Developer: Nintendo
Plataforma: Nintendo Switch 2
Data de Lançamento: 5 de junho de 2025

Existem poucos jogos que tiveram a capacidade de ser tão unânimes no que toca à sua qualidade como The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Confesso que, para mim, este é o marco mais importante de toda a série. E embora perceba que muitos fãs considerem Ocarina of Time aquele que trouxe a mudança mais significativa, por marcar a transição do 2D para o 3D. Mas o conceito que Breath of the Wild trouxe para os jogos de mundo aberto — transformando-os para sempre — é algo que poucos conseguiram alcançar. Posso também adicionar outros dois (e seria injusto se não o fizesse) que também contribuíram para essa nova visão: The Witcher 3 e Red Dead Redemption 2.

Uma coisa é certa — e aqui não há dúvidas — nunca foi tão satisfatório explorar Hyrule como em 2017, aquando do lançamento original para a Wii U e para a Nintendo Switch. Descobrimos um reino como nunca antes o tínhamos visto, e o impacto da exploração foi tão grande que cada jogador passou a ter a sua própria história para contar. Cada um seguiu caminhos distintos, viveu experiências únicas, alcançou os mesmos objectivos por métodos diferentes, tornando a aventura de cada um diferente e única. O impacto foi tal que o jogo acabou por ser reconhecido como o melhor do ano — algo que se confirmaria no final de 2017.

Passados estes anos, e com o lançamento da Nintendo Switch 2, o regresso de Breath of the Wild era praticamente inevitável. Com uma consola mais potente e novas tecnologias, o lançamento de uma versão melhorada parecia escrito nas estrelas. Como a nova consola é retrocompatível, a Nintendo optou — e bem — por disponibilizar uma actualização paga para quem já tinha o jogo, e uma versão actualizada para quem nunca o jogou. Importa sublinhar que esta versão melhora vários aspectos técnicos e gráficos, mas não introduz alterações na jogabilidade ou na narrativa.

Antes de falarmos desta actualização, vale a pena recordar a história do jogo — seja para quem quer relembrar os acontecimentos, seja para quem vai entrar nesta aventura pela primeira vez. Tudo começa com uma voz feminina (a Princesa Zelda) a acordar Link, que se encontra a dormir dentro de uma câmara, completamente submerso num líquido. Rapidamente percebemos que esteve naquele estado durante cem anos e que perdeu todas as memórias do passado. Hyrule está completamente devastada, consequência da destruição causada por Calamity Ganon.

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Link terá então a missão de derrotar Ganon e salvar a Princesa Zelda, mas para isso precisa de reunir aliados e fortalecer-se fisicamente — tanto em termos de vida como de stamina. É aqui que entra a componente de exploração, e que nos lança num mundo verdadeiramente gigantesco, onde somos nós que decidimos para onde ir. Não há direcções obrigatórias, nem caminhos certos ou errados.

É o oposto de uma narrativa linear, mas isso não significa que faltem objectivos, missões ou segredos para descobrir. Apesar de arrasado, o mundo de Hyrule está cheio de vida, mistérios e desafios. Podemos escalar montanhas, explorar ruínas antigas, resolver os quebra-cabeças das shrines, enfrentar inimigos poderosos, entre tantas outras possibilidades. É impressionante como cada lugar esconde surpresas, cenários que nos deixam fascinados e até decisões que podem influenciar o desenrolar da aventura.

Dito isto, vamos então ao que esta actualização oferece a quem a adquirir — e há, sem dúvida, duas coisas que saltam imediatamente à vista: a parte gráfica e a fluidez. A combinação destas duas componentes tem um impacto real na experiência. O jogo passa agora a correr a 60 frames por segundo (FPS), o que cria uma sensação de suavidade e de resposta muito mais imediata. É algo que se sente logo nos primeiros minutos: a movimentação de Link é mais natural; realizar acções como o parry parece até mais simples; e a própria precisão, por exemplo ao usar o arco, está consideravelmente melhorada.

A isto junta-se o grafismo. Se em muitos jogos temos de escolher entre performance e qualidade visual, aqui conseguimos o melhor dos dois mundos. A resolução nativa aumentou, as texturas estão mais nítidas e os efeitos de iluminação e das sombras receberam melhorias significativas, tornando Hyrule ainda mais interessante de explorar — e ainda mais bonito de contemplar. É quase obrigatório fazer a comparação: pegar na Nintendo Switch original, carregar um save, explorar uma zona durante 5 ou 10 minutos, e depois repetir exactamente o mesmo processo na Nintendo Switch 2. As diferenças saltam à vista — especialmente no brilho da luz solar nos objectos, no movimento da relva e das árvores, nas sombras mais definidas, e até os detalhes adicionais nas personagens, equipamentos e armas. E tudo isto sem alterar o que nos fez apaixonar por Breath of the Wild: o mundo, o grafismo, a exploração e a ambientação.

