqueles que sempre foram fãs da franquia.
Com isto, estou muito longe de dizer que está um mau jogo, muito pelo contrário, The Last of Us, seja o remake ou mesmo o remastered, são jogos incríveis que todos os jogadores devem experimentar pelo menos uma vez na vida. Felizmente, com o lançamento para PC, todos têm a oportunidade de jogá-lo.
Como mencionei anteriormente, The Last of Us Part I é exatamente igual ao jogo original em termos de locais visitados, história, personagens, inimigos e diálogos entre personagens. Não houve mudanças no mundo, nem aumento do mapa, nem novos locais ou inimigos. Para colocar de forma simples, é como se o jogo original tivesse sido aprimorado em todos os aspectos, incluindo gráficos de alta qualidade, detalhes adicionais que tornam o jogo mais vivo, entre outras melhorias.
Para aqueles que só agora chegam a esta franquia, encontrarão uma história incrível, imersiva e emocionante. O prólogo é especialmente impactante, pois rapidamente percebemos que estamos diante de um jogo que vos tocará profundamente e que não hesita em mostrar uma das realidades mais duras encontradas num jogo. Em todos os capítulos seguintes, enfrentamos uma verdadeira luta pela sobrevivência num mundo totalmente destruído por um vírus que transforma as pessoas em monstros destrutivos. E se apenas viram a série televisiva, acreditem que aqui são bem mais violentos.
Para todos aqueles que nunca jogaram, nem conseguiram ainda ver a série, então fiquem a saber que o protagonista é maioritariamente Joel, que tem a tarefa de levar uma rapariga de 14 anos, Ellie, até um local específico. Uma missão que não deveria ser muito difícil, mas tudo corre mal quando quem deveria estar à espera de Ellie está morto no local, deixando a responsabilidade a Joel de levá-la até ao seu destino final. Ellie é no início da história como se fosse uma mercadoria, já que é a única pessoa no mundo que é imune ao vírus, e daí a sua importância crucial para a sobrevivência da humanidade. No entanto, diria que esta última parte é a que menos interessa durante grande parte do jogo, já que a beleza do jogo reside na forma como estes dois personagens vão-se conhecendo, oferecendo-se um ao outro, até parecerendo pai e filha em algumas ocasiões.
The Last of Us é sem dúvida um jogo que mexe com as emoções dos jogadores, e a cada diálogo e cutscene consegue deixar uma mensagem forte. Seja por Joel mostrar uma postura dura em situações perigosas ou por revelar um lado mais sensível, mesmo sendo um personagem que já passou por muitas dificuldades na vida, ele ocasionalmente deixa cair a sua capa protetora e mostra a sua verdadeira personalidade.
Deixando então a história de lado, o início do jogo no PC é um pouco decepcionante, e passo a explicar, ao iniciar o jogo para PC, após instalarem os respetivos 75 GB, os jogadores iniciam o jogo animados, e no menu inicial vão deparar-se com uma pequena mensagem no canto inferior direito do ecrã – “A construir shaders: X%” – sendo que o X representa a percentagem concluída dessa construção. Para quem não sabe, shaders são os efeitos de todas as partículas que encontramos no jogo, seja efeitos de luz, sombras, entre outras coisas, simplificando, são efeitos visuais.
Considerando que a construção dos shaders é realizada em background, muitos jogadores aventuram-se a iniciar o jogo, mas recebem imediatamente uma notificação informando que devem aguardar a conclusão da construção dos shaders antes de iniciar o jogo para obter a melhor experiência. O problema é que esse processo muitas vezes demora bastante, para terem noção, no nosso caso, foi cerca de 1 hora 20 minutos, o que devo confessar que achei uma espera absurda.
Após a conclusão da construção dos shaders, finalmente mergulhamos no mundo de The Last of Us Part I, e devo dizer que é magnífico. Os gráficos são impressionantes e apresentam uma qualidade extraordinária. Apesar de não ser um mundo aberto e ser bastante linear, é incrivelmente vivo, com detalhes que chamam a atenção de qualquer jogador, pormenores extremamente bem executados e que mostram que foi dada uma atenção especial neste aspecto.
