Developer:Ubisoft Montreal
Plataforma: Xbox Series X|S, PlayStation 5, Xbox One, PlayStation 4, PC
Data de Lançamento: 20 de Janeiro de 2022
Quando se fala em shooters, normalmente associamos a jogos onde o objetivo é disparar contra vagas intermináveis de inimigos que aparecem de todos os lados. São jogos que muitas vezes, mal entramos no mapa, já estamos a levar com tiros, vindos sabe-se lá de onde, nomeadamente se falarmos em jogos PvP.
A oferta de Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction é bem diferente disso. Na maior parte do tempo teremos de ter uma abordagem furtiva nas mais diversas missões. A estratégia e os silenciadores nas nossas armas podem fazer toda a diferença no final de cada missão, mas não só. O jogo tem uma forte componente cooperativa até três jogadores e é mesmo importante trabalhar em equipa, caso contrário, as coisas podem dar para o torto. É claro que se podem aventurar sozinhos, mas, além de ser mais difícil, a piada não é a mesma.
Para perceberem melhor, este Rainbow Six Extraction pode ser considerado um spin-off de Rainbow Six Siege que continua a receber conteúdo por parte da Ubisoft Montreal. Como tal, podem contar com uma equipa de agentes bem conhecidos de outras andanças. Finka, Ela, Doc e Hibana são só alguns dos nomes que vamos encontrar também aqui em Extraction. Há 18 agentes que fazem parte de uma equipa chamada REACT que foi formada para combater, estudar e recolher material de uma praga de parasitas alienígenas que invadiram a Terra.
O objetivo do jogo é então fazer “incursões” com sucesso. É este o nome que o jogo dá a cada missão, na qual encontramos três grandes objetivos para fazer, divididos por três sub-áreas distintas com passagens em salas seguras entre cada fase. Podemos conseguir só fazer um ou dois objetivos e decidir pedir a extração, dependendo do estado em que estamos, seja a nível de vida, balas ou outra razão qualquer. São diversos os objetivos que nos pedem quando partimos para uma incursão. Por exemplo, podemos ter de fazer um resgate na primeira zona, depois na segunda, extrair um inimigo específico para ser estudado no laboratório e numa terceira zona desmantelar ninhos de onde nascem inimigos.
Há uma missão onde teremos de dominar áreas enquanto aguentamos numa certa zona um determinado tempo a derrotar inimigos, outra, é fazer triangulação com 3 ligações que temos de encontrar e ligar o ponto A ao B e ao C, sendo que a partir do momento em que se ativa o primeiro, há pouco tempo para ativar as outras. Por aqui se percebe que se forem três jogadores a jogar bem coordenados, um fica em cada uma e fazem tudo num instante. Estes são só alguns exemplos.
Escusado será dizer que isto nem sempre corre bem. Aliás, muitas das vezes não corre e é complicado fazer os três objetivos da incursão. Às vezes, um agente é abatido e pode ficar lá preso. O que significa isto? Há duas hipóteses. Ou tentam trazê-lo numa máxima de equipa muito falada no jogo em que “ninguém fica para trás”, ou se por acaso lá o deixarem, ou por querer ou por incapacidade, o que é certo é que quando voltarem ao menu, terão uma baixa na equipa. Esse agente fica lá preso até que façamos uma nova incursão de resgate na mesma zona. Isto é extremamente divertido ver por exemplo que numa equipa de agentes, dois estão desaparecidos (presos em alguma zona), outros tantos podem estar inativos, ou seja foram abatidos, mas a equipa trouxe-os para serem tratados e ainda outros sem a capacidade máxima de energia, porque a cada incursão, gasta-se vida e isso demora a recuperar.
Isto leva os jogadores a estarem sempre a mudar de personagem cada vez que partem para uma nova incursão e até a sua evolução é de forma individual, ou seja vamos ter agentes em nível 3 e outros ainda em nível 1 provavelmente. Isto não os torna mais fortes, mas abre novos leques de hipóteses no que toca à evolução do equipamento que podemos levar para a incursão ou da sua própria habilidade especial que cada um tem. Rook consegue fabricar coletes blindados, Sledge tem a sua marreta para atordoar os inimigos e Doc tem um estimulante que pode dar vida à equipa. Há quem consiga ver os alvos através das paredes, conseguir ficar invisível um certo tempo, entre outros “poderes”. As armas também assumem um papel importante, uma vez que se não tiverem agentes com uma arma principal com silenciador, a incursão prevê-se logo mais difícil, ou pelo menos mais barulhenta.