A melhoria nos tempos de carregamento também merece um destaque, já que foi reduzido de forma bastante notória. Fazer viagens rápidas é agora quase instantâneo, e o mesmo se aplica à entrada nas shrines. Isto tem um impacto muito positivo no ritmo do jogo, tornando toda a experiência mais fluida e sem interrupções desnecessárias.

Apesar de todas estas melhorias técnicas, a base do jogo mantém-se inalterada — e isso, felizmente, é uma boa notícia. Breath of the Wild continua a ser aquela aventura épica de exploração e descoberta, em que cada jogador “escreve” o seu próprio caminho. Para quem vai agora comprar o jogo pela primeira vez, há apenas uma pequena nota menos positiva: esta versão não inclui os DLCs The Master Trials e The Champions’ Ballad. Pelo que será necessário adquiri-los à parte.

Diria que uma das novidades que agradará a muitos jogadores — exclusiva da Nintendo Switch 2 — é a integração com a aplicação móvel da Nintendo. Através dela, têm acesso a uma nova funcionalidade chamada Zelda Notes. Convém desde já referir que, para a utilizarem, é necessário ter uma subscrição activa do serviço Nintendo Switch Online. Esta aplicação funciona como um guia complementar: regista automaticamente o nosso progresso, indica as localizações de praticamente tudo, como dos santuários, dos Korok Seeds, das missões, das vilas e de muitas outras coisas. Além disso, oferece ainda dicas de navegação através de um sistema GPS — com direito a direcção por voz incluída.

Claro que existem jogadores que preferem explorar tudo por por si, sem qualquer tipo de ajuda externa — e nesse caso, podem simplesmente ignorar a aplicação. Mas para quem gostava de completar o jogo e sente que a exploração massiva pode tornar-se frustrante a certo ponto, esta ferramenta é perfeita. Deixa de ser um sacrifício encontrar todos os Korok Seeds ou aqueles locais mais escondidos de Hyrule.

Para além da navegação, a app traz ainda várias funcionalidades adicionais: há um bónus diário, obtido através de uma roleta, que pode oferecer melhorias aleatórias; é possível partilhar itens com amigos através de QR codes; editar imagens e consultar estatísticas detalhadas do nosso save. Existem ainda as Voice Memories da Princesa Zelda — pequenos fragmentos narrativos espalhados por Hyrule, que oferecem contexto e aprofundam a ligação emocional com o mundo do jogo.

Outra novidade — e muito bem-vinda — é a introdução da língua portuguesa no jogo. Embora não se trate de português de Portugal, esta adição representa um passo importante para tornar a experiência mais acessível a todos. Principalmente para aqueles que a barreira linguística era um entrave para a compreensão total da narrativa e dos diálogos.

The Legend of Zelda: Breath of the Wild – Nintendo Switch 2 Edition é obviamente a melhor forma de usufruir do jogo, oito anos depois do seu lançamento original. Está mais fluído, mais bonito e, graças ao Zelda Notes podemos dizer que está bastante mais acessível. Para quem nunca se aventurou por Hyrule, este é o momento ideal. E para os fãs, é quase inevitável não iniciar uma nova aventura, tal como me aconteceu.

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Rui Gonçalves
Desde o tempo do seu Spectrum+2 128k que adora informática. Programador de profissão nunca deixou de lado os jogos, louco por RPGs e jogos de futebol. Adora filmes de acção e de ficção científica, mas depois de ver o Matrix nunca mais foi o mesmo.
analise-the-legend-of-zelda-breath-of-the-wild-nintendo-switch-2-edition<h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #339966;">SIM</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">Jogabilidade incrível</li> <li style="text-align: justify;">Graficamente ganhou uma nova vida</li> <li style="text-align: justify;">Muito mais fluido</li> <li style="text-align: justify;">Zelda Notes é uma excelente adição</li> </li> </ul> <h4 style="text-align: justify;"><strong><span style="color: #ff0000;">NÃO</span></strong></h4> <ul> <li style="text-align: justify;">A versão completa merecia ter os DLCs incluídos</li> </ul>