Developer: Hangar 13, 2K Sports
Plataforma: PlayStation 5, Xbox Series X|S, PlayStation 4, Xbox One, PC
Data de Lançamento: 26 de Abril de 2024
Treze anos depois está de regresso Top Spin, uma das franquias que adoro e que me faz regressar até aos meus tempos de PlayStation 3, onde me fartei de jogar o espetacular TopSpin 4. Desde aí, o lançamento de jogos dedicados a este desporto foram escassos e embora AO Tennis e Tennis World Tour tenham tentado a sua sorte, nenhum deles esteve ao nível de uma jogabilidade tão boa como a que tínhamos no jogo da 2K Sports. É por isso este um momento importante, num ano em que também está anunciado Tie Break, da Nacon, as atenções viram-se para TopSpin 2K25, desenvolvido pela Hangar 13 com a responsabilidade de preservar o legado da franquia.
Antes de entrar propriamente na análise aos detalhes, uma das coisas que me intriga é o nome do jogo ser 2K25, quando foi lançado em abril de 2024. A estranheza dá lugar a uma interpretação que pode estar correta ou não, só o tempo o dirá, mas provavelmente estaremos mais uns anos sem um novo TopSpin. Talvez o objetivo seja fazer lançamentos com dois/três anos de intervalo e assim o nome não fica tão datado. Compro esta hipótese, até porque franquias anuais de desporto sem muitas novidades já chateia um bocado.
Entramos então no court de TopSpin 2K25 e a primeira coisa que vos posso dizer é que a fórmula vencedora de outros tempos está cá toda. Com uma jogabilidade bastante familiar, em que cada botão corresponde a um tipo de pancada, o sucesso das mesmas é determinado pelo nosso posicionamento e por outros três fatores: precisão, força e cansaço. O mais importante é talvez o primeiro, que tem uma barra que nos ajuda a perceber se estamos a acertar na bola no tempo certo. Dependendo da maneira como a bola vem e da nossa posição, essa barra sobe até um ponto verde que determina se acertamos na bola na altura certa. O jogo vai dando dicas do género: “muito tarde”, “boa” ou “perfeito”, para irmos sabendo o porquê de uma bola ser lançada com maior, ou menor precisão. Algo que TopSpin 4 já usava, se bem me recordo.
A segunda grande condicionante para uma boa pancada é a força que usamos. Para dar mais potência, basta ficar a carregar num dos botões. Isso implica a variável da compensação vs risco, porque uma boa bola com força, no tempo certo pode facilmente transformar-se em ponto nosso, mas se usarem a máxima força e não acertarem com o tempo certo, o mais provável é a bola ir para fora. O outro grande fator é o cansaço do nosso jogador. Existe uma barra de energia que podemos ver ir descendo à medida que os pontos avançam. Quanto menor ela estiver, mais propício ao erro estará a nossa pancada. Pontos longos são terríveis e contribuem muito para o nosso desgaste que pode ser atenuado com um bom posicionamento e alguns flat shots, nos quais a bola vai mais direita e devagar.
Além deste tipo de pancada podemos usar as pancadas em potência, mais colocadas, em chapéu, caso o nosso adversário esteja mais subido junto à rede, ou ainda o amorti que requer alguma técnica para ser bem feito, tal como acontece na vida real. Outro dos pontos importantes num jogo de ténis é o serviço e também aqui, a técnica é muito similar ao que era. Cada botão tem o seu tipo de serviço, mais em força ou em jeito, mas enquanto carregamos, temos também de o direcionar para onde queremos através do analógico. Não é uma tarefa propriamente fácil no início, mas com a prática lá se vai conseguindo uns aces.
Dentro do campo, TopSpin 2K25 é um jogo muito bonito. Não só por ser viciante e divertido, mas também devido às reações que os jogadores têm em determinados pontos chave. Dei por mim a ter as mesmas reações que eles, a fazer um “oooh”, numa bola que ficou na rede ou a frustrar-me por perder pontos sucessivos por burrice minha, ou desconcentração. Uma das reações que gosto mais é quando eles olham para a bancada, como se estivessem à procura do seu treinador para lhe perguntar mentalmente “Que raio se passa?”. Embora estas animações estejam excelentes, o que notei foi que existem poucas e se jogarem muito tempo seguido, vão acabar por achar repetitivo. O mesmo para a cinemática de entrega de troféus, que é sempre a mesma, quer seja um torneio de menor importância, quer seja um Grand Slam, como o Australian Open.
Outro ponto que faz o jogo ser bonito dentro do court é a iluminação dos campos. Conforme a hora do dia, ou o lado onde jogam, nota-se a diferença do sol e da sombra, parecendo às vezes que estamos noutro campo, quando comparamos com o jogo anterior. É um pormenor delicioso que faz com que pareça que estamos a jogar num campo diferente de jogo para jogo. Os efeitos da rede, os sons que se ouvem do exterior do estádio, ou os próprios sons da bancada embelezam cada encontro deste TopSpin. Por outro lado, e embora as parecenças dos jogadores presentes no jogo estejam bem feitas, deixa a desejar a sua estatura. Parece que os modelos são de outra geração e não foram potencializados para esta. Talvez falte a mão de uma Visual Concepts, responsável por jogos como NBA 2K ou WWE 2K. Era a cereja no topo do bolo.