Durante o jogo, os jogadores vão percorrer vários cenários e zonas que apresentam uma qualidade incrível. O ambiente e a vegetação são bem trabalhados e realistas, enquanto as zonas escuras são reformuladas de forma a causar alguma ansiedade no jogador. Além disso, as personagens são extremamente bem detalhadas, com roupas que se movem de forma realista em conjunto com a movimentação dos personagens. Os reflexos, brilhos e sombras são apenas algumas das muitas pequenas coisas que, juntas, elevam a qualidade do jogo a um nível acima da média. The Last of Us Part I consegue mostrar todo esse esplendor gráfico de forma impressionante.
O jogo chega ao PC com uma resolução de 4K e a opção de ecrãs widescreen até 32:9, o que é exclusivo para PC, já que a PlayStation 5 não suporta esta opção. Além disso, o framerate está desbloqueado e há suporte para as tecnologias AMD FSR 2.2 e NVIDIA DLSS. O jogo conta também com as habituais opções de VSync e diversas opções gráficas para ajustar o desempenho do jogo na nossa máquina, como a sombra, reflexos e qualidade gráfica, entre outras.
Infelizmente, o jogo chegou com alguns problemas. Vários jogadores relataram glitches, embora felizmente eu não tenha encontrado nada semelhante aos muitos vídeos que circulam nas redes sociais, que mostram problemas realmente absurdos e graves. O maior problema que encontrei foi em relação à performance do jogo em alguns momentos. Embora a maior parte do tempo tenha conseguido jogar com framerates bastante elevados, houve momentos em que, sem grande motivo aparente, ocorreram quebras absurdas, que depois voltavam ao normal.
Quanto à jogabilidade, agora existem diversas opções disponíveis, como teclado e rato, ou qualquer tipo de comando. No entanto, se tiverem um DualSense, terão acesso a todas as funcionalidades especiais que o jogo oferece. Embora o rato ajude bastante no momento de disparar, a imersão aumenta consideravelmente com um DualSense na mão. Adicionalmente, é possível alterar todo o mapeamento do comando utilizado, ou até mesmo intercalar comando e teclado, para terem tudo ainda mais à mão.
No caso do DualSense, é possível ajustar a sensibilidade das vibrações do comando em determinados momentos. Com os sensores de movimento, é possível ligar a lanterna quando esta falha e sentir a pressão do arco em flecha nos gatilhos hápticos. Algo interessante é a sensação de vibração diferenciada conforme a emoção das personagens durante as conversas. Escrito pode parecer estranho, mas depois de experimentar, oferece uma sensação muito interessante.
Em relação ao áudio, The Last of Us Part I apresenta uma variedade de opções para personalização, como a configuração do número de colunas, o que pode fazer toda a diferença na experiência do jogador. Aliado ao suporte de áudio 3D, é possível identificar de onde vêm os inimigos, escutar o movimento das folhas, o som do vidro a partir, ou o vento a passar, além de outras coisas. Em resumo, o áudio foi produzido de maneira a tornar a imersão do jogador e a experiência ainda mais intensa.
Para evitar ser repetitivo em relação a outros aspectos do jogo, que já abordei na análise da versão da PlayStation 5, recomendo darem uma vista de olhos na análise para obter ainda mais detalhes. Segue o link abaixo:
Análise: The Last of Us Part I (PS5)
The Last of Us Part I é, sem dúvida, uma excelente adição ao catálogo de jogos para PC, proporcionando aos jogadores a oportunidade de experimentar um dos melhores jogos de sempre da PlayStation. Embora tenha chegado com alguns problemas, é expetável que a Naughty Dog os corrija brevemente. Para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de jogá-lo, não devem perder esta oportunidade.