Apesar de termos de evoluir os agentes, a grande maneira de progredir em Rainbow Six Extraction nem é a de cumprir as missões, nem a de ganhar pontos de experiência, mas sim, completar uma data de objetivos em cada cidade que estão divididos em 10 patamares. Um sistema que não fiquei muito fã. No início cumpria as missões, ganhava pontos de experiência, mas depois não subia de patamar porque não fazia esses tais objetivos. Tarefas, às vezes quase básicas como: matar 5 inimigos de um certo tipo, marcá-los sem ser visto e rebentar ninhos são só alguns exemplos. É esse tipo de descobertas que fazemos em cada incursão que vai revelar mais sobre estas espécies parasitas que são um terror em combate.
Este foi o sistema encontrado por Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction para mascarar a necessidade de uma história mais densa. Algo mais palpável e que até podia ser com as várias incursões, mas entre elas, haver algo mais emocional. É que além de umas cutscenes iniciais e na passagem para cada cidade, não há grandes desenvolvimentos. Falta esse lado mais “série” do jogo que se nota ter a influência de um PvP como é Rainbow Six Siege. Ainda assim é de salientar o conteúdo desbloqueável que existe. Além de outros pedaços da história, de novos agentes REACT e das cidades, quando completamos tudo há novos protocolos com missões que mudam semanalmente. Para os jogadores mais batidos, os Maelstrom Protocol levam-nos para incursões de nove zonas. Nove. Escrevi bem. Eu às vezes nem consigo passar a primeira, mas tudo bem. Há sempre malta que se aventura. É claro que isto no final de alguns tempos torna-se mais repetitivo, mas é normal. Para dar uma maior variedade, os mapas que jogamos são dinâmicos e vão mudando as peças de lugar o que faz com que não seja igual jogar duas vezes seguidas na mesma cidade.
Sobre os nossos inimigos posso mencionar alguns dos Arqueanos, o nome que se dá a esta espécie, tais como Batedores, que rebentam, os Tóxicos, que além de rebentar deitam ar verde que provoca dano se estivermos junto deles, os Predadores capazes de andar invisíveis por ali e tantos outros que ora disparam, ora andam pelo chão a infernizar-nos a vida.
Digo-vos que muitas vezes Rainbow Six Extraction coloca dilemas e saliento mais uma vez a importância de ter uma equipa, de preferência que se conheça e reconheça as suas fragilidades. Muitas vezes em situações em que se perde muita vida, o melhor é desistir sem avançar. O facto de desistir pode ser encarado com sabedoria, uma vez que ninguém lá fica “preso” e assim a vossa equipa não perde agentes. Agora é preciso saber negociar estas coisas com os vossos amigos. Até em situações em que estão três e dois caem. Cabe ao último ser herói e salvar estes dois, ou não, depende da sua saúde e da confiança que tem para o fazer. Pode decidir partir sozinho, talvez dependa se estão a jogar com conhecidos ou desconhecidos. Uma coisa é certa, o diálogo é muito importante.
Destaco ainda o trabalho gráfico da equipa da Ubisoft Montreal que já era bom e continua num excelente nível. Os cenários são totalmente destrutíveis e podemos ver papéis a voar ou fatos laboratoriais a desaparecerem se atirarmos nessa direção. Vamos passar por mapas pequenos em Nova Iorque, São Francisco, Alasca e Truth or Consequences, no Novo México. No entanto, parece tudo muito idêntico, tirando o Alasca por causa da neve.
Tom Clancy’s Rainbow Six Extraction marca a diferença pela positiva na quantidade de shooters parecidos que tem chegado ao mercado nos últimos tempos. Com a ideia de incursões furtivas em equipa, o jogo consegue divertir, viciar e fazer com que se volte lá para jogar mais tempo. Faltava uma espécie de campanha com uma história mais bem contada, mas há conteúdo suficiente para não deixar o jogo durante umas boas semanas.