Por falar em jogadores, falta a TopSpin 2K25 uma lista enorme de atletas que atualmente andam pelos circuitos ATP e WTA. As ausências de Djokovic e Nadal, tentam ser compensadas com a potência mais jovem Alcaraz ou ex-jogadores como Federer. No entanto, como estes já não jogam atualmente, no modo carreira, muitas vezes é Medvedev que lidera o topo dos tenistas. A boa notícia é que na internet há tudo e com uma pesquisa rápida podem ver como criar um jogador parecido com Nadal ou Djokovic, que foi o que eu fiz. No circuito feminino podem contar com Serena Williams, Iga Swiatek, atual número 1 do ranking WTA, Naomi Osaka ou até Maria Sharapova. De notar a ausência de Sabalenka. O catálogo conta ainda com Agassi e Pete Sampras, lendas de outros tempos que marcaram gerações anteriores. No total são 25 jogadores, o que me faz crer que vem aí DLCs com packs de novos jogadores de tempos a tempos. Resta saber se temos que pagar para os ter.
Saímos então do court e vamos até aos modos que este TopSpin tem para oferecer, que não são muitos. Talvez esteja aqui a maior falha de um jogo em que se esperou mais de 13 anos para ver um novo. Pior, é necessário estar ligado à internet para poder desfrutar de alguns modos de jogo, até mesmo do modo carreira. Além disto, podem fazer jogos com os vossos amigos 1vs1 ou 2vs2 em modo local, mas não existe a possibilidade de criar, por exemplo, um torneio com os jogadores que o jogo tem. Online há várias propostas, desde jogar contra amigos, jogos chamados amigáveis, ou competir em torneios com tempo limitado, em que temos de ultrapassar várias fases até poder chegar à final. Apesar de de ter poucas opções para se jogar, principalmente se compararmos com outros jogos desportivos da 2K, destaco então o modo carreira e o modo World Tour online, que partilham algo em comum, o MyPlayer, um jogador que criamos para usá-lo nos dois modos. O melhor disto é que podem evoluir os atributos na carreira que isso reflete-se no online e vice-versa. Podem criar vários jogadores para jogar no circuito ATP ou no WTA. As opções de edição não são tantas como num WWE 2K, mas chegam para as despesas.
O modo carreira é simples, em cada mês temos três eventos que podemos ir, um de treino, um de eventos especiais e um torneio. Os treinos variam de dificuldade em que primeiro precisamos de fazer os de nível mais baixo para desbloquear os outros. Os desafios podem ser os de patrocinadores ou até para ganharmos a possibilidade de comprar ou alugar uma casa em determinada zona do globo, que pode vir a diminuir o cansaço nas viagens. Nestes desafios, normalmente temos de bater determinado jogador para sermos bem sucedidos e cumprir os objetivos. No início teremos de andar pelos torneios 250, que são os menos conceituados, depois vamos subindo no ranking e conforme o nosso estatuto, desbloqueamos os torneios de 500, 1000 e claro os Grand Slams. Pelo meio temos de contratar treinadores e cumprir os objetivos que nos propõem, podemos até ter vários ao mesmo tempo, evoluir os nossos atributos e chegar a número um do ranking. Ainda são umas boas 15-16 horas de jogo para estar perto desse patamar, dependendo claro da dificuldade e do tipo de sets que escolhem. Podem optar por jogos mais curtos ou mais longos. Esta variedade de escolha só beneficia os jogadores.
O modo World Tour online funciona então com torneios temporais em que temos de ir passando eliminatórias. Quando joguei estavam disponíveis dois, Roland Garros e o torneio de Casablanca. Fica a ideia que em cada nova season, vem novos torneios, mas espero que sejam mais que dois ao mesmo tempo, porque pode acabar por se tornar repetitivo. Estas partidas online, com o MyPlayer ainda em níveis baixos, foram deliciosos jogos com pontos longos, a lembrar os bons tempos de Virtua Tennis. Até preferi jogar neste nível do que com os jogadores “reais” noutros modos que acabam por ser jogos mais rápidos e com pontos curtos..
Se este TopSpin não tem assim tantos modos, o que não falta são acessórios de moda para gastar as nossas moedas virtuais. As t-shirts, calções, sacos de transporte, raquetes e muitas outras coisas podem ser adquiridas com as moedas virtuais que vamos ganhando. Não me choca este tipo de microtransações de cosméticos, mas o preço de algumas coisas parece-me absurdo para o que se ganha em alguns torneios importantes.
Antes de terminar esta análise, não posso deixar de falar na preocupação que tenho com as ligações aos servidores. Na primeira vez que liguei TopSpin 2K25 criei um jogador, joguei umas duas horas e desliguei. Quando voltei mais tarde para jogar, nada estava lá. Nem a minha criação, nem o modo carreira, nada, apenas as moedas virtuais que tinha amealhado. Felizmente nunca mais me aconteceu, mas se em alguma sessão de jogo, os servidores estiverem com problemas, nem vale a pena jogar. Também a obrigatoriedade de estar ligado a uma rede para poder jogar o modo carreira parece-me exagerado, até porque com uma data prevista para o encerramento dos servidores no último dia de 2026, fico na dúvida do que é que vai poder ser jogado sem essa ligação. Talvez apenas jogos amigáveis locais ou o modo treino com o ex-tenista John McEnroe, antigo número um mundial do ranking e que tem um tutorial dedicado, no qual podemos aprender as técnicas do jogo na TopSpin Academy.
TopSpin 2K25 é o melhor jogo de ténis que existe no mercado. Dentro do court faz um excelente serviço e vence o match point com a fórmula antiga da franquia, tendo como base uma jogabilidade apetecível, divertida e viciante. O modo carreira é excelente, mas se não contarmos com ele, não há muito mais para fazer. A questão de ter de estar sempre ligado aos servidores também não ajuda, o que faz dele um grande campeão que pode vir a ser desprezado por questões externas. Oxalá não aconteça.